Pânico 6 sai de Woodsboro e vai para Nova York com vontade de se subverter, mesmo que caia na armadilha que a franquia tanto debocha.

 🚨🚨POSSÍVEIS SPOILERS!!🚨🚨

Pânico voltou a ser badalado em 2022, com o quinto filme da franquia sendo uma grata surpresa para todos e dando margem para um novo começo para a franquia que agora pode ser chamada de “sequências-legado” com uma abordagem referencial ambientada nos dias de hoje mas sem deixar a peteca da nostalgia cair. O novo filme de Pânico continua sem deixar a peteca cair, talvez mais a frente, era melhor terem deixado cair.

Samantha Carpenter (Melissa Barrera) e sua irmã Tara (Jenna Ortega) agora vão morar em Nova York com seus amigos os irmãos Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy Brown) um ano após as fatalidades de Woodsboro, mas os fantasmas do passado não muito distante voltam para assombrar a vida das irmãs novamente com um novo assassino Ghostface mais sanguinolento que nunca, mas dessa vez terão a companhia de novos personagens e figuras carimbadas para acabar de uma vez com essa nova matança.

O filme começa extremamente forte, e digo isso com talvez uma opinião um pouco concordante com alguns leitores que forem ver esse filme, pelo fato da abertura ( a mais longa da franquia até o momento) ter o maior plot twist do filme do que seu final revelador, é um pouco inusitado, e creio, até brilhante, intencionalmente? eu lhes pergunto. Vejam que todo filme sempre foi marcada como seria seu tom em sua abertura inicial, como os filmes seguiram, o que eles seriam, o que eles vão contar dessa vez, em Pânico 6 a quebra de subversão no início é bem feita, e te empolga muito, pelo que está por vir no restante do filme. Afinal, a frase proferida pelo ghostface da vez antes de apunhalar a vítima “quem se importa com os filmes?”

E isso sobrepõem o restante do filme inteiro, e aqui penso que o filme seguirá a cartilha ousada que prometeu em seu marketing, bem, talvez o ghostface da vez ser o mais violento e brutal, usando armas de fogo sem problemas algum, sem um modus meio atrapalhado que os antigos filmes tinham ou o obscuro e manipulador do quinto filme, dessa vez andando livremente sem se preocupar em matar na frente de milhares para alcançar seu sua próxima vítima, aliás um ponto positivo para o roteiro que aqui faz da presença de seu vilão ser ameaçadora e em espirito praticamente presente em todas as cenas principalmente pela época em que o filme se passa que claro foi minuciosamente calculada para criarem a atmosfera de perseguição constante do vilão.

Retomando ao que falei no início, ele é ousado até certo ponto, lembram que argumentei que a nostalgia era necessária até certo ponto? psé ela foi, mas aqui parece um pouco mais deslocada, já que o filme segue um problema de ritmo em algumas de suas cenas já que ele não abre mão da metalinguagem, que parece, sem objetivo, o filme tem uma escrita que se leva a sério demais em muitos momentos, até mesmo quebrando um pouco a narrativa sempre satisfatória dos filmes anteriores que nunca levavam suas gags a sério.

Note por exemplo o monólogo ala Randy de Mindy nesse novo filme estabelecendo as novas regras, que o filme até usa, como por exemplo, a volta dos personagens legado, mas depois tudo é uma grande quebra de proveito já que o filme segue ignorando essa metalinguagem, desde as revelações, acontecimentos, quebrando a afirmação, e seguindo a autoreferência iniciada em Pânico 5 e que deve continuar seguindo até Pânico 7. Não fica algo harmônico de se ver, pois a franquia sempre foi lembrada pela metalinguagem e ver ela tão escondida aqui me incomoda um pouco, afinal a franquia sempre foi de quebrar clichês do slasher mas aqui ela cai nos mesmos clichês e não faz sequer uma piada sobre, justamente por levar a situação clichê a sério.

Assim como no filme de 2022, Pânico 2 é a carta do baralho da vez, lembrando da velha história do roteiro vazado, remetendo desde suas motivações até a cenas semelhantes a tal filme, que a auto referência aqui é muito boa, sendo bem encaixada e talvez até mais bem encaixada que o que utilizaram antes, aliás, o final do filme seria tão caricato quanto se não fosse o desenvolvimento de peso de Tara e Sam envolvidas nesse final. Desenvolvimento esse bem trabalhado, Sam antes teve que lidar com conflitos dignos de uma final girl padrão, dessa vez atormentada pelo seu parentesco, que deu gancho para explorar que potencialmente poderia se transformar no mesmo assassino que seu pai já foi. O filme lida de vez com esse arco ao levar a personagem ao extremo, psicologicamente, com todo o ódio recente em sua volta e a desconfiança em torno das pequenas pinceladas dela ser uma futura ghostface, parece ter encontrado um meio rumo no final, pode não agradar muitos, já que pode ter regredido ao que vimos de potencial no final do filme anterior, mas sinceramente, é aceitável, e dou uma saudação pela competência de se trabalhar com isso. Tara tem seu momento de drama forte aqui também, sendo forte e com uma performance sempre boa de Jenna Ortega, lembrando sempre o que tem a nos apresentar.

O retorno da sobrevivente dos vilões de 2011, Kirby Reed (Hayden Panettiere) volta como parte dos personagens legado da vez, dessa vez agente do FBI, funciona muito bem, já que por não estar relacionada ao filme original, e sendo a especialista antiga de filmes e agora uma especialista criminal foi bem encaixado na trama, rendendo até um momento bem divertido com a Mindy. O mesmo não posso dizer da volta da ordinária da Gale (Courteney Cox) que nada mais serve para fanservice mesmo, sendo uma situação bem sintomática do roteiro de tentar inserir a personagem novamente apenas para fazer piadas sobre os famoso socos que leva (fiquei muito preocupado nessa cena que o soco tenha sido real, já que pareceu me que o botox da atriz Courteney havia se deslocado na cena hehe) no fim sua participação poderia resumir a apenas alguns acenos, já que o filme sem a protagonista original, Sidney, sequer notamos sua falta, pela competência de se trabalhar com atores bons e carismáticos. A revelação do assassino da vez pode parecer o ponto mais fraco da obra, ok, vou dizer que sempre os monólogos dos assassinos no final parecem caricatos, propositalmente, essas cenas finais eram as partes mais escrachadas dos filmes, desde o motivo de estarem matando, algo que Billy Loomis la no primeiro filme até zomba, aqui parece que ficaram preocupados demais com o recheio da borda da pizza do que com o recheio da pizza em si e tentar conectar pontos para tentar surpreender o espectador com a revelação, eu digo que é boa, mas era previsível adivinhar. Mas o trabalho de fotografia aqui é fantástico, até superior ao filme 5, o cenário em Nova York traz perfeitamente o clima para ter um corre corre de serial killer, usando muito bem de seu ambiente noturnos e centros lotados para criar cenas brutais e bem dirigidas, acompanhados de uma trilha sonora marcante evocando os temas anteriores, a cena da mercearia e do metrô são espetaculares, suspense e terror fantásticos.

Conclusão: Um filme muito bom, divertido, com o ghostface mais letal da franquia, embora deslize ao tentar voar longe demais de seu ninho de sucesso e excessos, é inegável como eles tentam sempre fazer um filme que respeite a lore da saga, bem raro hoje em dia, com exemplares do terror como Halloween falhando miseravelmente na proposta, Pânico 6 abre caminho para um futuro grande e estarei lá, esperando a próxima apunhalada. nota: 7,5

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