Filmes baseados em histórias reais existem aos montes por aí, ainda mais se tratando de crimes, gênero que cada vez mais se populariza e que consegue (ainda mais) ganhar forças nos serviços de streaming. “O Estrangulador de Boston” ganha força neste cenário, e bebe da fonte do clássico “Zodíaco”, já que tem seu foco na forma de como a imprensa da época trazia toda a informação para o público.
Contada sob o ponto de vista de Loretta (Keira Knightley), a história segue o rumo de sua personagem, que em busca de conseguir histórias interessantes para escrever para o jornal em que trabalha, acaba lidando com uma série de assassinatos de mulheres na cidade de Boston. Conforme os dias avançam e mais corpos são encontrados, fica a dúvida se todas essas vítimas foram mortas pelo mesmo assassino.
Por se tratar de uma história real e chocante, um dos pontos que mais ficam expostos aqui é a quase nula investigação da polícia. Loretta, junto de Jean Cole (Carrie Coon) conseguem mais pistas do que o departamento policial, e assim atraem a atenção de toda a cidade, mesmo que isso inicialmente não fosse do interesse do chefe do jornal Jack (Chris Cooper). Ainda é importante salientar o quanto as pessoas se incomodavam com duas mulheres cobrindo os casos, ainda mais com todo o “sucesso” que suas matérias faziam.
Como foi dito no primeiro parágrafo desta crítica, algumas semelhanças com “Zodíaco”, filme de 2007 dirigido por David Fincher são notáveis. O foco na investigação jornalística, o medo e desespero das pessoas envolvidas nos casos e da cidade assustada. Porém, o que realmente diferencia ambos os filmes é como eles conseguem nos mostrar todas as dificuldades que a maior parte da população passava enquanto um assassino em série estava solto. “Zodíaco” nos mostrou de maneira muito melhor a forma como a polícia e a imprensa trabalhou, e infelizmente, aqui não tivemos esse mesmo acerto.
Keira Knightley é a grande protagonista do longa, e faz um ótimo trabalho. A atriz acerta nos tons de drama, desespero, medo e coragem que sua personagem vive durante toda a duração do filme. Por ser uma história real, também vale destacar todo o trabalho de preparação e estudo não apenas dela, mas de todo o elenco. Carrie Coon atua em boa parte da trama ao lado de Keira e faz um ótimo trabalho, dando um bom contraponto entre as personalidades das duas jornalistas. Ainda vale mencionar o trabalho de David Dastmalchian como Albert DeSalvo, que mesmo não tendo muito tempo de tela, consegue ter uma semelhança muito grande com o Albert que realmente existiu e foi misteriosamente assassinado.
A direção de Matt Ruskin é precisa, apesar de tentar uma fórmula que foi melhor utilizada anteriormente. Com a opção de retratar toda a tensão que cercava a cidade devido a esses terríveis acontecimentos, são usadas cores mais frias e escuras, que ora funciona, e ora incomoda.
O Estrangulador de Boston é um bom filme e retrata uma terrível história real, que tenta emular uma fórmula de contar essa história, mas desliza em alguns pontos e fica abaixo de outros filmes do gênero.
Nota: 7,5
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