Junto de Invencível (do personagem criado por Robert Kirkman e Corey Walker), A Lenda de Vox Machina é um dos trunfos das animações produzidas para o Amazon Prime Video. A série é baseada na primeira campanha da série de RPGs feitos em livestreams, o Critical Role, que junta alguns dubladores famosos nos Estados Unidos para jogar campanhas de RPG, onde a “série principal” (Que já se encontra em sua terceira campanha) é idealizada e mestrada pelo também dublador Matthew Mercer.
Ano passado fomos “agraciados” com a primeira temporada de Vox Machina, onde conhecemos a grande equipe de heróis formados por Vex’halia/Vex (Laura Bailey), Vax’ildan/Vax (Liam O’Brien), Grog Strongjaw (Travis Willingham), Pike Trickfoot (Ashley Johnson), Scanlan Shorthalt (Sam Riegel), Keyleth (Marisha Ray) e Percival de Rolo/Percy (Taliesin Jaffe), que são postos para enfrentar inimigos poderosos do passado de Percy.
Mas bem, e sobre a segunda temporada? Aqui, após parecer que teremos um pouco de descanso, somos apresentados á Conclave Cromático, uma associação de Dragões, que vemos bem no final do último episódio da primeira, e que fazem um massacre na cidade de Tal’Dorei, e parece querer trazer a mesma destruição para todos os outros cantos do mundo que acompanhamos na animação.
Isso já ilustra uma grande diferença entre as duas temporadas, e mostra o melhoramento das histórias. Na primeira, mesmo que os outros personagens ainda tivessem certo destaque, ela era focada no Percy e na história dele. A ambientação, os vilões, os melhores momentos, todos eram centrados para um só personagem. Já na segunda, como são vilões bem diferentes, e que não se relacionam muito às histórias dos personagens, cada personagem (tirando um pouco o próprio Percy, de forma irônica, assim por dizer) tem muito mais momentos para brilhar aqui.
Mesmo num plot simples de “pegar os artefatos mágicos que vão nos ajudar contra os inimigos”, muitas das histórias mais humanas dos personagens, que não tem realmente relação com isso, são muito bem conectadas a tudo. No geral, os destaques chegam para Vax, Scanlan e Grog, o primeiro por agora tomar muito das grandes partes do holofote com sua conexão com a Rainha dos Corvos, representação da morte naquele universo, e os últimos dois por serem os estereótipos de Bardo Pegador e Barbáro Burro, quebrando isso e convertendo em duas diferentes histórias emocionais sobre seus personagens.
Outro problema, o principal deles, que infelizmente duvido que vá ser resolvido da forma certa é a dificuldade de adaptar o RPG, que fica bem claro em alguns momentos toda essa estrutura de missões e personagens de suporte como Kashaw e Zahra, que parecem ser interessantes, mas eles são subutilizados como só os personagens que aparecem algumas vezes para ajudar os personagens, como o Garmelie, que é pior ainda. Isso também também se reflete um pouco em diversas piadinhas que aparecem fora de hora.
Contudo, mesmo poucos ainda somos presenteados com alguns outros personagens secundários que realmente são bons, como Kaylie, que no geral é a melhor personagem secundária de toda a temporada, e o Kamaljiori, que mesmo com sua pequena aparição, ainda tem um carisma grande, e compartilha um das melhores cenas com o bardo Scanlan.
Já os vilões, os Dragões Coloridos da Conclave Cromática são extremamente ameaçadores desde o massacre da primeira cena da temporada, e mesmo que vejamos ele pouco, onde só um dos Dragões, Umbrasyl, serve como o vilão principal, mas é sempre assustador quando aparece, e dá medo de que algo aconteça com algum dos personagens.
Essa forma ameaçadora também se dá muito pela diferença das criaturas maiores como Dragões e as Esfinges, que são animados em CGI, ao contrário da animação normal, o que cria um contraste e uma certa imponência em relação ao resto. Também deve se dar o devido crédito em como a animação melhorou de uma temporada para outra, principalmente nas cenas de ação, que são maravilhosas.
Outro destaque da animação que também parece uma “herança” de Invencível, é a incrível violência gráfica, que não é só uma “forma sombria e realista” para representar as lutas, mas acho adicionar muito a epicidade da obra, trazendo muito para diversos dos momentos mais épicos.
Um último elogio vai para as músicas. Não só para os instrumentais da trilha sonora, mas também para o real uso de Scanlan e suas habilidades de bardo, que trazem uma nova atmosfera em certos momentos musicais e nas próprias batalhas, tendo até uma música compartilhada com Pike.
Em geral, mesmo não conseguindo sair de certos problemas de ser adaptado, devido ao tipo de obra ao qual adapta, a segunda temporada de A Lenda de Vox Machina consegue trazer mais momentos de conexões com seus personagens e torna a aventura do grupo algo mais épico do que já vinha sido apresentado.
NOTA: 8,0
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