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Piggy mostra as trágicas consequências do bullying, em um thriller de terror sobre vingança.

O bullying é um tema importante e que tem se tornado recorrente no cinema (ainda bem). Debater um assunto é a principal forma de sanar ou ao menos minimizar suas consequências na sociedade, que nesse caso vão desde a criação de uma geração repleta de complexos relacionados à aparência, ou até mesmo a brutal culminância que são os atentados contra a vida. 

De modo geral, o bullying é pontualmente abordado em cenários escolares e em filmes com uma pegada mais teen, não sendo necessariamente a raiz de uma história. No entanto, o filme da crítica de hoje ousa na abordagem e subverte alguns valores para entregar uma mensagem impactante ou talvez até mesmo questionável.

Piggy (Cerdita) é um terror espanhol de 2022 escrito e dirigido por Carlota Pereda. O longa é baseado em um curta-metragem de 2019 de  mesmo nome que recebeu prêmios como o Goya e Forqué de Melhor Curta-Metragem. O Paramount+ exibiu o terror em sua forma de longametragem no Festival do Rio, tendo este chegado ao catálogo do streaming no dia 29 de outubro de 2022. 

A trama acompanha Sara (Lara Galán), uma menina que vive no interior da Espanha com os pais (Carmen Machi e Julián Valcárcel) e é perseguida por jovens de sua cidade natal, que a zombam pelo fato de ser obesa. Quando as garotas que a hostilizam, Claudia (Irene Ferreiro), Maca (Claudia Salas) e Roci (Camille Aguilar), são sequestradas por um homem, Sara identifica o criminoso, mas passa a conviver com o dilema entre procurar a polícia para relatar o que presenciou ou simplesmente se calar, por medo ou por no fundo acreditar que elas mereçam um desfecho trágico.

Piggy é um filme de atmosfera pesada. Sara não apenas sofre nas mãos dos jovens de sua cidade, como vive em uma família que pouco olha ou se importa com os dilemas que ela vive. Não há alívio, apenas dor e sofrimento durante toda a narrativa, de modo que por alguns momentos vemos Sara encontrar no assassino uma espécie de porto seguro e isso é extremamente incômodo e nauseante.

Visualmente o filme encanta. Os cenários e iluminação entregam muito em sua simplicidade com um retrato de uma jovem vítima de bullying e gordofobia que se afunda em sentimentos dúbios e escruciantes. A forma como Galán externaliza os medos e traumas de sua personagem é um dos pontos que funcionam no longa, ainda que por vezes ela se perca no caricato.

O enredo é criativo mas um tanto quanto novelesco e falho em sua construção. Vemos uma ação policial  amadora demais para um thriller do gênero, além do fato de que a trama gira em círculos e conveniências, como na cena na qual Sara vai recuperar seu celular na mata. É como se o roteiro não tivesse substrato suficiente para se converter em um longametragem.


O filme tem três principais atos. O primeiro e introdutório funciona, ao apresentar a prática do bullying e os sofrimentos e compulsões de Sara. É no segundo que o crime acontece e a trama começa a se arrastar. No terceiro temos um desfecho até interessante para o dilema, embora àquela altura já seja difícil se encontrar ainda motivado pela história em si.

Como um slasher o filme entrega cenas pesadas e que agregam visualmente apenas em seu arco final basicamente. A cena do celeiro tem todos os ingredientes necessários do gênero, com altas doses de sangue e horror, uma pena ter sido tão breve.

Piggy é um filme sobre vingança, bem como sobre a solidão e as dores da adolescência, uma fase em que ainda prevalece o culto aos "padrões" impostos pela sociedade.

O filme nos provoca a lidar com o dilema moral da vingança em si. E por vezes o pensamento do "merecer aquilo" cruza a nossa mente, mas é demais. Sara flerta com o heroísmo, mas se perde nesse tortuoso caminho e fica até mesmo difícil de torcer por ela no fim das contas. 


Nota: 6,5


 


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