The Last of Us inicia com o pé direito e entrega uma trama coesa e emocionante.
E a série do HBO Max baseada na franquia de jogos para PlayStation 5 (PS5) e PS4, The Last of Us, está finalmente entre nós, após tanta ansiedade e espera. A série já havia sido liberada para crítica especializada e debutou com notas elevadíssimas e inúmeros elogios, o que aumentou ainda mais as expectativas de todos os fãs. Agora seu piloto já se encontra disponível no catálogo do streaming, após ser lançado às 23h do Brasil do dia 15 de janeiro, mesmo após alguns problemas de estabilidade do streaming durante os primeiros minutos da estreia.
*************************** SPOILER ALERT **************************
A série já conquista logo em sua sequência inicial. Acompanhamos um talkshow no final da década de 1960 e, nele, um cientista comenta acerca de pandemias, sobre como vírus e bactérias sempre estão no "protagonismo" quando falamos dessa temática, ao passo que fungos são sempre subestimados. É então que ele inicia uma explanação extremamente pertinente e de arrepiar sobre o quão ameaçadores podem ser os fungos e seus múltiplos mecanismos de tecerem relações bilógicas. Ali o show consegue contextualizar sem esforço toda sua premissa de uma forma didática e inteligente, sem desperdiçar tempo de tela ou ser moroso.
A partir daí a série avança para 2003 onde somos apresentados ao início de todo o problema, ao mesmo tempo que conhecemos um pouco do passado do protagonista da série, Joel, interpretado por Pedro Pascal (The Mandalorian). Ele é um pai solo que vive ao lado da filha Sarah (Nico Parker), em uma relação super fofa e carinhosa, ainda que ele seja um tanto quanto "bronco". Não demora até que nos afeiçoemos pelos dois e sua dinâmica. O roteiro se utiliza de maneira oportuna do dia do aniversário de Joel para iniciar o caos, bem como para sentirmos a proximidade e vínculo dos dois. Nesse arco já começamos a ver toda uma mobilização militar aparecendo nos noticiários e depois literalmente à porta da casa de Joel e Sarah.
Já na vizinhança, vemos o primeiro infectado (uma senhora idosa), como o fungo externaliza o corpo deles, como se alimentam e os perigos que oferecem (adorei o fato de serem velozes e distantes do arquétipo zumbi tradicional).
As sequências de ação bem ao estilo filme apocalíptico se iniciam com muita qualidade visual e sonora, criando tensão como tanto gostamos, com desde atropelamentos até quedas de avião. É a parte mais eletrizante de todo o episódio e até aqui não dá pra piscar. Apesar de ser totalmente previsível, mesmo para quem nunca jogou o game, assistir o modo como Sarah é assassinada dói muito. Além disso, a cena foi feita de maneira marcante e emocional.
Temos mais um salto temporal de vinte anos e a primeira visão do mundo pós-apocalíptico por assim dizer. Ao contrário do que estamos habituados em obras do gênero, aqui a estrutura social não foi completamente destruída, com personagens vagando a esmo pelo globo e esse definitivamente é um plus.
Agora existe uma ditadura sanguinária vigente, intitulada FEDRA, na qual crimes são punidos com a morte, infectados (ou não) são assassinados sem piedade (até mesmo crianças) e as drogas permeiam toda a estrutura social. Isso gera uma atmosfera bem mais interessante e com elementos riquíssimos a serem trabalhados dentro da narrativa. Joel vive ao lado de Tess (Anna Torv) na zona de quarentena de Boston controlada pela FEDRA e faz qualquer tipo de serviço que seja necessário, desde contrabando a limpeza de esgoto.
Conhecemos ainda a existência de um grupo de rebeldes, os Vagalumes, que estão dispostos a retomar a liberdade e democracia, embora não tenham sido bem sucedidos ao longo das duas últimas décadas. Esse grupo está em posse daquela que pode mudar tudo, Ellie (Bella Ramsey), uma menina infectada, mas que de alguma maneira não se transforma. Bella é o principal nome dessa introdução e arrasa na atuação. Ela entrega uma Ellie com rebeldia e enfrentamento tangíveis e que entretém com sua perspicácia e audácia. As sequências ao lado de Joel cativam e mostram que podem render ainda muito mais.
Nota: 9,0
Postar um comentário