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Com história poderosa e rica em significados, "A Mulher Rei" é um filme que PRECISA ser visto.
Por muito tempo o continente africano foi de certa forma invisível à sistemática da indústria cinematográfica. As poucas histórias construídas tendo esse território como berço sempre apresentaram os mesmos moldes, com foco muitas vezes no bioma savana e seus animais, ou levando em conta o ponto de vista europeu/norte americano. Por muito tempo fomos privados da histórias reais dos povos nativos e que forjaram esse caldeirão cultural.
Quando o projeto de A Mulher Rei veio à tona, junto com ele veio a sensação de que mudanças importantes estariam por vir. E agora, mais uma vez, fica escancarado que representatividade e visibilidade importam e MUITO.
A Mulher Rei (The Woman King) é um filme épico dirigido por Gina Prince-Bythewood. O roteiro é assinado por Dana Stevens ao lado da própria Gina. Viola Davis além de estrelar o longa lançado pela Sony Pictures Releasing, assina também sua produção.
A trama, inspirada na história real das amazonas do Damoé, se passa no Reino do Daomé, situado na África Ocidental, durante a década de 1820. O rei Ghezo (John Moyega) está disposto a iniciar uma guerra contra os Oyó, traficantes de escravos, e para isso ele precisará de toda a sua força de combate, em especial as guerreiras Agojie, que são lideradas pela General Nanisca (Viola Davis).
Ao longo da história acompanhamos a jovem Nawi (Thuso Mbedu), que chega ao palácio após ser oferecida ao rei pelo próprio pai. Ela inicia o treinamento para se tornar uma Agojie e logo percebe que aquelas mulheres são muito mais que guerreiras. Elas terão que estar preparadas, pois Oyó reúne forças e pode atacar a qualquer momento.
Que história PODEROSA! A Mulher Rei é riquíssimo de significados e necessário demais. Nesse cenário tão incomum, temos a consagração do feminino como sinônimo de força e não de fragilidade ou vaidade como predomina na maioria das narrativas de Hollywood.
O filme não perde a oportunidade de informar e conscientizar. Você sai do cinema com a certeza de que existe uma dívida eterna com a população negra. O filme toca fundo ao expor o comércio de escravos, ao mesmo tempo que ressalta mensagens de empoderamento ao mostrar um grupo de mulheres altamente capacitado e de relevância em um império durante o século XIX.
Apesar de seu roteiro simples, o longa é bem dirigido, suas mais de duas horas não são sentidas e cada cena tem um objetivo muito evidente. As cores impressionam, a música cativa e seus personagens despertam nosso fascínio instantâneo.
Entre os acertos do longa temos o elenco potente. Viola Davis contou em entrevistas o estenuante trabalho físico pelo qual passou para encarnar o papel de Nanisca. O resultado não podia ser melhor. Ela exala força e como sempre transcende seu papel quando se trata de emoção. Se você pensa que já viu tudo o que Viola tinha para oferecer nas telonas, vai ficar chocado com o resultado e demonstração de sua versatilidade. Temos aqui uma das melhores atrizes de todos os tempos, afirmo com tranquilidade!
Thuso Mbedu é sem dúvida uma das revelações do filme. Ela arrasa como a jovem Nawi, questionadora, por vezes transgressora, habilidosa e disposta a tudo para se tornar uma Agojie. Por falar em Agojie a sintonia entre elas é tangível. Sentimos que ali de fato há uma irmandade pela qual prontamente torcemos.
Lashana Lynch é quem traz a leveza a uma trama tão densa com uma personagem ao mesmo tempo firme e tão carismática como Izogie. No papel do rei temos John Moyega, que ficou conhecido pela franquia Star Wars por interpretar Finn, e que entrega com competência um rei de certa forma justo e que sofre as pressões de sua época.
Em A Mulher Rei não falta ação. As sequências de luta são muito bem feitas. Apesar de uma ou outra cena de seu ato inicial terem pecado pela falta de luminosidade, é importante ressaltar que as batalhas são coreografadas com perfeição e conseguem transmitir a imponência e capacidade técnica das Agojie. A fotografia e filmagens de plano aberto também são caprichadas e concretizam a grandeza da obra.
A Mulher Rei é uma experiência que merece ser vista no cinema. É emocionante e visceral, informativo e reflexivo. Que a bilheteria corresponda ao mérito que o filme tem!
Nota: 9,5
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