Sétimo episódio acentua a rivalidade entre Alicent e Rhaenyra, mas peca por atropelos e cenas escurecidas.

No domingo, dia 02 de outubro, foi ao ar no catálogo da HBO Max o sétimo episódio de  A Casa do Dragão (House of the Dragon). Episódio esse que se mostra crucial para o desenrolar da trama, já que acentua ainda mais tensões e, sobretudo, a rivalidade existente entre as antigas amigas Rhaenyra (Emma D'Arcy) e Alicent (Olivia Cooke).

*******SPOILER ALERT********

Se até ali os saltos temporais e agilidade da narrativa não tinham incomodado, no sétimo episódio a impressão acerca disso já muda um pouco. Aqui, o roteiro apressado além de perder a oportunidade de enriquecer a narrativa, peca por alguns atropelos como verão a seguir.

O episódio se inicia em Driftmark, durante o funeral de Laena Velaryon (Nanna Blondell), que é simbolicamente lançada ao mar em uma homenagem à linhagem de seu pai. Pra quem não se lembra, a filha de Corlys Velaryon (Steve Toussaint) e Rhaenys Targaryen (Eve Best) morreu ao final do sexto episódio, ao suplicar para sua dragão matá-la, pois sabia que morreria em razão de complicações do parto. A sequência da cerimônia transmite o pesar e é muito bem feita. Ver os dragões sobrevoando o local é um grande acerto visual. Além disso, a cena reúne toda a família e já deu pra perceber que quando a família se reúne é sinal de treta garantida!

Uma das primeiras constatações é que novamente Otto Hightower (Rhys Ifans) é o mão do Rei e que realmente o incêndio do episódio anterior teria matado tanto Lionel Strong (Gavin Spokes) quanto seu filho Ser Harwin (Ryan Corr), tornando Larys (Matthew Needham) o herdeiro de sua casa. Cabe ao espectador presumir que tenha havido um diálogo entre Viserys (Paddy Considine) e Otto de maneira a aparar alguma aresta quanto a neutralidade de julgamento do mão do rei, já que este havia sido um dos pontos preponderantes para retirá-lo do cargo no passado.

Mais tarde, acompanhamos Aemond (Leo Ashton), terceiro filho de Alicent e Viserys, se esgueirar por Driftmark até o encontro com Vhagar, dragão da falecida Laena Velaryon, que agora está sem montador. Surpreende observar o garoto, inexperiente, reivindicá-lo e em menos de 24 horas aparentemente conseguir o feito de conquistar a confiança da criatura. Que ele montaria Vaghar, já era de se supor em razão dos livros, porém essa relação tecida de maneira apressada faz parecer que é muito fácil domar uma fera como essa que é a maior dragão viva. 

Destaco ainda o incômodo com a cena em si. É compreensível ter sido à noite, já que Aemond foi às escondidas até à dragão, a fim de não alertar as filhas de Laena, que também teriam interesse em reivindicá-la. Mas o grau de escurecimento da cena incomoda MUITO e tira boa parte da qualidade da experiência em si. Ainda que com algumas frustrações, foi recompensador pelo menos presenciar a dificuldade da montaria. Pra quem pensa que montar um dragão se assemelha a um cavalo e que, portanto, é algo de certa forma simples, teve a certeza de que não é.

Por falar em escurecimento, a cena romântica da praia, entre Rhaenyra e Daemon (Matt Smith) perdeu boa parte do encanto por esse mesmo motivo. Rhaenyra não perde tempo em demonstrar os sentimentos para o tio e os dois finalmente têm a tão esperada noite de amor. Além de luz, faltou paixão na cena, no entanto, teria sido proposital? Talvez. Fica bem claro, que ambos jogam mais pelo interesse em poder, do que por sentimento em si e acaba que a sequência soa mais como um acordo político do que amoroso. 

O grande momento do episódio, no entanto, ainda estava por vir e se inicia quando Aemond chega ao castelo anunciando a conquista de Vhagar às filhas de Laena e obviamente recebe hostilidade e agressão em resposta. Os filhos de Rhaenyra também entram no embate e vemos literalmente um momento UFC kids. A cena surpreende pela violência e termina com Aemond sendo atingido em um dos olhos por Lucerys (algo previsto pela irmã Helaena (Evie Allen), em sua breve aparição no episódio seis). O ataque severo, como descobrimos pouco depois, o leva a perder um dos olhos. Mas como o próprio Aemond disse, valeu a pena a troca de um olho por um dragão. De um porco disfarçado de dragão para Vhagar temos uma tremenda evolução e a mensagem em si tem peso e mostra que o Aemond é um personagem a ser observado com atenção. 


A cereja do bolo do sétimo episódio da série vem na ocasião na qual a família se reúne pra compreender o violento acontecimento entre as crianças, que como o próprio Viserys ressalta, deveriam se amar. São trocas e mais trocas de acusação, e o filho de Rhaenyra acusa Aemond de ter chamado a ele e a seu irmão de bastardos. A futura herdeira do trono de ferro sabiamente destaca a gravidade da acusação e o rei logo questiona a identidade de quem está propagando tamanha mentira (ingênuo e/ou complacente). Aegon (Ty Tennant) tem um momento de coragem, ainda que forçada, e fala em voz alta o que todos pensam a respeito, mas não propagam. O intenso bate boca culmina no ponto alto que é quando vemos Alicent partir para cima de Rhaenyra munida de uma faca e feri-la. Se havia alguma dúvida sobre até que ponto Alicent irá para proteger seus filhos, agora não resta mais.


Dessa sequência eletrizante migramos pro ato final e aqui temos mais uma bola fora do episódio. Rhaenyra trama com Daemon de se casarem e para isso eles precisam tirar Laenor (John MacMillan), seu marido, do caminho. Há uma insinuação de matá-lo, mas a poker face definitivamente não convence. Os dois não o matam, como esperado, e criam toda uma cena digna de novela mexicana da pior categoria para ele sumir dali sem gerar desconfiança. Em poucos segundos já passamos para a cena de uma cerimônia que parece o casamento de Rhaenyra e Daemon. Impossível ficar mais descarado e notável esse golpe que é uma tentativa de fortalecer a pureza sanguínea dos Targaryen. Tudo muito apressado e preguiçoso.

É de conhecimento do público que a última passagem de tempo acontecerá no próximo episódio, mas é realmente necessário correr com certos arcos sabendo que futuras temporadas ainda estarão por vir? É legal deixar claro que mesmo com esses apontamentos temos um bom episódio, mas a pressa começa a deixar marcas e tomara que agora o ritmo cadencie.

Conta o que achou do episódio aí nos comentário!

Nota: 7,0

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