Surpreendente e com reviravoltas, novo episódio também desenvolve magistralmente seus personagens.

Quinto episódio da primeira temporada de A Casa do Dragão só prova que a série derivada de Game of Thrones possui fôlego e não precisa se escorar em fanservice (algo claramente difícil de se fazer, considerando que é um prequel que se passa um século antes dos eventos da série principal), trazendo uma história realmente interessante. Iluminamos o Caminho se beneficia bastante de dar uma pausa momentânea para desenvolver vários personagens, mas sabe fazer isso sem que o capítulo passe uma sensação de filler, já que ele está recheado de acontecimentos e reviravoltas que claramente irão reverberar pelo resto da temporada.

Rhaenyra Targaryen continua sendo trabalhada de forma sublime. Milly Alcock de primeira me pareceu muito monótona e de uma expressão só, mas nesse episódio e no anterior ela se provou como uma escolha acertada pra personagem. Seu espírito livre e determinado continua sendo um ótimo contraste pra natureza cínica e desgastada da maioria dos outros personagens da série, todos envolvidos em teias de tramas políticas, um tramando contra o outro, em um continente instável e que parece sempre estar a beira de uma guerra interna por poder. A personagem possui tons de cinza e não é uma idealista como Jon Snow, um dos protagonistas de Game of Thrones, o que dá a ela um dinamismo e faz com que o público se conecte mais facilmente com a personagem. 

A série, apesar de claramente ser do gênero fantasia, ainda possui a premissa do George R. R. Martin de criar um universo no qual dragões e magia sejam reais, mas que a estrutura social e política seja calcada na realidade, inspirada claramente pela história da monarquia britânica, principalmente a Guerra das Rosas. Esse "realismo social medieval", por falta de um termo melhor, é aprofundado a cada novo episódio, com o foco parecendo ser ao patriarcado. A série possui um leque de personagens femininas e vemos como isso afeta cada uma, tendo um pouco do ponto de vista de cada. Game of Thrones tocou no tema, como também vários outros, mas A Casa do Dragão lida melhor com ele. 

Daemon Targaryen é consolidado como o personagem mais interessante da série até agora, algo potencializado pela performance canastrona de Matt Smith. Daemon é imprevisível e ambicioso, uma combinação perigosa, e o roteiro consegue dar nuance á ambos aspectos do personagem. Suas conspirações me fazem lembrar o Mindinho, mas apesar disso Daemon é singular, sua presença de tela ofuscando os personagens com o qual contracena, ele é o centro das atenções na maior parte enquanto Mindinho prefere trabalhar nas sombras, por detrás dos bastidores. 

A sequência do casamento é toda bem conduzida, tanto no roteiro quanto na direção, para que o espectador, mesmo que subconscientemente, sinta que algo vá dar errado, há um agouro no ar e essa atmosfera é construída de forma gradual e seu clímax não decepciona. A Casa do Dragão consegue episódio após episódio deixa a trama continuamente interessante, sempre com eventos que abalem o tabuleiro político estabelecido pela série, sem que isso canse demais ou atrapalhe o entendimento do público mais leigo. 

Iluminamos o Caminho então cumpre muito bem sua função como um episódio importante - esse acabando com a primeira metade da temporada - e o faz de forma fantástica, mesmo que não seja um episódio perfeito, ele acrescenta muito e sabe avançar a trama sem sacrificar o desenvolvimento de personagens, algo que episódios anteriores sofreram um pouco.

Nota: 9,5

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