Mesmo com alguns momentos acelerados demais, o terceiro episódio continua a construir as tramas e personagens de forma primorosa, e com uma produção excelente.

Continuando a história depois de 3 anos após os eventos do episódio anterior, o episódio mostra o conflito interno que abalou a casa Targaryen após a decisão do Rei Viserys (Paddy Considine) de se casar com a jovem Alicent Hightower (Emily Carey), que já deu à luz ao seu primeiro filho homem. Junto destes conflitos éticos, sentimentais e “psicológicos”, finalmente temos as tão amadas cenas de batalhas e guerras que popularizaram tanto este universo, com o príncipe Daemon (Matt Smith) liderando uma longa guerra contra o Engorda Caranguejo e seu exército de piratas.

A principal diferença entre “Game of Thrones” e “A Casa do Dragão” até o momento são os núcleos de personagens. Enquanto GOT tinha dezenas de núcleos diferentes com subplots variados (Porto Real, os Starks, Jon Snow na muralha, a saga de Daenerys, etc), “A Casa do Dragão” tem um foco narrativo em apenas um grupo de personagens, se situando praticamente em um local. E isso é na realidade ótimo, pois estamos vendo essa história que é diferente de GOT e que precisa ser algo próprio.

O que se mantém igual neste episódio é a excelente produção da HBO na construção deste mundo. Cenários, maquiagem, armaduras, figurantes, efeitos especiais, figurinos, atuações, tudo é impecável. O trabalho de trilha sonora de Ramin Djawadi (Westworld, Homem de Ferro) continua soberbo, junto da ótima direção de Greg Yaitanes (Dr. House, Lost) e fotografia de Pepe Avila del Pino (Ozark, The Deuce). Toda a composição visual com os planos contra a luz são lindos, especialmente na batalha final e no começo do episódio onde apenas as chamas do dragão iluminam o cenário.

O Rei Viserys é um dos personagens mais interessantes desta história até agora. É claro que muitos não gostam do personagem por motivos óbvios, mas o personagem é construído para ser um “cara legal” que não tem vocação para ser rei, e acaba tomando decisões equivocadas e sendo extremamente burro. Mesmo assim, eu considero este um personagem bem fascinante por destoar totalmente do ninho de cobras em que se encontra, e ainda mostra o mínimo de humanidade e compaixão com a sua filha (Rhaenyra), tendo dificuldade de entender seus sentimentos. 

Falando na própria Rhaenyra (Milly Alcock), a personagem está passando por um interessante arco envolvendo o seu pai buscando um pretendente para se casar com ela, enquanto ela luta para mostrar que não quer isso. Rhaenyra desde o primeiro episódio se mostrou a personagem mais forte e “bondosa”, tentando apaziguar os lados e se tornar a nova rainha de Westeros. Ela mostra que não quer ser uma princesa “comum” que é forçada a se casar com uma pessoa que não ama e viver uma vida que não busca. Tem conflitos de personagem que fazem com que todos nós torcemos por ela.

Uma das coisas que mais vêm me desagradando em “A Casa do Dragão” até o momento é a narrativa extremamente apressada que está sendo feita. A cada episódio temos saltos temporais de anos, é quase como se os produtores e criadores estivessem tratando esses momentos apenas como um “prólogo” da real história que está por vir, não desenvolvendo direito alguns personagens ou acontecimentos históricos importantes (como a própria guerra de 3 anos, que só vimos praticamente a batalha final).

Um dos melhores designs da história de “Game of Thrones” (e A Casa do Dragão), é o Engorda Caranguejo, um personagem misterioso que parece ter saído diretamente da franquia “O Massacre da Serra Elétrica”. Infelizmente, o personagem já foi retirado da série sem ter nenhum destaque, além de sua forte presença misteriosa. Isso é mais uma consequência da narrativa apressada da série que não dá tempo de focar em outros personagens e eventos "menores".

O episódio se encerra com uma épica batalha protagonizada por Daemon, onde ele utiliza a tática “porra louca” totalmente condizente com o seu personagem: sair correndo no campo de batalha sozinho matando todos a sua volta, enquanto força o inimigo a sair das cavernas. Isso desemboca na primeira grande batalha da série, que mesmo sendo curta é muito bem filmada e coreografada (com direito a um novo dragão e cenas violentas).

Com essa vitória do Príncipe Daemon, ele deve recuperar sua glória e poder político dentro da corte, enquanto Rhaenyra tenta encontrar uma forma de conseguir uma voz maior na corrida pelo trono de ferro. Resta saber como esses conflitos de personagens vão continuar a se desenrolar, e se Viserys continuará a ser facilmente manipulado ou conseguirá tomar decisões corretas.

“A Casa do Dragão” continua construindo de maneira rápida a sua história. Com seus personagens já bem estabelecidos, a trama e os conflitos avançam para novos estágios, com intrigas e grandes batalhas começando a se desenvolver mantendo o alto padrão de qualidade das produções da HBO. Mesmo com a narrativa um pouco acelerada, a série continua a conquistar com sua beleza e riqueza dignas da era de ouro de “Game of Thrones”.

Nota: 8,5

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