Longa que acompanha a inspiradora jornada de ascenção do jogador de futebol americano Kurt Warner consegue encantar e comover.

O futebol americano é uma paixão nos Estados Unidos, país do qual consumimos inúmeros filmes. Aqui no Brasil, no entanto, muitos desconhecem como esse esporte funciona, embora certamente já tenham assistido alguma película que represente a modalidade, como nos longas Um Homem Entre Gigantes, Um Sonho PossívelJerry Maguire, Meu Nome é Rádio e tantos outros. Vale salientar que, em comum, além do esporte, tais obras carregam mensagens de encorajamento e superação.

O filme da crítica de hoje é baseado na história real de um dos principais jogadores da NFL, liga nacional de futebol americano,  o quarterback Kurt Warner.

American Underdog é um drama biográfico dirigido pelos irmãos Andrew e Jon Erwin. O último também assina o roteiro ao lado de David Aaron Cohen e Jon Gunne. O longametragem que foi distrbuído pela Lionsgate chegou aos cinemas nos Estados Unidos em 25 de dezembro de 2021, arrecadando mais de 26 milhões de dólares, apesar do forte concorrente Licorice Pizza, também lançado no mesmo período. O filme agora se encontra disponível no streaming da HBO Max.

Sua trama acompanha Kurt Warner (Zachary Levi, Shazam!) desde o ínicio de sua carreira, ainda como jogador de futebol americano na Universidade do Norte de Iowa, até o momento no qual alcançou a vitória no 34º Super Bowl, a final da liga e maior evento desse esporte. Ao longo de sua trajetória, vemos Kurt se apaixonar por Brenda (Anna Paquin) e sua família. Assistimos também ele passando por dificuldades financeiras que o levam a morar com a namorada, a trabalhar em um mercado como repositor e até mesmo a jogar futebol americano de arena (uma espécie de liga alternativa).  

Mesmo desconhecendo boa parte da regras do esporte é fácil compreender a dinâmica da partida e se engajar com a história e ambição do personagem. Levi é um poço de carisma, e entrega um personagem que parece um cara genuinamente legal. Ao assistir as cenas finais que mostram o verdadeiro Kurt Warner, vemos a grande semelhança com Zachary Levi e percebemos como ele foi uma escolha acertada para o papel. Em cenas mais emocionais, percebemos que ali não é a zona de conforto do ator, no entanto, no quesito leveza, ele acerta em cheio.

Anna Paquin (True Blood) encarna com perfeição uma mulher forte e dona de si, que é forjada por traumas e mãe solo dedicada. É interessante acompanhar a resistência da personagem em iniciar uma relação com Kurt, afinal de contas ela tem filhos que sempre serão sua prioridade. Paquin arrasa na cena em que Brenda se abre sobre a condição de seu filho mais velho, Zack (Hayden Zaller), e a química com Levi é, sem dúvida, a cereja do bolo do filme.

Após uma breve leitura da história do jogador é possível perceber que vários pontos da narrativa sofreram adaptações e alterações para tornar a história mais comerciável. Ou seja, o longa não é exatamente uma biografia fidedigna. Tal fato, no entanto, para aqueles que estão ali apenas pelo drama em si, em nada impacta.

O ritmo da história é envolvente, ainda que extremamente previsível pra uma história real.  Teria sido interessante, contudo, que o momento da carreira no qual ele esteve no Rams, time da liga principal, cujo técnico, Dick Vermeil é interpretado por Dennis Quaid, tivesse sido mais enfatizado. Temos pouco do jogador nessa fase de glória, sendo que Quaid está simplesmente impecável no papel. Alguns fundos verdes usados para a arquibancada do estádio e público também não funcionaram e deram uma certa artificialidade à partida.


Os irmãos Erwin mais uma vez estão a frente de um filme, que além de positivista, tem aspectos religiosos inerentes. Eles que dirigiram filmes como Enquanto Estivermos Juntos, Eu só posso Imaginar e Talento e Fé rotineiramente exploram o aspecto cristão de seus personagens. Ainda que pouco planfetário, é importante informar que isso se faz presente e é perceptível ao longo do filme.

Em suma, o filme nos faz sorrir e, sem dúvida, nos emociona ao narrar a história de um jovem que tinha um sonho e conseguiu se tornar parte da seleta estatística de 1% dos homens que alcançam esse restrito grupo da elite esportiva. 

Suas mensagens ainda que clichês são inspiradoras e nos dão a certeza de que desistir definitivamente não é a melhor escolha. E a mensagem mais comovente está em que muitas vezes não compreendemos onde estão nossas verdadeiras vitórias. 

É aquele filme que deixa nosso coração mais quentinho. Vale a pena conferir!

Nota: 7,5

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem