A Amazon Prime Video tem investido cada vez mais em produções de thrillers militares, adaptadas de obras literárias. “Sem Remorso” (2021) e “Reacher” (2022) são dois ótimos exemplos de adaptações literárias que estão no catálogo do streaming e que conseguem agradar aqueles que gostam do gênero.

Com “A Lista Terminal”, não poderia ser diferente. A série é baseada no primeiro volume homônimo da obra literária do escritor Jack Carr, que conta a primeira aventura de James Reece e tenta se manter quase no mesmo padrão que as adaptações supracitadas. Porém, apesar da produção ser recheada de ótimos elementos narrativos e de Chris Pratt se esforçar bastante ao entregar um ótimo trabalho, a história excessivamente longa e um pouco arrastada acaba atrapalhando seu desempenho.

Na trama, James Reece (Chris Pratt, de “Guardiões da Galáxia”, 2014) é um fuzileiro naval que, juntamente com seu pelotão das Forças Especiais da Marinha, sofre uma emboscada durante uma missão secreta de alto de risco. Ao voltar para casa, Reece batalha para superar o acontecido e lutar contra seus próprios pensamentos, mas ele não consegue superar o ocorrido e continua se perguntando o que realmente aconteceu.

Sentindo-se culpado pela morte dos companheiros, ele é atormentado pelas memórias conflitantes que tem do incidente. Quando novas evidências surgem, Reece, aos poucos, descobre que existem forças obscuras e poderosas muito maiores por trás de tudo e que podem estar colocando sua vida e de sua família em risco.

Histórias como essa sempre lutam para equilibrar os momentos dos personagens com enredos instigantes. “A Lista Terminal” se encaixa nessa premissa. Mas, é um pouco angustiante assistir essa narrativa sendo arrastada ao longo de 8 episódios com quase uma hora de duração cada – principalmente quando o personagem de Pratt sofre com uma tragédia pessoal. Em vez de tomar fôlego e reconhecer a gravidade da situação, isso empurra Reece ainda mais em sua missão, correndo o risco de fazê-lo parecer bastante frio, mesmo que a tragédia pessoal seja sua única motivação para continuar.

A princípio, “A Lista Terminal” tem uma premissa muito interessante, bastante ação em certos momentos e se encaixa muito bem na proposta. Mas, também, se afunda um bocado com seu peso um tanto lento quanto arrastado. E isso acaba tornando a produção um pouco maçante e longa demais. O problema em ter 8 episódios de uma hora cada é que a série se inclina muito mais para o trabalho investigativo do que talvez devesse, com várias cenas envolvendo reuniões de conselho e acordos que, essencialmente, equivalem a muito mais trabalho para ser concluído.

Diferente de “Sem Remorso” e “Reacher”, “A Lista Terminal” tenta transformar Reece no herói militar de ação com habilidades e força física por causa de seu treinamento na Marinha, com conexões e tecnologia suficientes a seu dispor para fazer o que for preciso para garantir a justiça e lutar contra aqueles que armaram uma conspiração contra ele. Naturalmente, a produção tem uma boa proposta a oferecer – o que, dessa maneira funciona. Mas, o roteiro acaba se estendendo demais no tempo com uma história recheada de momentos reflexivos. Essa falha poderia ter sido melhor resolvida caso a série fosse um pouco mais enxuta ou se apertado com um ritmo mais acelerado e permitindo um caminho mais ágil.

A série parece estar ciente desse problema e o aborda superficialmente quando lança Reece em repetidas espirais emocionais ao longo de sua missão. Entretanto, isso não quer dizer que “A Lista Terminal” seja uma série, de todo, ruim. Embora o ritmo possa ser um pouco desacelerado para justificar o tempo de execução de oito horas, os elementos narrativos ajudam a evitar que a história se transforme em tédio total. A produção, como dito, apresenta elementos narrativos condizentes com a proposta, sabendo misturar ação, lutas corpo a corpo, tiroteios, explosões, ciladas, perseguições, traições, traumas, um pouco de drama e boas reviravoltas.

Nesse aspecto, “A Lista Terminal” apresenta um material com estilo visual e narrativo intenso e de forma convincente. Com isso, a produção soube lidar com um design de execução muito bem elaborado e que, até certo ponto, consegue conquistar, impulsionando a atenção do telespectador até o final. Um ponto que reforça isso é que a série consegue mesclar os subgêneros de espionagem, suspense, intriga política e governamental em sua narrativa.

É uma configuração bastante básica para um thriller militar de conspiração paranoica, mas os esforços do roteiro de David DiGilio, juntamente com o produtor executivo Antoine Fuqua – baseado no romance de Jack Carr – para estabelecer a história geral da série são lamentavelmente curtos em emoções reais. A produção enfrenta uma tarefa árdua ao reunir tantos tópicos díspares, como um todo, para entregar um trabalho de forma satisfatória. Mas, até onde se pode chegar, “A Lista Terminal” consegue conquistar aqueles que apreciam tal mescla de gêneros.

O elenco é talentoso e, na medida do possível, consegue entregar uma ótima atuação. Mas, infelizmente, o elenco é consideravelmente desperdiçado pelo mal aproveitamento que o enredo lhe entrega. Chris Pratt faz um trabalho sólido descartando sua personalidade pateta – o mesmo personagem que ele interpreta em praticamente todos os seus filmes. Pratt faz o público acreditar que Reece pode completar sua missão mesmo quando ele é rotulado de terrorista doméstico e forçado a fugir. E não é por menos: mesmo interpretando um personagem mais sério e sem o elemento cômico, Pratt ainda mantém o carisma. Ele, naturalmente, é um ator carismático, e consegue brilhar ainda mais ao assumir um papel mais sombrio e complexo.

Porém, o mesmo não se pode falar com tanto entusiasmo assim em relação ao corpo coadjuvante, que, embora seja um forte elenco de apoio e ótimos atores, apenas desempenham suas performances de acordo com o que o roteiro pede. Somente Constante Wu parece se esforçar com um pouco mais de profundidade para entregar uma jornalista inteligente, esforçada e comprometida.

A Lista Terminal” é, em sua essência, uma série de ação militar sobre espionagem e conspiração político-governamental, e, como um todo, sua premissa funciona. Mesmo com uma história que se arrasta um pouco demais – não justificando 8 episódios –, a trama consegue manter seus elementos narrativos firmes e propositalmente dramáticos quando precisam ser, no que diz respeito às sequências de ação, tiroteios, explosões e reviravoltas – mesmo que todos esses elementos narrativos estejam diluídos em suas 8 horas de duração; o que poderia ser facilmente encurtado, em pelo menos, 2 ou 3 horas.

Comparado com outras produções do gênero, “A Lista Terminal” não é uma série muito memorável, apesar de ter sequências de ação e reviravoltas ótimas e muito bem estruturadas. O thriller militar tem um começo e um desfecho de forma brilhante e satisfatória, mas acaba se arrastando e cansando um pouco com um ritmo mais lento entre o início e o final. O que é uma pena, pois a produção é bastante promissora e tem um fator positivo a seu favor, que é ser a adaptação do primeiro volume (de um total de 5) dos romances com este mesmo personagem, do escritor Jack Carr.

A Lista Terminal” está disponível na Amazon Prime Video.

Nota: 7.0

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