3ª Temporada de “Barry” questiona se uma pessoa que cometeu atos terríveis pode realmente ter uma redenção, ou se está fadada a sofrer as consequências pelo resto de sua vida.
Barry Berkman (Bill Hader) é um ex-fuzileiro da marinha que se tornou um matador de aluguel. Barry foi contratado para matar alguém em Los Angeles, contudo, o pistoleiro começa a se questionar se quer mesmo assassinar pessoas por dinheiro pelo resto de sua vida. Além de não ter muitas opções, Barry é muito bom no que faz e se acostumou com esse estilo de vida, tanto que não sente mais emoção nenhuma em matar. Após um período depressivo e repensando a vida, Barry decide encontrar um novo propósito para si, se matriculando em aulas de teatro. Ele espera poder se emocionar e se conectar com as pessoas novamente, e acaba conhecendo o mentor Gene Cousineau (Henry Winkler) e a aspirante a atriz Sally Reed (Sarah Goldberg). Porém, apesar de suas intenções verdadeiras em mudar, Barry precisa lidar com os criminosos que se associou no passado, Monroe Fuches (Stephen Root) e NoHo Hank (Anthony Carrigan).
Depois de quase 3 anos esperando, a aclamada série da HBO, “Barry”, finalmente retorna para a sua 3ª Temporada! O enorme hiato entre os anos se deu por conta da pandemia, já que a temporada iria começar a ser filmada alguns dias antes de estourar a crise que abalou o mundo. A série é criada pela dupla Bill Hader (It - Capítulo 2, Divertidamente) e Alec Berg (Seinfeld, Silicon Valley), que atuam como principais roteiristas, produtores e diretores.
Com um retorno mais do que triunfal, a trama da temporada segue Barry (Bill Hader) tendo algumas crises em sua vida, voltando a trabalhar como um matador de aluguel (dessa vez sozinho) enquanto Sally (Sarah Goldberg) ascende em sua carreira como atriz, Fuches (Stephen Root) planeja formas de se vingar e o Sr Cousineau (Henry Winkler) tenta desmascara-lo.
Bill Hader. Todo o elenco e equipe de produção de “Barry” merecem aplausos, mas o que esse homem faz nessa temporada é simplesmente primoroso. Hader é um comediante de mão cheia e já se provou como um ótimo ator de drama e comédia, mas aqui ele dirige cinco dos oito episódios da temporada de forma maestral. Ele já tinha dirigido alguns episódios da temporada anterior e chamado a atenção, mas o que ele entrega aqui é simplesmente insano, já que ele consegue transitar entre a comédia, drama, cenas de ação, perseguições e até mesmo colocar jump scares é incrível, mostrando um total domínio na cadeira de diretor. A cena de perseguição do 6º episódio é facilmente uma das melhores coisas feitas recentemente para a televisão. Destaque também para Berg, que atuou como diretor de 3 episódios da temporada, fazendo um excelente trabalho também.
Logo de cara pode-se dizer que essa temporada faz algo semelhante ao que “Bojack Horseman”, excelente série animada da Netflix fez. Após 2 temporadas acompanhando o protagonista matar e machucar pessoas (mesmo que muitas vezes ele de fato “não queria” fazer aquilo), agora vemos a série se perguntar se é possível haver uma redenção para ele, ou se Barry está fadado a carregar a culpa e os fantasmas de seu passado pelo resto de sua vida?
A jornada de Barry Berkman até agora foi feita de decisões terríveis, mas ele de fato tenta ser uma pessoa melhor e já ajudou muitas pessoas (mesmo que de uma maneira torta). Nessa temporada ele sofre todas as consequências, sendo caçado por aqueles que querem vingança enquanto tenta achar um novo sentido em sua vida. Um personagem muito complexo que mostra muito bem o por que de “Barry” ser uma série tão intrigante e bem feita, sendo uma das mais chamativas da atual HBO.
A subtrama envolvendo a guerra da máfia colombiana com a máfia chechena é no entanto um dos plots mais “desinteressantes” da temporada. Hank (Anthony Carrigan) é um (senão o) dos melhores personagens da série, com seu carisma e humor de primeira, e o arco "romântico" que ele tem na temporada é de fato interessante, mas totalmente desconexo dos outros núcleos, dando uma sensação de “filler” e que os roteiristas não sabiam bem o que fazer com esse incrível personagem.
Outro núcleo da série (e um dos mais interessantes da temporada é o de Sally, tentando emplacar uma nova série em Hollywood baseada em vivências pessoais. Não só o núcleo consegue criar momentos hilários sobre a indústria atual do entretenimento (com piadas envolvendo produtores, franquias, streamings, audiência, etc), mas também dá um grande desenvolvimento para a personagem, que acabou sendo jogada de escanteio na temporada anterior. Sem entrar em uma área de spoilers, mas existem duas piadas em particular, uma envolvendo as entrevistas do elenco com jornalistas, e uma envolvendo a forma como as séries são canceladas, que são simplesmente incríveis.
Contudo, “Barry” sempre foi vendida pela HBO (e por grande parte do público) como uma série de comédia, o que eu sempre achei um certo equívoco. É claro que ela é sim uma série de comédia, mas a parte dramática sempre foi muito mais importante e presente na narrativa da trama, e essa temporada é a que mais dá enfoque ainda nesses aspectos.
A conclusão da temporada foi completamente surpreendente e tão brilhante quanto o restante dela, setando uma grande mudança na trama para futuras temporadas. Vale ressaltar que a série já foi renovada pela HBO para uma 4ª Temporada, mas ainda não existe uma previsão de lançamento ou para começar as suas filmagens, mesmo com o quarto ano já tendo sido completamente escrito.
Vivemos em um momento transformador na cultura pop onde tem MUITO conteúdo sendo produzido, e é impossível assistir tudo ou escolher o que ver. Nesse ano tivemos séries incríveis e produções de primeira linha, e a 3ª Temporada de “Barry” não só consegue ser uma jornada emocional, engraçada e a melhor temporada da série (que já era ótima), mas também entra bem forte na disputa para ficar entre as melhores séries do ano de 2022.
Nota: 9.5