Mesmo com alguns momentos engraçados e nostálgicos, "De Volta ao Baile" entrega uma trama superficial e difícil de se conectar.
Rebel Wilson está de volta naquilo que sabe fazer de melhor: comédia. Mas como verão a seguir, nem sempre ser engraçado é suficiente.
De Volta ao Baile (Senior Year) é uma comédia dirigida por Alex Hardcastle, conhecido por seu trabalho na série Parks and Recreation. O roteiro conta com nomes como Andrew Knauer, Arthur Pielli, e Brandon Scott Jones. Rebel Wilson estrela o longa e também assina a produção. O filme chegou ao catálogo da Netflix no dia de 13 de maio de 2022.
A trama acompanha Stephanie (Angourie Rice/Rebel Wilson), uma líder de torcida que tinha como objetivo ter a vida perfeita. Tudo ia bem com os seus planos até ela sofrer um acidente e ficar em coma por 20 anos. Obstinada a concluir suas pendências do último ano do ensino médio, ela retorna ao colegial para continuar exatamente de onde parou, contudo percebe que muita coisa mudou nas últimas décadas e que não será fácil se adaptar.
A história é dividida em duas linhas temporais distintas. Na primeira, conhecemos a jovem Stephanie Conway, interpretada por Angourie Rice, que sofre bullying por ser de outro país e se sente de certo modo deslocada. Quando Stephanie vê da janela do carro uma rainha do baile no que aparenta ser um momento feliz, ela coloca como meta conseguir exatamente aquilo e inicia uma escalada para se tornar uma adolescente popular em sua escola.
A segunda linha temporal avança 20 anos no tempo. Stephanie acorda do coma e parece pouco impactada com as duas décadas perdidas. Sua grande preocupação basicamente é não ter sido eleita rainha do baile. Ainda que sua mentalidade tenha persistido como adolescente, é inacreditável que ela não se preocupe com todo resto e isso dificulta bastante a criação de um vínculo com a personagem principal.
Além disso, Rebel Wilson pesa a mão em alguns trejeitos que nem mesmo sua versão adolescente apresentava. A atriz tem um estilo de humor mais caricato, que até funcionaria se o roteiro fosse um pouco mais convincente.
Sam Richardson interpreta Seth Novace, amigo de Stephani, e também não consegue se destacar, já que boa parte dos momentos cômicos estão atrelados à personagem de Rebel, que, por sua vez, não consegue sustentar a dinâmica sozinha. Justin Hurtley, famoso pela série This is Us, dá vida a Blaine. Seu personagem só não é mais apagado, porque na verdade nenhum coadjuvante brilha de fato ali.O núcleo de amigos do colégio é carismático, mas é como se todo o contexto fosse preparado para fazer uma única personagem brilhar e aí você percebe que a história mesmo tem pouco substrato em si.
O longa tenta usar de âncora basicamente as referências aos filmes da década de 90, que podem até agradar a parcela do público mais nostálgico, como por exemplo com a presença de Alicia Silverstone, um marco do gênero e protagonista em As Patricinhas de Beverly Hills, mas não é suficiente e não atinge todo o público. Vale pontuar que a própria Alicia é pouquíssimo aproveitada no longa, então não espere um tempo de tela expressivo para a atriz.
Não é que seja inconveniente replicar as boas e velhas comédias da década de 1990. O problema é fazê-lo sem criar uma identidade própria no processo. De Volta ao Baile é assistível, mas basicamente um compilado de piadas soltas com uma história vazia de pano de fundo.
Nota: 5,0
Postar um comentário