Terceiro episódio traz belíssimos cenários, mitologia interessante, mas seus personagens simplesmente não cativam.

Nesta quarta-feira dia 13 de abril foi lançado o terceiro episódio da série da Marvel para o Disney+, Cavaleiro da Lua (Moon Knight). E com isso chegamos a metade da jornada desse personagem inédito nas telas. Um momento que, particularmente, considero um divisor de águas para uma série, visto que a essa altura, tem-se que, no mínimo, criar vínculos de empatia entre os espectadores e os principais personagens do show. Se isso foi ou não atingido, você saberá no decorrer da crítica de hoje. 


SPOILER ALERT

Como devem se lembrar, ao fim do segundo episódio percebemos que Marc/Steven deverão partir rumo ao Egito, uma vez que Harrow (Ethan Hawke) está munido do escaravelho dourado que é capaz de localizar Ammit e não perderá tempo até atingir seu objetivo.

O terceiro episódio de Cavaleiro da Lua se inicia talvez se apoiando em um dos principais trunfos da série: sua bela ambientação. Além de explorar em seus primeiros episódios a urbana Londres, temos agora locações belíssimas no Cairo e no deserto de Wadi Rum, situado na Jordânia, lugar esse já velho conhecido do protagonista da série, Oscar Isaac, que lá já tinha gravado longas como Duna e Star Wars: A Ascenção de Skywalker. A fotografia, portanto, converge positivamente para criar a atmosfera perfeita e nos inserir nesse universo misterioso e, ao mesmo tempo, curioso que é a mitologia egípcia. 

Já na largada do episódio conhecemos um pouco mais acerca de Layla (May Calamawy), que está disposta a encontrar Marc (Oscar Isaac), que deixou Londres sem informá-la, e para isso ela recorre a uma velha amiga a fim de falsificar um passaporte. Nesse episódio ela também protagoniza uma cena importante de luta, mostrando que não é uma simples mercadora de antiguidades e pode colaborar de diversas formas. Ainda que com esses variados atributos, devo dizer que essa personagem parece não engrenar. Além disso, sua relação com Marc e até mesmo com Steven não cativa, soa forçada e é pouco fluida. Sabe aquela personagem bem água com salsicha? Temos aqui.

Com uma pegada que mescla o estilo A Múmia e Indiana Jones, Marc, que dessa vez recebe mais ênfase do que nos episódios anteriores voltados mais para o ponto de vista de Steven, não demora a ter seu primeiro embate contra capangas já em sua chegada ao Cairo. As cenas de luta, a la Marvel, a princípio parecem não ter um propósito bem definido, mas em certo momento Marc e Steven percebem que nenhum dos dois teria autoria na morte de alguns dos seguidores de Ammit (temos aí uma terceira personalidade?? Saberemos em breve, espero).

Mais tarde, ao lado de Khonshu, eles têm uma espécie de encontro com um agrupamento de Deuses Egípcios e seus respectivos avatares no interior da pirâmide de Gizé. Lá, os dois até tentam alertar sobre os riscos por trás das ambições de Arthur Harrow, mas logo dá pra perceber a indiferença dos outros deuses com relação a essa "pauta". A cena é interessante, pois percebemos a riqueza da mitologia e que na verdade os deuses não querem um envolvimento direto com os humanos, ao contrário de Khonshu. Para surpresa de quem assiste, o diálogo é solucionado de uma forma um tanto quanto rasa, pra não dizer boba.

Uma avatar, logo em seguida, procura Marc e dá a ele uma dica sobre como encontrar a tumba de Ammit, mesmo não possuindo o escaravelho dourado e, com a ajuda de Layla e os conhecimentos sobre o Egito Antigo de Steven, eles seguem até um mercador de nome Anton Mogart (Gaspar Ulliel). Todavia, os planos não saem como o previsto e Marc precisa invocar o Cavaleiro da Lua e o segundo e principal conflito do episódio acontece. Uma das cenas mais empolgantes inclusive é o Cavaleiro da Lua utilizando sua capa para proteger Layla de tiros e revidando os projéteis com o movimento da mesma.

Aproveito para fazer um adendo sobre Mogart. Nos quadrinhos, ele é a pessoa por trás do Homem da Meia-Noite, ladrão de artefatos antigos e antigo inimigo do Cavaleiro da Lua. O ato Gaspar Ulliel, que deu vida a esse personagem, infelizmente veio a óbito no início deste ano, após um acidente de esqui. Por essa razão, “O Tipo Amigável”, termina com uma dedicatória póstuma ao ator.

A sequência mais marcante do episódio fica por conta de Steven, agora como Cavaleiro da Lua, que com a ajuda de Khonshu altera o céu, meio que como se estivessem o rebobinando, para as constelações de cerca de muitos anos atrás. Ali finalmente deu pra ver o bom uso do orçamento da série, já que em vários momentos a impressão é de que estamos vendo cenas do jogo Mortal Kombat. Como se o Cavaleiro da Lua e Khonshu simplesmente não estivessem inseridos no mesmo plano dos outros personagens. Artificialidade que chama? CGI piegas?

Um ponto positivo do episódio é perceber quão bem Isaac faz a transição entre as personalidades. As nuances e dualidades são perfeitamente executadas, parecendo duas pessoas completamente diferentes. Devo salientar, que isso não significa que os personagens sejam daqueles que entrarão no hall de favoritos e a culpa aqui não é do ator, pois ele é incrível. O texto simplesmente não é construído de uma forma que nos faça nos afeiçoar aos personagens, nem traz os chamados coadjuvantes âncoras, que nos ajudem nesse processo. De acerto entre os personagens até o momento, apenas o vilão interpretado por Ethan Hawke.

A série mesmo em sua metade parece simplesmente não embalar. Não dá vontade de esperar pelo próximo capítulo. Uma pena.

De alguma maneira, as conexões não são feitas e os personagens simplesmente não despertam empatia. Falta uma fagulha ou talvez falte contexto. O próximo episódio pode ser crucial para mexer nessa dinâmica. Talvez um episódio com flashbacks para melhor explicar a relação entre Marc e Khonshu, assim nos fazendo desenvolver a empatia que falta por ele, ou até mesmo, justificando essa dupla personalidade. É esperar e torcer.


Nota: 6,5


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