Série começa a engatar com um segundo episódio envolvente

O Universo Cinematográfica da Marvel está se expandindo tão rapidamente que ás vezes parece ser até cansativo acompanhar e consumir tudo que sai com o selo da Marvel Studios. Em um ritmo de quatro filmes por ano e Deus sabe lá quantos séries em desenvolvimento, eu me pergunto se ainda há cartas-surpresa na manga do Kevin Feige

Nos quadrinhos o universo da Marvel possui bastante diversidade em sua mitologia e apesar disso transparecer também nas adaptações em mídia audiovisual, não tem como negar que parte de suas adaptações parecem formulaicas e seguem um padrão já conhecido e adorado pelo público que é sinônimo da Marvel agora. Cavaleiro da Lua apesar de não abrir a porta da parte mágica/sobrenatural no UCM, já que Doutor Estranho foi lançado antes, apresenta uma faceta diferente do que já vimos anteriormente. 

O avatar de Khonshu, deus egípcio da lua, pode protagonizar uma série bastante diferente do que já vimos várias vezes antes no UCM se esse segundo episódio for indício do que veremos pela frente, apesar da mesma ainda cair nos mesmos problemas corriqueiros que são encontradas em outros filmes e séries do universo. 


Em seu segundo episódio a série do Cavaleiro da Lua estabelece mais ainda o transtorno dissociativo de identidade de Marc Spector e Steven Grant, interpretados de forma esplêndida pelo Oscar Isaac (Duna, Star Wars), que realmente está dando a melhor atuação que pode e não se encontra no piloto automático como visto em A Ascenção Skywalker. Os maneirismos e atitude de Spector e Grant são completamente distintos e Isaac consegue transmitir isso da melhor maneira possível, e o roteiro também sabe trabalhar com esse aspecto de uma forma bastante competente. 

A atuação de Ethan Hawke (Fé Corrompida, Dia de Treinamento) também não desaponta, apesar de não estar no mesmo nível das interpretações anteriores do ator. Hawke possui uma atuação mais naturalista e minimalista, e apesar de isso ainda ser visto em sua interpretação do vilão Arthur Harrow, é difícil ser completamente naturalista quando se interpreta um super-vilão. Mesmo assim, Hawke dá nuance ao personagem que é líder de uma seita e um fanático fundamentalista, alguém que impõe autoridade sendo uma figura que possui desígnios divinos enquanto convence multidões de se juntar a sua causa. O roteiro mostra muito bem as características de uma seita, como na cena onde o Hawke justifica atos hediondos com uma analogia, algo que se pode notar em várias seitas da vida real.


O episódio também introduz Layla El-Faouly, interpretada por May Calamawy (Djinn, Juntos mas Separados), esposa de Marc Spector que estava em busca dela por bastante tempo. No tempo de tela que a personagem possui podemos ver que ela é uma personagem por si só e não apenas uma extensão de seu par romântico masculino, algo que acontece bastante com personagens femininas. A confusão de Layla ao ver que o Steve Grant no controle dá ao episódio uma carga dramática necessária que ficou em falta no primeiro episódio. A inabilidade de Grant em conseguir se relacionar e seu apego imediato a Layla torna ele um personagem que o público consegue simpatizar muito mais facilmente do que com o Spector, um mercenário frio que tomas as decisões necessárias mesmo que essas sejam as mais desagradáveis. 

A direção de Aaron Moorhead e Justin Benson (O Culto, Synchronic) casa perfeitamente com o tom e atmosfera da série. Os diretores dirigiram filmes cult com tramas surreiais antes e foram uma ótima escolha para a direção da série. As cenas de ação são dinâmicas e mesmo as cenas sem ação são filmadas de uma forma estilizada que dá a série um sabor diferenciado se comparado com outras série do UCM. Moorhead e Benson usam truques que pensei que não veria no UCM, como em um freeze frame no meio do episódio, e isso mostra que talvez as séries permitam um maior controle criativo dos cineastas do que nos filmes do universo. 


O roteiro de Michael Kastelein (Falcão e o Soldado Invernal, Truth be Told) é eficiente, mas cai em alguns problemas que já foram vistos várias vezes antes no UCM. Em uma das lutas há um alívio cômico que se estende por tempo demais, algo totalmente desnecessário que dava para ser cortado. Havia milhares de outras formas de mostrar o conflito interno do Grant em seu questionamento se deve ou não dar o controle pro Spector quando ele se vê em uma luta na qual ele sabe que não pode vencer. Ao invés de fazer o momento ser mais sério, algo que seria condizente, as piadas visuais tomam conta e a carga dramática é diminuída, o que infelizmente mina o potencial da cena.

No fim, o segundo episódio do Cavaleiro da Lua não é perfeito, mas sabe como desenvolver tanto a trama quanto seus personagens e prepara terreno pro que estar por vir, com o destaque indo para as atuações e a direção única, apesar de falhar aqui e ali como o CGI pífio em algumas cenas. Mas até então a série tem bastante potencial para ser a melhor dessa leva de séries da Marvel no Disney+ se continuar sendo consistente.

Nota: 8

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