A nova série da Amazon Prime A Lenda de Vox Machina, é uma animação inspirada pelas narrativas do grupo americano Critcal Role, que fez sucesso com lives de RPG no YouTube. Por contar com uma equipe de dubladores profissionais, eles elevaram o jogo a um nível profissional nunca antes visto, fazendo com que as aventuras deles se tornassem internacionalmente reconhecidas a ponto de a Amazon se dispor a animar uma de suas narrativas.
Por ser uma adaptação de uma saga de RPG, que conta a história do destinto grupo de mercenários Vox Machina, a série conseguiu trabalhar bem o roteiro de forma que a motivação de personagens tão diversos e característicos, sejam alinhadas, ponto difícil de se adaptar, já que cada sessão de RPG pode chegar a ter 3 horas e os episódios, tem no máximo 30 minutos. O enredo em nenhum momento é prejudicado ou simplificado por esse aspecto, já que há intriga políticas interessantes e um bom desenvolvimento de personagens, que se aprofunda ao longo dos episódios, com revelações que ocorrem apenas ao final da série.
Os personagens secundários também são interessantes e a série apresenta reviravoltas relativamente surpreendes, já que a princípio, parece uma história bem genérica, por conter todos os clichês de uma partida de RPG.
Porém apesar de, em sua maioria,
serem bem contados e divertidos, alguns episódios têm problemas de ritmo, por
mais que sejam curtos. Eles variam entre momentos quase sem propósito e
momentos empolgantes.
Vale ressaltar que algumas escolhas
de diálogos são bem inoportunas, mas a maioria é tolerável, então não estragam
a experiência da série.
Um ponto negativo deriva de
alguns elementos serem jogados na trama e acabarem sem nenhuma resolução
definida, aparentemente por preguiça do roteiro. Preguiça essa que as vezes faz
com que personagens tomem atitudes não tão inteligentes para a história seguir.
Mas são poucos casos, o que não compromete a linha de raciocínio da série já
que todos os elementos principais do enredo se amarram no final, até mesmo
alguns que pareciam que também seriam esquecidos, fazendo com que toda a
história tenha um final bem coerente.
Por fim, o roteiro protege
bastante os personagens principais e não tem coragem de tomar decisões
drásticas, mesmo em momentos propícios. Provavelmente já esperando uma
continuidade da série. Entretanto, essa decisão faz com que você não tema pela
vida deles a maior parte do tempo, já que eles sempre são salvos, algumas
vezes, milagrosamente. Mas deve-se pontuar que esse sacrifício do enredo
desenvolve os personagens no final das contas, não sendo uma decisão vã, tomada
por pura covardia.
Todo episódio é como uma
missão secundária de um arco principal, essa opção narrativa não prejudica a
série justamente por estes desvios estarem sempre amarrados com o contexto central da trama.
As criaturas que eles
enfrentam são muito bem explicadas. Todas têm suas fraquezas, o que faz com que
nenhuma luta seja genérica e todas exijam que os personagens se superem, pois a
princípio o adversário sempre parece invencível.
O grupo conta com sete integrantes e é difícil dizer que algum deles seja o protagonista ou um coadjuvante, mas o arco se desenvolve com o foco na história de Percy de Rolo (Taliesin Jeffe), sendo assim, nessa primeira temporada, ele pode ser considerado sim o principal da série, mas o grupo Vox Machina, inegavelmente é o foco.
As personalidades dos protagonistas são todas bem desenvolvidas e bem únicas! Provavelmente, cada espectador irá se identificar com um personagem diferente, ainda mais se for um jogador de RPG. Todos são aprofundados, fazendo com que seja possível entender o modo de são e agem.
Há momentos de interação
entre os personagens principais, que aumenta bastante a noção de proximidade do
grupo, tornando crível que eles realmente são amigos. Alguns podem achar que são
cenas apenas para enrolar, mas elas desenvolvem toda a relação entre aquele grupo
tão distinto.
Outro elemento muito interessante para fãs de RPG é que, há situações em que os personagens, apesar de serem habilidosos, falham na tarefa que estão realizando, assim como em uma partida de RPG onde os dados não estão do lado do jogador.
A animação em geral é muito
boa, apenas em certos momentos ela parece ser um pouco preguiçosa, seja no
traço ou na movimentação dos personagens. Os cenários não são memoráveis, pois
são muito genéricos, mas o time é bem criativo na construção de algumas cenas.
Os poderes e classes dos
personagens são bem explorados também! Os jogadores de DnD (Dungeons and
Dragons) conseguirão identificar muitas magias do jogo em ação, assim como as
raças e classes dos personagens.
As lutas sempre são criativas
e viscerais, dando um senso de urgência nas batalhas. A maioridade delas possuem planos
bem construídos, em especial nos últimos episódios, sendo possível entender
tudo que está acontecendo na cena. A violência explícita traz peso,
criando um senso de realismo que não se esperaria em um desenho, seguindo os
padrões das animações produzidas pela Amazon
O único personagem que
parece ser mal aproveitado é o Urso, companheiro de uma das personagens. Não
tendo nenhuma participação relevante durante toda a série.
A trilha sonora é
aceitável, com temas bem típicos de obras de fantasia. O destaque vai para as músicas tocadas pelo bardo Scalan (Sam Riegel), que não canta melodias medievais, sendo
praticamente um "rockstar". Esse alívio cômico pode incomodar alguns, já que é
bem destoante de todo clima da série.
A Lenda de Vox Machina é uma excelente animação
de assistir para se divertir. A série é consistente e entrega ao fim
exatamente o que se espera de uma aventura empolgante. Assim como em
Invencible (série animada de super heróis da Amazon), deixa o espectador ansioso por uma segunda temporada, na
expectativa de que os pontos negativos possam ser melhorados em uma nova saga.
Nota: 7,3
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