Guillermo Del Toro em seu longa-metragem nos primeiros prêmios de suas ideias multiplas e geniais que viriam a crescer cada vez mais.



Sem enrolações o filme nos leva ao México onde nos apresenta ao nosso protagonista Jesús Gris (Federico Luppi) que é dono de um antiquário onde ele abriga uma escultura que dentro da mesma contém um McGuffin com o formato de um besouro e de ouro antigo, criado por um alquimista que entrando em contato com a pessoa, se torna imortal, ao lado de sua neta Aurora (Tamara Shanath) ele vai precisar encontrar um jeito de lidar com as consequências dessa imortalidade ao mesmo tempo que vai ter que lidar com pessoas que procuram pelo objeto para ter o que ele tem, como o milionário Dieter de la Guardia (Claudio Brook) e seu sobrinho inconsequente Angel (Ron Perlman).

O filme já começa em uma pegada mística e sobrenatural já bastante presente sem se desviar a maior parte da obra, o tom obscuro e nebuloso presente ressalta perfeitamente o que o protagonista vai passar daqui em diante após entrar em contato com o objeto misterioso, note que as cores e até o tom da obra mais lúcido no começo, com o Jesús Gris em seu antiquário ao lado de sua neta silenciosa é de cores embora não quentes, mas pelo menos com mais luminosidade natural/ambiente, com passar da obra, com a decadência, isso vai mudando para cores neutras e o gótico pega firme sobre o filme. A técnica hoje em dia já é clichê para muitos, mas ainda é impressionante.

O filme traz uma narrativa redonda, tendo seu objetivo sempre afirmado e reafirmado depois em um diálogo mais a frente da obra, ele é bem coordenado e a duração ajuda bastante, mesmo que sua pouca duração possa apressar algumas coisas, que já vou falar em breve, é de impressionar como o filme em muitos momentos que poderia ser expositivo ao extremo e simples em algumas passagens, ele se mantém constante, é ótimo acompanhar a desconstrução do personagem principal ao ver os efeitos do objeto em seu corpo, é incrível ver como a obra vai a beleza e ao gore em questão de instantes, algo que o Guillermo sabe fazer de melhor.



Claro que o filme traz suas irregularidades, que é como a obra no seu terço final, que até então estava indo de forma coerente com tudo de forma única, vai desleixadamente descendo um pouco para algo formulaico e previsível, lógico que não afeta como a obra em si se sustenta, seu primeiro ato é lindo e o meio do filme praticamente intacto, mas a questão toda em volta dos antagonistas é bem falha no terço final, com direito a mirabolantes plots, mas que se você estiver entretido o suficiente não vai se incomodar nem um pouco.


Aliás os vilões são bons, apesar do que já havia dito, a motivação de Dieter é algo filosófico e religioso, o que o diretor faz questão de escancarar na obra é o forte viés a religiosidade principalmente com o tema da "ressurreição", algo que vai fazendo muito sentido com passar da obra, o capanga e sobrinho Angel feito de forma maluca e sarcástica por Ron Perlman é fantástico, é bom ver o ator em papéis assim sem perder alguma relevância.


Por ter falado em gore, o trabalho de maquiagem é feito de forma magistral, aqui já veremos o que seria marca registrada em muito dos filmes do Del Toro no gênero, toda a passagem do Gris de um homem saudável para simplesmente uma casca do que já foi é incrível, apesar que muitos vão achar simples, para mim é um tesouro, é um excelente trabalho visual.



Conclusão: Elegante e atmosférico, Cronos é uma obra digna de aplausos sim, a obra escreve o nome do Del Toro no hall de futuras promessas na época, com um filme que acrescenta de tudo um pouco ao cinema que conhecemos, é uma pedida ótima para aqueles que procuram pensar sobre a imortalidade e com uma pitada de bizarrices na tela. Nota: 8 😄

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