Case Comigo aposta na leveza das comédias românticas da década de 1990 e mostra que alguns clichês são muito bem-vindos.
A rainha das comédias românticas está de volta. Fora das telonas desde 2019, quando lançou o elogiado As Golpistas, Jennifer Lopez retorna do jeito que a gente gosta: atuando e ainda por cima cantando!
Se você é daquelas pessoas que sente saudades da boa e velha comédia romântica, repleta de clichês, bem no estilo conto de fadas e com os clássicos elementos narrativos que tanto gostamos, se prepare que esse momento é nosso!
Case Comigo (Marry Me) é uma comédia romântica distribuída pela Universal Pictures baseada no livro de mesmo nome de Bobby Crosby. A direção do filme é assinada por Kat Coiro, que comandará o episódio piloto de Mulher-Hulk, série da Marvel que será lançada em breve, e que dirigiu vários episódios de outras séries bastante conhecidas do público, como Modern Family, Brooklyn Nine-Nine e Disque Amiga para Matar. O longa é estrelado por J Lo (que também faz parte da produção), Owen Wilson e Maluma.
Case Comigo conta a história de uma pop star, Kat Valdez (Jennifer Lopez), que decide se casar durante um de seus shows com um cara aleatório que está presente na plateia, após descobrir que está sendo traída por seu parceiro, o também astro, Bastian (Maluma).
A partir daí, acompanhamos os desdobramentos dessa decisão um tanto quanto impulsiva de Kat, uma vez que o homem escolhido por ela é Charlie Gilbert (Owen Wilson), um simples professor de matemática, divorciado e pai, que topa embarcar nesse devaneio ao perceber que a cantora não está passando por seu melhor momento.
O que era para ser um simples trato, aos poucos vai se tornando algo mais a partir da convivência, como em todo bom conto de fadas. Vale lembrar, que Kat e Charlie fazem partes de mundos completamente distintos e não será fácil para os dois se adaptarem a realidade um do outro e aos desafios de serem observados por milhões de olhares curiosos.
Charlie é um homem que tem medo de se arriscar e encontra em Kat uma forma de sair de sua zona de conforto. Por sua vez, Kat encontra nele a normalidade ausente em sua vida corrida e presa às aparências e mídias sociais.
É importante destacar que assistir a uma comédia romântica onde temos um casal mais maduro no protagonismo é um deleite, afinal de contas romances teen já temos de sobra. Mesmo que seja uma narrativa extremamente previsível, com eventos um tanto quanto exagerados e pouco realistas, ela é agradável, apesar de tudo convence, e você mal sente o tempo passar enquanto assiste.
J Lo e Owen Wilson formam um casal fácil de se torcer, ainda que improvável, graças a química dos dois. Jennifer Lopez encarna com excelência uma mulher independente, mas ao mesmo tempo vulnerável. É como se ela fosse feita para atuar nesse gênero de filme. Owen Wilson apesar de parecer reprisar papéis, como sempre acerta a mão e entrega um personagem extremamente carismático, ainda que tímido.
Aproveitando-se do contexto ideal, os números musicais do longa entregam muito. O single que recebe o nome do longa, Marry Me, é aquela canção chiclete, que dá vontade de ouvir mesmo após o filme. Além disso, não dá pra negar que assistir a J Lo dançando e cantando no palco, bem como Maluma, em meio a toda uma super produção, já fazem valer o ingresso.
O cantor colombiano Maluma tem sua estreia como ator, dando vida ao também cantor Bastian. Sua atuação é um tanto quanto caricata, mas aceitável para a proposta. Como em toda comédia romântica, os protagonistas estão rodeados por personagens responsáveis propriamente pela comédia. Nesse quesito, o destaque vai para a amiga de Charlie, Parker (Sarah Silverman), que acerta no timing de humor e garante momentos leves e divertidos para o filme.
O arco do colégio, onde acompanhamos o grupo de matemática treinado por Charlie é leve e repleto de representatividade. Aquela simplicidade que a gente precisa. Como o filme é inspirado em romances da década de 1990, é de se esperar que nem tudo nós vejamos com os mesmo olhos de antes, e que por vezes reconheçamos o machismo até mesmo em personagens afáveis como o de Charlie. No entanto, é justamente na imperfeição dos personagens, que somos cativados e rendidos à simplicidade da história.
O longa atingiu excelentes números na plataforma de streaming Peacock. No Brasil, ele foi lançado nos cinemas em 10 de fevereiro, mas muito pouco repercutiu. Certamente, se o longa chegar em streamings populares por aqui, receberá o destaque merecido.
Se você é fã de comédias românticas como Letra e Música, Encontro de Amor, vai se encantar com essa trama.
Termino a crítica com algo para reflexão que não canso de repetir: quem disse que um clichê de vez em quando não cai bem?
Nota: 7,5
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