Crítica | Missão Resgate (The Ice Road, 2021)

Se tem algum ator das antigas que conquistou espaço nos últimos tempos em filmes de ação, este é Liam Neeson. Aos 69 anos de idade, Neeson começou a atuar em longas do gênero na última década e meia. Um pouco tardio, podem dizer alguns, mas, em sua melhor forma na profissão, o ator participou de excelentes filmes nesse tempo, tais como a trilogia “Busca Implacável”, “Esquadrão Classe A”, “Desconhecido”, “Sem Escalas”, “O Passageiro”, dentre outros.

Agora, o ator participa de mais um filme que segue nesta esteira. Com um orçamento de US$ 20 milhões de dólares, e distribuído pela Imagem Filmes, “Missão Resgate” é escrito e dirigido por Jonathan Hensleigh (de “O Justiceiro”, 2004), um conceituado diretor/roteirista que apresenta um filme até um pouco genérico, mas que não deixa de ser tenso.

Na trama, Mike McCann (Liam Neeson, de “A Lista de Schindler”, 1993), um experiente motorista de caminhão, é recrutado por Jim Goldenrod (Laurence Fishburne, de “John Wick 3: Parabellum”, 2019) para liderar uma missão de resgate de um grupo de mineradores depois que uma mina de diamantes desmorona na região norte do Canadá, resultado de uma explosão por causa da alta concentração de gás metano. Enfrentando baixas temperaturas e grandes tempestades, ele e sua equipe têm apenas 30 horas para transportar uma enorme carga de cilindros sobre rios congelados e tentar salvar a vida dos mineradores soterrados. Mas, as condições climáticas pioram a cada minuto, tornando a missão cada vez mais difícil. Dentre o pessoal que participa da equipe de resgate, está o irmão de Mike, Gurty (Marcus Thomas), um mecânico muito talentoso e veterano da guerra do Iraque que sofre transtorno de estresse pós-traumático.

Um dos grandes méritos de “Missão Resgate” é que, diferente dos demais filmes do mesmo gênero em que Neeson têm participado, o personagem do astro tem que lutar contra as forças da natureza ao precisar atravessar as estradas de gelo do lago Winnipeg prestes a descongelar; nestes casos, o caminhão precisar manter uma velocidade média, para não quebrar o gelo. Mas, ao mesmo tempo, ele também precisa correr contra o tempo, a fim de conseguir chegar na mina antes que os mineradores morram sufocados, dentro do período de 30 horas. Tudo isso em meio a uma grande tempestade, que atrasa a viagem ainda mais.

Apesar de “Missão Resgate” ser moldado com uma narrativa um pouco genérica e previsível, já vistos em tantos outras produções, ainda assim é um filme tenso carregado de ação e suspense – além de ter seus méritos próprios de contar uma história. Lutar contra as forças da natureza, nas condições apresentadas no filme em tela, é algo bem mais complicado e mais difícil do que aparenta ser, além de ser completamente diferente de lutar contra “forças humanas”, empecilhos, obstáculos e outros tipos de problemas apresentados pelos personagens que são os vilões. E “Missão Resgate” introduz ambos elementos em sua narrativa, das quais o personagem de Liam Neeson têm que lidar para conseguir salvar os mineradores soterrados.

A presença dos dois elementos inimigos – força hostil da natureza e pessoas que não desejam que o salvamento ocorra – faz de “Missão Resgate” mais tenso e prende ainda mais a atenção, pelo fato dos personagens terem que enfrentar dois tipos de problema ao mesmo tempo. Porém, o diretor Jonathan Hensleigh consegue coordenar e explorar os dois elementos ao longo do filme no ritmo certo, sem atropelo de narrativa e manter uma história bem estruturada, conseguindo, assim, entregar uma tensa e angustiante aventura.

Algumas cenas – principalmente as de ação – acabam por ser exageradas, mas se fazem necessárias para cumprir a função que o longa se propõe a apresentar, que é apenas a de divertir e distrair, além de contar uma história de salvamento. E, dentro desta proposta, o exagero se justifica para que o filme consiga dar sequência em sua narrativa e, assim, conduzir a história até seu desfecho.

“Missão Resgate” é uma boa opção de filme, rápido e não muito longo, com cenas tensas de ação e suspense, que consegue agradar àqueles que querem um bom filme para se distrair. As adversidades que a força da natureza impõe e as dificuldades que o personagem tem que enfrentar ao longo de sua missão de resgate, além das barreiras criadas por decisões executivas, criam um ritmo dinâmico; principalmente por causa do fator tempo – tempo curto – que o personagem principal também tem que lidar. E, todos os fatores adversos que tentam lhe impedir sua tarefa de resgate são bons elementos presentes em um filme de ação, que fazem a história ficar mais angustiante ainda.

Embora “Missão Resgate” seja um pouco genérico, o filme em tela tem seus méritos próprios e entrega um material bastante tenso e carregado de suspense, além de manter o mesmo padrão de outras produções de Liam Neeson. E mais: o ator continua fazendo um trabalho incrível e convincente. É inegável que o ator é um dos melhores de sua geração e sua atuação é impecável.

Liam Neeson é um excelente ator que se destacou nos últimos anos ao participar de filmes de ação; é incrível como o astro tem toda essa disposição para atuar em longas desse gênero na idade em que ele está. E, à beira dos 70 anos, Neeson não diminui o ritmo ao participar de mais um filme de ação policial, “Agente das Sombras” (Blacklight, no título original), cuja data de lançamento está prevista para 10 de março deste ano.

“Missão Resgate” está disponível para assistir na Amazon Prime Video.

Nota: 8.0