Com protagonistas carismáticas, "A Vida Sexual das Universitárias" diverte e conscientiza.
A entrada na universidade pode ser um marco na vida de um jovem. No caso dos Estados Unidos, ao fim do High School, que corresponde ao Ensino Médio no Brasil, os estudantes, de modo geral, se inscrevem para as instituições de interesse, à espera de uma carta de aceite, para então se decidirem por qual universidade ingressar. É um processo que pode ser estressante para muitos, mas que é um passo significativo para o início de uma carreira.
É nessa etapa também, que o jovem deixa sua casa e passa a morar no campus, longe de sua família. Esse novo passo o ajuda a desenvolver a sua independência e, especialmente, marca o início de muitas descobertas sobre o mundo e, princialmente, sobre si mesmos. Partindo dessa premissa, a série da crítica de hoje segue a vida de quatro estudantes ao longo de dez episódios.
The Sex Lives of College Girls, que ficou conhecida no Brasil como A Vida Sexual das Universitárias é uma série de comédia dramática criada por Mindy Kaling e Justin Noble e lançada no HBO Max no dia 18 de novembro de 2021. Mindy Kaling já é um nome conhecido na indústria. Ela que se destacou por atuar na série The Office, também é responsável pela criação de outra série de sucesso, Eu Nunca (Never Have I Ever), do streaming Netflix.
Na trama acompanhamos a vida de quatro jovens que dividem um alojamento na Universidade de Essex e que estão iniciando o primeiro ano de sua vida universitária. Kimberly (Pauline Chalamet) é uma garota de origem simples, um tanto quanto ingênua, que precisará conciliar os estudos a um trabalho de meio período para se manter. Bela (Amrit Kaur) é uma jovem de origem indiana que sonha em ser uma escritora de comédia e busca viver sua liberdade sexual como nunca, ainda que sua família conservadora não esteja a par disso. Whitney (Alyah Chanelle Scott) é filha de uma senadora amplamente conhecida. Além de jogar no time de futebol da Universidade mesmo sendo caloura, a jovem vive um affair com seu treinador. Por fim, temos Leighton (Reneé Rapp), que vem de uma família muito rica e, por isso, pode ser extremamente mimada e esnobe. Sua personalidade e dificuldade de se abrir com as pessoas tem relação com um segredo que ela guarda às sete chaves.
Mindy Kaling mais uma vez acerta em cheio na construção dessa narrativa e se consolida cada vez mais no cenário da comédia dramática. A escolha de suas quatro protagonistas é assertiva e, acima de tudo, é carregada de diversidade e equilíbrio, de modo que conseguimos ter interesse pelo plot de todas as quatro quase que de maneira equitativa.
Apesar de girar em torno da desgastada vida universitária, a série traz personagens que fogem aos padrões e, por isso, consegue debater com sucesso pautas que são extremamente relevantes e atuais. Ainda que recheada de humor, o show tem momentos com falas enfáticas e importantes sobre o assédio, homofobia, sexualidade, racismo, dicotomias sociais dentre outros temas.
Mindy apresenta situações bem exóticas e pouco faladas em outros produtos do gênero, o que resulta em diversão garantida. O sexo, que intitula a história, é mostrado sem "frescura" e é explorado de forma empoderada e visando a quebra de tabus. Mas é claro que teremos as boas e velhas festas de fraternidades, sempre regadas a muita bebida e clichês.
Além de protagonistas carismáticas, a série nos ganha pelas imperfeições, algo já explorado pela criadora da série em Eu Nunca, só que em vez de no Ensino Médio, a nível universitário dessa vez. Elas erram, mentem, por vezes nos aborrecem, no entanto, nos cativa assisti-las se superando e amadurecendo. É uma amizade de opostos que funciona demais.
Das quatro, Pauline Chalamet, irmã do queridinho de Hollywood, Timothée Chalamet, mostra que talento está no DNA e entrega a personagem mais emblemática da série. A princípio a gente imagina que ela será aquela estudante no perfil mais "contido", mas a série não demora a desenvolvê-la e mostrar seu desabrochar nos dez episódios da primeira temporada.
De pontos negativos contamos com alguns excessos. Um deles é o fato de justamente a equipe de comédia da faculdade ser a menos engraçada de todos os núcleos. Mas nada que interfira na experiência de assistir.
Os dois últimos episódios da temporada chegaram ao HBO Max no dia 09 de dezembro e garantiram momentos de muita emoção, mas não se preocupem, pois A Vida Sexual das Universitárias teve sua segunda temporada já confirmada pela Netflix. Assista e divirta-se!
Nota: 8,0
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