Gavião Arqueiro encerra bem sua primeira temporada, com uma trama sólida e desfechos para seus principais arcos.

Nesta quarta-feira, dia 22 de dezembro, chegou ao fim a primeira temporada da série da Marvel Studios para o Disney+, Gavião Arqueiro (Hawkeye). O sexto episódio esbanjou carisma, garantiu muita emoção, elevou o nosso espírito natalino a mil, trouxe sequências impressionantes de ação e confirmou algo que já sabíamos, o formato de série apostado pela Marvel realmente funciona. 

******SPOILER ALERT*******

O sexto episódio dá desfecho aos principais eventos da temporada. Na verdade, essa é a principal diferença de Hawkeye para as demais séries da Marvel. Boa parte da trama tem fechamento de arcos, ao contrário das outras séries que se encerraram dando margem para inúmeros desdobramentos. E isso é ruim? Não! Aqui a fórmula do sucesso foi apostar no simples mas bem executado.

Já ao fim do quinto episódio temos o primeiro vislumbre evidente do Rei do Crime, Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio). No início do sexto acompanhamos a conversa entre ele e Eleanor Bishop (Vera Farmiga). Como previsto, descobrimos que em razão de uma vultosa dívida feita pelo falecido marido, Eleanor continuou mantendo negócios com Fisk. Pra piorar, descobrimos que é ela quem está por trás do assassinato de Arman (Simon Callow), além de também ter propositalmente incriminado Jack Duquesne (Tony Dalton), seu noivo, e ainda por cima ter contratado Yelena para assassinar Clint Barton. Uma lista expressiva de crimes, portanto, pesa na conta da mãe de Kate Bishop.

Vincent D'Onofrio, que repete seu papel da série Demolidor da Netflix, domina seu personagem mais uma vez com maestria e transmite toda a imponência e vigor de um dos vilões mais emblemáticos da Marvel. O episódio garante ainda cenas em que vemos a incrível capacidade física do Rei do Crime, um pouco desproporcional em alguns momentos, mas ainda assim impressionante.


Me surpreendeu que o principal embate tenha ficado entre ele e Kate (Hailee Steinfeld), em vez de Clint (Jeremy Renner). Kate mostra que, apesar de jovem, ela tem um repertório interessante nas artes marciais e que sabe improvisar o quanto for preciso. As lutas são bem coreografadas e não deixam de exibir que ela é claramente uma iniciante, o que torna o resultado ainda mais interessante. Ao final, dá pra perceber que o duelo com um vilão tão poderoso é de fato a passada de bastão e "promoção" de Kate à categoria oficial de heroína.
Cabe, no entanto, à Maya (Alaqua Cox), a missão de eliminar de vez (ou não) o Rei do Crime com um tiro. Pelo menos é o que querem que nós pensemos, já que não vemos de fato o ato em si, apenas ouvimos o disparo e tiramos nossas próprias conclusões. Que ele é duro de matar já constatamos, resta saber o que os criadores da série têm em mente quanto ao destino destes personagens. Até o momento sabemos que spin-off  da personagem Eco está em desenvolvimento.

Um dos grandes momentos do season finale é a sequência do tiroteio na festa de Natal. Em especial, pois ela culmina no interessante e mais uma vez hilário encontro entre Kate e Yelena (Florence Pugh). A química entre as personagens ultrapassa qualquer expectativa, a repercussão é enorme e, obviamente, a audiência já clama por mais material que promova a interação entre as duas personagens (eu pessoalmente quero filme, série, caneca, camisa, TUDO).


O encontro garante uma rivalidade com uma atmosfera divertida, já que as duas estão se tornando de certa forma amigas, e nele fica claro uma certa superioridade de Yelena, afinal de contas esta passou por um treinamento bem mais específico pra se tornar uma viúva negra, mas comprova que Kate não fica atrás em suas habilidades. As duas promissoras integrantes dos jovens vingadores renovam e empoderam o cenário de heróis, sem dúvida, e marcam talvez o principal acerto da série, que é arrebatar o público através do elemento carisma.

Outro momento marcante é a cena de ação em que Clint e Kate lutam contra dezenas de homens da gangue do agasalho, após finalmente assumir Bishop como sua parceira oficial. Munidos de flechas com as mais variadas tecnologias possíveis, inclusive uma que faz uma ótima alusão ao Homem-Formiga, vemos o quão poderosos são esses heróis que não possuem super poderes. Inclusive a série é enfática nesse aspecto. Num momento comovente do episódio, Kate narra a ocasião em que presenciou o Gavião Arqueiro combater alienígenas, quando ela era ainda bem criança, e conta como aquilo serviu de inspiração pra ela, justamente por ele fazer tudo o que fez sem ter um super poder.
Enquanto Kate ficou por conta de Fisk, Clint teve seu duelo com Yelena. A luta, no entanto, é breve e na verdade o encontro é mais um acerto de contas. Mais uma vez a série relembra Natasha Romanoff e evoca toda a nostalgia de sua morte em Vingadores: O Ultimato. Inconformada com a perda da irmã e culpabilizando Clint, Yelena acaba se comovendo quando o vingador faz o assobio que Natasha fazia para ela, o que mostra novamente como os vínculos com o MCU são cada vez mais fortes. Dessa forma, a nova viúva negra percebe que ele não é uma ameaça, e que assim como ela, amava Natasha encerrando assim sua caçada ao herói. 

Se algo não funcionou no episódio, foi a rasa reação de Eco ao encontrar o real responsável pelo assassinato de seu pai. Além disso, a morte de seu amigo/traidor e braço direito Kasi (Fra Fee) tentou emocionar, mas não conseguiu passar do clássico e blasé "ah eu sou vilão porque é quem eu sou".

Ao final, o nosso herói em busca de redenção consegue passar o Natal ao lado de sua família e, junto a isso, concretiza-se a suspeita de que a esposa de Clint é uma agente da S.H.I.E.L.D., quando ele a entrega o relógio recuperado do apartamento da Eco, o que abre um leque de possibilidades e teorias sobre a identidade de Laura (Linda Cardellini). Temos ainda um momento cômico no qual Kate busca pelo seu nome de heroína. 

Hailee Steinfeld confirma que é o verdadeiro acontecimento da série. Jeremy Renner, por sua vez, aproveita a oportunidade e cria um vínculo real com o público. A série é dele, mas ao mesmo tempo ele abre espaço pra Hailee brilhar e o resultado não podia ser outro: sucesso.

A cena pós-créditos decepciona ao trazer de volta o musical dos Vingadores do primeiro episódio, agora na forma completa recriando a batalha de Nova Iorque, "I Could Do This All Day". Parte do público pediu por isso e teve seu desejo atendido, mas pra mim, pessoalmente, a cena é indiferente. Não que houvesse a necessidade de algum gancho ou easter egg, mas que a cena envolve-se ao menos alguém relevante à trama.

Vale salientar que  os pequenos pontos negativos não ofuscam as qualidades daquela que, pra mim, foi a melhor série da Marvel por entregar o que muitos queriam: personagens novos que reascendem a chama e interesse pelos heróis. 

O último episódio, portanto, dá um bom encerramento aos seus arcos, desperta em nós um maior interesse por um vingador que antes tinha um tempo reduzido de tela, desmistifica a história de que os melhores heróis são aqueles que têm poderes e, principalmente, cria uma nova heroína que se torna a favorita de muitos e talvez a mais promissora dos últimos tempos, Kate Bishop. 

Agora é aguardar o sinal verde para uma nova temporada!


Nota: 9,0

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