A premissa da série era que Loki (Tom Hiddleston) que roubou o Tesseract em Vingadores Ultimato, foi preso pela Autoridade de Variações do Tempo, se preferir só AVT, uma organização burocrática com intuito de proteger uma única linha temporal sagrada e evitar que se crie inúmeras outras linhas do tempo e mundos distintos, no qual pelo que eles dizem Loki também infligiu essa lei, ao mesmo tempo existe uma variante dele mesmo tentando acabar com a AVT e ainda um mistério que permeia aquele lugar: quem é o seu criador?
O roteiro é competente ao formar todo o clima de mistério ao redor dessa agência, que não há como negar que está escondendo algo principalmente daqueles que trabalham lá, a trama começa de um jeito até bem simples para uma série com a premissa de viagens temporais visto que começamos de um jeito para estabelecer ambiente e personagens, os dois primeiros episódios são basicamente um prólogo para algo maior prestes a vim, e a série sobe de vez já no seu terceiro episódio adiante onde a loucura vai se formando e ficando cada vez mais evidente que tem muita coisa errada ali, os roteiristas estão de parabéns por fazer toda essa jornada ser instigante de uma forma deliciosa de acompanhar a cada semana. A execução de tudo é bem feita, por mais que em alguns momentos se tenha uma barriga com alguns diálogos bem longos, mas em outros momentos essas barrigas se fazem por necessário para entendimento de algo que para nós ainda era uma pulga atrás da orelha, e que na resolução final da temporada, tudo faz sentido e tudo se esclarece para nós, é incrível o rumo que tomou ter sido bem competente e quase sem deslize.
Mas a série não é só essa maluquice, ela é uma jornada de redenção, uma jornada de autoconhecimento do nosso protagonista, que nessa série não passou pelo arco do Loki que conhecíamos anteriormente, pelo contrário, esse tinha fome por poder, um glorioso propósito, aliás momento reflexivo, esse propósito que sempre permeia a série, sempre foi algo que Loki achava que era seu destino, mas esse destino não é governar a terra ou Asgard e matar seu irmão, mas sim ver um propósito de caminhar para um destino diferente, ele começa esse choque já no primeiro episódio ao ver que naquele universo onde ele está, uma jóia do infinito, um objeto cobiçado é algo meramente ilustrativo, que não serve para nada ali, e isso fluindo cada vez mais, Loki é o que é por ter medo, medo de ficar só e medo de ser um excluído, que é o que ele achava lá em Thor 1, que era apenas um monstro para assustar crianças nas histórias, e nisso o Deus da Trapaça foi se corrompendo, para ele seu propósito era isso, enganar pessoas e fazer coisas às custas delas, mas na verdade seu propósito como visto aqui é fazer coisas maiores do que ele mesmo, isso é visto principalmente no episódio de encontro com outros Loki de outras realidades, ele viu que a maioria era trapaceira e gananciosa, e que no fim eles estao fadados a fracassar de alguma forma por mais que tentassem, o destino de todos deveria ser a morte, e não passariam do encontro do Thanos, então fica no ar, será que vale a pena ser esse tipo de Deus?
Todos os personagens aqui são bem construídos e introduzidos, com destaque para Mobius M. Mobius (Owen Wilson) que tá extremamente divertido e contagiante, ele com Hiddleston conseguem fazer momentos excelentes de humor e seriedade na medida certa e eficaz, temos também a Sylvie (Sophia Di Martino) que está ótima a cada aparição que faz, nos convencendo já de primeiro momento ser uma Loki até mais superior que o nosso protagonista, que aliás o arco dos dois aqui é bem orgânico, é bizarro pensar que ele se apaixonou por ele mesmo? Sem dúvidas! Mas eu adorei esse ponto, é muito Loki uma coisa dessas hahaha, eles ficam muito bem juntos principalmente pelos diálogos, temos também a Caçadora B-15 (Wunmi Mosaku) uma personagem que achamos ser apenas uma coadjuvante na série se mostrou com mais nuances do que imaginávamos que teria, e não podemos esquecer das participações de outros Loki, como esquecer do Kid Loki (Jack Veal) já preparando terreno para o possível Jovens Vingadores, o Loki que matou seu irmão, o Loki Orgulhoso (DeObia Oparei) o que conseguiu a manopla do infinito, Loki Crocodilo, que é o melhor personagem da série! ao lado de Richard E. Grant como Loki Clássico, o mais poderoso Loki de todos. A película nos proporciona muitos momentos divertidos e cheio de referências que um leitor de quadrinhos sente gosto de ver e tentar encontrar cada Easter-Eggs até mesmo de acontecimentos da vida real.
Ao falar dos antagonistas temos a própria AVT, com Ravonna Renslayer (Gugu Mbatha-Raw) que faz o papel misterioso de sua personagem muitíssimo bem, que com seu final, não sabemos o que acontecerá com ela a partir de toda a verdade, mas claro que existe o cabeça de verdade por trás disso, pela criação dos falsos líderes os Guardiões do Tempo, e de mentir para todos, e foi a surpresa do episódio final, nós conhecemos o homem que fez tudo isso, que se autodenomina Aquele que Permanece (claramente é o Immortus) interpretado pelo ator Jonathan Majors, e só em sua aparição de 40 minutos já ficamos de cara com sua interpretação, claramente se divertindo com tudo, sendo alguém que parece ter ficado imperativo e um tanto enlouquecido por estar a tanto tempo ali, com segredos revelados e sua real motivação para ter criado a AVT também, aliás Miss Minutes (Tara Strong) é maravilhosa.
Ao falar da parte técnica da série, a série é tem alto nível não há como negar que a verba foi bem gorda para muitos momentos criados aqui, o CGI em boa parte oscila entre o ótimo e o mais caído, mas dá pra se aproveitar, o cenário é outro ponto positivo, o cenário para AVT é lindo, algo retrô e parece uma capa de livros sci-fi, não só ali como também Lamentis-1 e o Vazio. E entrando na parte de ação, a série cria isso bem, com momentos grandes como o episódio 5 em questão de poder, mas se você estiver esperando cenas de lutas "maravilhosas" e "incríveis" vai se decepcionar pois a coreografia aqui é bastante fraca, com alguns momentos legais mas no geral não é nem um pouco chamativo, e a série não vai se preocupar com isso, pois ser uma série de ação não é a prioridade.
E não posso deixar de comentar a maravilhosa trilha sonora criada pela compositora da série Natalie Holt, é espetacular inúmeros temas, ele ajuda a criar uma atmosfera quase caótica em muitos momentos e com certeza criou o tema definitivo para o Loki, uma das melhores trilhas do MCU.
Concluindo toda essa crítica, a série é excelente, tem seus deslizes, mas creio que não vai incomodar muitos que querem aproveitar cada momento dessa maluquice assim como eu aproveitei, a série reverberou todo o MCU de forma espetacular criando ganchos não só para sua continuação em uma segunda temporada mas também para muitos outros projetos, Loki com certeza se fez por necessária nessa fase 4, não só para construir ainda mais um personagem querido por fãs como o Loki, mas também ampliar esse universo de tal modo que fica impossível você não ficar animado para o que vão vir depois, Loki foi o começo do maior evento dessa fase, e pode reclamar da Marvel Studios, mas eles tem um planejamento de dar inveja, uma construção de universo ótima, e vamos ficar a espera agora, para a conclusão de toda essa construção, em breve.
Nota: 9,0 😃
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