Invocação do Mal 3 aposta no suspense e entrega um dos filmes mais marcantes da franquia.

Invocação do Mal é uma das poucas franquias do gênero suspense/terror que tem envelhecido bem. O terror americano dirigido por Michael Chaves e que tem o roteiro assinado por David Leslie Johnson-McGoldrick chegou nos cinemas brasileiros na quinta-feira (03) e em breve chegará ao HBO Max, streaming que no final desse mês estreará no Brasil.

O novo capítulo da franquia, que é baseado em fatos, vem contar a história de um suspeito de assassinato, Arne Cheynne Johnson, que tenta provar sua inocência ao alegar estar sob possessão demoníaca. E é claro que o casal Warren está mais do que envolvido nessa trama assustadora.

Novamente ambientada no passado, dessa vez no início da década de 1980, o que dá um charme a mais na atmosfera do longa, acompanhamos Lorraine (Vera Farmiga) e Ed (Patrick Wilson) em um dos casos mais complexos dos seus arquivos, que se inicia com o exorcismo de um menino que gera uma série de desdobramentos que exigirão cada vez mais a experiência dos dois investigadores paranormais.

Por falar em exorcismo, ressalto que essa é a grande sequência do filme. Ela consegue reunir todos aqueles elementos que os fãs tanto gostam em cenas do estilo: corpo se retorcendo, sangue, muitos gritos e desespero de todos os envolvidos.

Retornam aos papéis principais Vera Farmiga e Patrick Wilson que esbanjam entrosamento e encarnam seus personagens de uma forma extremamente realista e, sem dúvida, sustentam a franquia. Além de dominarem bem as técnicas requisitadas por filmes desse gênero, entre elas os semblantes capazes de transmitir o medo sem parecerem caricatos demais, os dois em cena, ainda que sendo um casal mais maduro, conseguem dar sutileza a um enredo que muitas vezes é pesado por si só. Acompanhamos ainda flashbacks do casal na juventude, o que agrega romantismo, que por uns pode ser visto como piegas, porém que serve para atrair um público mais diversificado.

Nessa nova história temos um roteiro que não inventa a roda e, por isso,  pode incomodar o fato da fórmula já ser “batida”. Contudo, vale salientar, que muitas vezes um texto amarrado, ainda que previsível, pode ser suficiente para nos prender e entregar aquilo que é proposto, em especial quando se trata de uma história real.

Uma das principais mudanças que dá pra se sentir desse filme para os dois anteriores, que tinham na direção o conhecido James Wan, é a escassez de "sustos". A grande aposta aqui, que pode ser do desagrado de alguns, está no suspense raiz, com uma atmosfera criada cuidadosamente para passar aquele desconforto de arrepiar. A ação também ganhou espaço, em especial no último terço do filme, dando um frescor e identidade própria ao thriller.

Uma novidade interessante no enredo desse terceiro filme está no fato de Ed nesse longa estar mais fragilizado de sua saúde, dando assim mais destaque e protagonismo a Lorraine, que dessa vez tem sua mediunidade ainda mais explorada. Ela ganha mais autonomia, o que rende cenas bastante interessantes, entre elas uma da floresta, que é destaque no trailer, que, infelizmente, entrega um pouco demais. A interação deles com a polícia também é uma parte cativante da trama, diferenciando um pouco dos demais filmes e derivados.

A figura do demônio também surge com uma abordagem um pouco diferente, dando uma ligeira inovada e agregando informações para quem gosta da temática,  através de curiosos símbolos e artefatos.

A fotografia é novamente um dos pontos fortes de Invocação do Mal. Os detalhes das decorações das locações, figurinos e objetos que remontam a década, como suas câmeras fotográficas, e outros detalhes tais como as legendas com aquelas fontes marcantes do período, tudo isso embalado por uma trilha sonora clássica de terror, dão um toque especial.

Colecionando acertos, vamos ao que poderia ser diferente. Não dá pra negar que com uns vinte minutos a menos, a trama teria ganhado agilidade. Somado a isso, um pouco mais do ponto de vista da promotoria no julgamento de Arne agregaria bastante no contexto histórico. 

Não deixe de conferir ainda a cena pós- créditos, pois é incrível e de arrepiar.

Em um ano carente de produções cinematográficas de relevância, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio surpreende e é um refresco para os cinéfilos de plantão, ao entregar um terror que não chega a ser de excelência, mas que é competente e que reafirma que a franquia veio para ficar.

Nota: 8,0

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