"À Espreita do Mal" surpreende e entrega um filme com excelentes plot twists! 

É impossível negar a emoção causada por uma grande reviravolta de uma história, um fenômeno que tem sido chamado atualmente de plot twist. À medida que o tempo passa, no entanto, os espectadores têm ficado cada vez mais treinados e, por isso, se torna muito mais difícil usar essa ferramenta e criar uma situação de fato imprevisível e inesperada em uma trama. Quando o longa consegue ser bem sucedido quanto a isso, ele se torna marcante e sempre será lembrado, algo que conseguimos experienciar em filmes como A Vila (2004), Ilha do Medo (2010) e Corra! (2017), por exemplo. Aproveite e ouça o episódio do nosso podcast sobre os melhores plot twists! 

No quesito plot twist, o gênero terror e suspense, em especial quando estes envolvem crimes ou uma temática mais policial, têm um plano de fundo ideal para fazerem uso desse tipo de recurso. O filme da crítica de hoje, como verão mais a frente, soube usar isso de forma inteligente. Não se preocupe que a crítica não contém spoilers!

À Espreita do Mal (I See You) é um filme de terror/suspense dirigido por Adam Randall e escrito por Devon Graye. Sua produção é assinada por Matt Waldeck. O filme de 2019 chegou à plataforma da Netflix no mês de abril deste ano.

A premissa acompanha uma família de subúrbio em crise. A mãe, Jackie Harper (Helen Hunt), tenta reconstruir seu casamento e os laços com o seu filho, Connor (Judah Lewis), que não perdoa a traição dela para com seu pai, Greg (Jon Tenney). Em meio a essa turbulenta relação familiar, Greg investiga o desaparecimento de duas crianças na cidade. Por trás desse sumiço, a possibilidade de um pedófilo e assassino em série estar envolvido amedronta toda a comunidade, que fica em estado de alerta.

À Espreita do Mal é aquela surpresa boa escondida no catálogo do streaming. O roteiro é escrito de forma a dar agilidade à trama e ao mesmo tempo pregar peças no público. A princípio, somos levados a pensar que a casa da família pode estar sendo de alguma forma assombrada por forças sobrenaturais e isso quase pode te fazer acreditar que aquele só será mais um filme esquecível. Mas não demora até o filme dar seu primeiro e surpreendente plot twist, te fazer se ajeitar na cadeira e se preparar para o que está por vir.

Após a primeira meia hora, o longa simplesmente deslancha. Com um texto amarrado e envolvente você é conduzido por o que na verdade é um suspense criminal de alta qualidade, considerando o baixo orçamento do filme. E já antecipo que há no mínimo três reviravoltas de tirar o fôlego no decorrer da história, que obviamente não revelarei aqui para não tirar esse gostinho de vocês.

O suspense traz de volta a vencedora do Oscar, Helen Hunt, que anda sumida de grandes produções. Ela não está em seu melhor trabalho e acaba sendo engolida pelo arco e atuação dos mais jovens do elenco, em especial, Owen Teague e Libe Barer, que desempenharam com brilhantismo Alec e Mind.

Quanto à parte estética, o filme é simples e sem sofisticação. Um ou outro take e posicionamento de câmeras podem incomodar, assim como a trilha sonora não é das melhores, no entanto, nada que ofusque o bom e coeso roteiro, que sabe usar o timing para gerar tensão sob medida e entregar respostas no momento oportuno, de modo a nos envolver até o final. Se você não é fã de filmes de terror, não deixe de assistir. Os elementos que causam agonia e tensão aqui, não são do tipo que incomodarão os mais sensíveis, por isso vale a pena se aventurar.

À Espreita do Mal é, portanto, uma grata surpresa e fica sendo uma ótima opção de entretenimento, mesmo com suas limitações. Extraiu muito, mesmo com pouco, o que prova que na indústria cinematográfica, um bom roteiro é o pilar primordial. Assista, divirta-se e não deixe de dar sua opinião nos comentários.

 

Nota: 8,0

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