"The Bold Type" retrata a jornada de jovens mulheres em busca de suas aspirações de forma leve e descontraída, sem deixar de lado pautas significativas.

Se você está em busca de uma comédia leve, descontraída e repleta de debates necessários, atenção à dica de série de hoje.

Quatro anos depois de sua estreia nos Estados Unidos, a comédia dramática The Bold Type, também chamada no Brasil de Poder Feminino, chegou ao catálogo da Netflix no dia 08 de maio já com suas quatro primeiras temporadas.  Exibida no canal americano Freeform desde 2017, a série criada por Sarah Watson e inspirada na vida da ex-editora-chefe da revista feminina Cosmopolitan, Joanna Coles, já tem conquistado os fãs brasileiros pelo carisma das personagens e tem se concretizado como um dos shows mais vistos do streaming nos últimos dias.

A história retrata os bastidores de uma revista feminina chamada Scarlet. Em seu centro estão três melhores amigas: Jane Sloan (Kat Stevens), Kat Edison (Aisha Dee) e Sutton Brady (Meghann Fahy), que vivem situações pra lá de inusitadas, trabalhando juntas em diferentes funções na revista.

Jane acaba de ser promovida e é constantemente desafiada em seu novo cargo. A escritora gosta de se arriscar, sair da zona de conforto, e está disposta a tudo para escrever matérias que de fato importem e não sejam superficiais. Kat, até então heterossexual convicta, acaba de se ver apaixonada por outra mulher embora ainda não compreenda de fato seus novos sentimentos.  Sutton, por sua vez, tem um affair com um dos advogados da revista, todavia não pode assumir esse relacionamento, pois teme que isso coloque em risco seus méritos e ponha tudo a perder em seu futuro na Scarlet.

A série não reinventa a roda, porém ela está longe de ser uma história água com açúcar. Ela é repleta de situações que enfatizam o empoderamento feminino, abordando desde a sexualidade, pautas raciais e religiosas, sexismo, abuso, até questões sociopolíticas extremamente importantes e acima de tudo atuais.

A carga dramática é inserida pontualmente e dá o contraste necessário para fisgar o telespectador. Uma das responsáveis por evocar o tom dramático da série, ao dar a ela equilíbrio, é a personagem de Jacqueline Carlyle, interpretada pela ótima Melora Hardin. Ela é uma espécie de Miranda Priestly, personagem icônica de O Diabo Veste Prada, em uma versão atenuada, uma vez que esbanja imponência e sobretudo elegância, podendo ser intimidadora e eloquente em alguns momentos.

The Bold Type em sua primeira temporada consegue mostrar com sucesso e de forma realista a jornada de jovens mulheres americanas ambiciosas em busca de suas aspirações no que concerne à carreira, amizade e vida amorosa. Vale enfatizar que isso só dá certo em razão de uma escolha tão acertada de suas protagonistas.

A amizade das três é tangível e emociona. Você assiste a série e se lembra das suas melhores amigas, ou até deseja ter uma amizade como a daquele trio. Quem segue as atrizes nas redes sociais percebe que o vínculo existente entre elas transpõe as telas e isso certamente faz toda a diferença, já que elas entregam um entrosamento único e se completam em cena. Não dá pra dizer que Jane é a principal entre elas, porque todas as histórias são igualmente interessantes e necessárias para o desenvolvimento da trama. Existe uma unidade brilhante.

A trama mistura comédia e drama de forma envolvente e competente, ainda que por vezes recorra a clichês. Não espere uma série de plots ou reviravoltas, a ideia é nos levar a reflexão mostrando histórias típicas do nosso dia a dia, com as quais no identificamos e, portanto, boa parte delas nos é familiar. Ainda assim, os ares urbanos e despojados das divertidas locações somados a um roteiro fluido são o suficiente para causar o desejo de maratonar seus dez episódios com cerca de 40 minutos de duração.

The Bold Type entrega bem o que se propõe e tem tudo para ser um sucesso no Brasil, já que esse tipo de história é um doce alento em meio ao caos que estamos vivendo. 

Nota: 7,5

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