Mesmo com atuações convincentes e expressivas, A Voz Suprema do Blues (Netflix, 2020) perde seu brilho ao tentar apresentar inúmeras tramas mas não desenvolver nenhuma delas

Em novembro de 2020 a Netflix nos apresentou o filme A Voz Suprema do Blues, um filme que ficou marcado por ser a última atuação de Chadwick Boseman após da sua morte, o que fez com que o longa apresente uma carga emocional gigantesca para muitos, mas será que o filme é tudo isso? A resposta é não!

No filme somos apresentados a uma banda musical pioneira na arte do Blues, que por sua vez é liderada pela talentosa Ma Rainey (Viola Davis), também conhecida como "Mãe do Blues". Entre os outros 4 membros da banda, temos o trompetista Levee (Chadwick Boseman), um homem ambicioso e agressivo que pretende fundar sua própria banda.


No longa vemos o grupo tentando gravar um disco musical em Chicago numa gravadora comandada por dois homens brancos, porém conforme as coisas vão se apressando a tensão entre a equipe começa a aumentar, assim como os inúmeros problemas do filme.

Logo no início somos levados a acreditar que o filme se tratará do racismo presente nos EUA na década de 20, porém assim que os minutos vão se passando novas sub-tramas são adicionadas ao longa, como abuso sexual, ateísmo, assassinato e homossexualismo, mas mesmo com 1h34min de duração o filme não consegue desenvolver nenhum desses temas de uma forma convincente.

O destaque do filme vai para Chadwick Boseman e Viola Davis, que incorporam seus personagens de uma forma linda de se ver, fazendo com que mesmo com o roteiro duvidoso os personagens ainda possam cair nas graças do público, ainda mais com suas vozes incrivelmente afinadas e cativantes.


Viola incorpora Ma de uma forma brilhante, fazendo com que a personagem mesmo sendo parruda e agressiva ainda possa ser carinhosa. Já Chadwick transmite muito bem os transtornos psicológicos que Levee sofre, fazendo com que o personagem possa mudar de um personagem "comediante" para um assassino agressivo de uma hora para outra, tudo por conta de dramas psicológicos sofridos em sua infância e a decepção que o personagem passa quando suas músicas são recusadas.

Isso só prova que o problema o do filme não é seu elenco mas sim seu roteiro que não consegue trabalhar uma ideia sequer sem que seja de uma forma apressada e má-trabalhada.

Outro mérito do filme vai para Branford Marsalis, responsável pelas músicas do filme. 

Já a questão estética do longa se mostra muito bem trabalhada, pois consegue incorporar as vestimentos dos anos 20 de uma forma fiel e ainda assim repaginada. 

Concluindo, A Voz Suprema do Blues é um filme com uma ótima proposta que acaba sendo jogada fora graças a falta de desenvolvimento dos personagens, as múltiplas tramas que acabam sendo esquecidas e a pressa que a as ideias são transmitidas.

Nota: 6,0

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