"Fuja" é aquele clássico thriller psicológico que vai te render muita agonia até o último momento.
Sarah Paulson tem sido um verdadeiro amuleto quando se trata de filmes de terror e suspense. Após sucessivas temporadas marcando presença em American Horror Story, uma antologia de sucesso, e a frente de Ratched, série que atingiu uma audiência incrível no ano passado, acaba de chegar ao catálogo da Netflix o filme Fuja (Run) e ele tem tudo pra ser mais um sucesso.
Fuja estreou em
novembro de 2020 no Hulu e foi lançado no Netflix no dia 02 de abril de 2021. O
suspense produzido pela Lionsgate é dirigido por Aneesh Chaganty, que dirigiu o filme Buscando (Searching,
2018), e escrito por Chaganty e Sev Ohanian.
O longa narra a história de Chloe (Kiera Allen), uma adolescente que sofre com inúmeras comorbidades, entre elas asma, arritmia cardíaca, diabetes e paralisia nos membros inferiores. Em razão de sua saúde sensível, a jovem permanece praticamente em isolamento e, sua mãe, Diane Sherman (Sarah Paulson), que é extremamente super protetora, além de cuidar de tudo, ainda a auxilia com o estudo em casa.
Chloe não vê a hora de receber a carta da universidade para qual prestou vestibular, no entanto, esse dia parece nunca chegar. Ao acaso, enquanto tenta pegar um dos doces em meio às compras do supermercado, ela acaba encontrando um de seus remédios de uso contínuo no interior de uma das sacolas e observa que o rótulo do medicamento não está em seu nome, mas sim no de sua mãe. A partir daí, Chloe, que não é nada ingênua, começa a suspeitar do comportamento e atitudes de sua mãe e não desistirá até descobrir o que de fato Diane esconde.
Como todo bom thriller psicológico, Fuja vai te fazer roer as unhas em muitas das cenas. Apesar de ele ser descrito em alguns sites como um terror, ele na verdade é aquele tipo de suspense que vai deixar as tensões lá em cima, uma vez que cria diversas situações de clímax que vão te fazer não tirar os olhos da tela.
O interessante é que pra isso não foram exigidas muitas locações. Apenas um elenco bem afiado, pra não dizer brilhante, um roteiro bem amarrado e uma direção competente. Outro ponto assertivo é que a trilha sonora colabora e não contém exageros como é comum ver em películas desse gênero.
O roteiro é simplista, então não espere algo excepcional e original como o filme Corra! (2017). Mas ele é como se fosse aquele arroz com feijão muito bem feito. Não tem barrigas e você desvenda os mistérios de forma gradativa e na cadência perfeita. Ainda que seja previsível e não contenha tantos elementos inéditos, a condição de cadeirante da protagonista permite que sejam exploradas situações diferentes do que estamos acostumados a ver em filmes com enredos similares e isso agrega bastante.
Sarah Paulson sabe fazer uso das expressões como ninguém e passa o temor e a insanidade requisitados para esse estilo de película. Ela faz uma vilã como poucas atrizes. Alguns podem até dizer que ela reprisa papéis, mas não. Ela entrega exatamente o que o contexto demanda, um misto de doçura e loucura na dose certa.
Kiera Allen é uma grata surpresa. Ela, que está se iniciando no universo dos longa metragens, entrega uma adolescente inteligente e determinada e isso faz toda a diferença, até porque o tipo de protagonista frágil já saiu de moda há muito tempo. Ela é perspicaz ao descobrir e esmiuçar o passado de Diane e consegue ter uma excelente performance dramática, algo vital para um suspense funcionar. Vale salientar, que uma atriz deficiente interpretando uma personagem deficiente e numa posição de heroína é uma excelente notícia para o cinema e mostra que estamos avançando mesmo que a passos miúdos na representatividade.
Fuja se inspira na fórmula da minissérie The Act (2019) e do filme Ma (2019), mas ao final encontra seu próprio caminho e consegue marcar. O final traz um plot muito legal, mesmo que convencional, e vale a pena conferir!
Nota: 7,5