WandaVision termina sua jornada deixando muitas pontas soltas para o futuro, mas finalmente mostra a verdadeira Feiticeira Escarlate.


Quando se trata de franquias famosas, o maior inimigo dos fãs é a expectativa criada acerca da publicidade que as produtoras fazem sobre seus projetos. WandaVision veio cercada de promessas pela Marvel Studios por ser a primeira série de televisão do estúdio, durante a campanha promocional, muito foi dito sobre como esse projeto era "diferente" de tudo o que eles entregaram anteriormente e realmente é, mas não do jeito que se esperava.

Durante oito episódios, acompanhamos a jornada de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) na pacata cidade de Westview recriando diversas sitcons famosas e enchendo a cabeça do público com teorias sobre o que desencadeou essa estranha realidade. Agora, chegando no final da série, afirmo que as teorias dos fãs são mais interessantes do que o final mostrado aqui, mas vamos por partes.

O nono episódio intitulado Series Finale abre com uma batalha entre Agatha Harkness (Kathryn Hahn) e Wanda para salvar os gêmeos Billy (Julian Hilliard) e Tommy (Jett Klyne) das garras da bruxa. A vilã brinca a todo momento com a falta de conhecimento de Maximoff sobre o básico da magia, agindo como uma antagonista genérica dos quadrinhos que solta frases eloquentes e que faz joguinhos ao invés de terminar com a situação logo. O carisma da atriz Kathryn Hahn ajuda muito nessas cenas, pois Agatha perdeu muito da sua esperteza numa tentativa do roteiro de empoderar Wanda e isso tirou o senso de ameaça da vilã. É meio cômico que a Feiticeira Escarlate aprenda a usar feitiços complicados tão rápido só de vê-los uma única vez, tudo bem que ela é poderosa, mas isso foi uma conveniência de roteiro para deixar a luta mais empolgante.

Do outro lado, vemos a briga do Visão criado pela E.S.P.A.D.A com a versão criada no Hex, esse confronto foi um mero fanservice, pois não serve em nada para a trama desse episódio. Os roteiristas precisavam de uma razão para manter o "falso" Visão ocupado enquanto a luta entre as feiticeiras ocorria no resto de Westview. Tão inútil quanto essa briga é o uso da Monica Rambeau (Teyonah Parris) na trama, parece que ela foi introduzida nessa série, apenas para já chegar com poderes em Capitã Marvel 2 e poupar o filme de explicar tais dons. A personagem é deixada totalmente de escanteio nesse capítulo, aparecendo apenas para fazer uma cena de ação visualmente legal, um desperdício tanto dos poderes apresentados quanto da atriz.

Outros desperdícios são as pequenas participações de Jimmy Woo (Randall Park) e Darcy Lewis (Kat Dennings), essa última apareceu durante 30 segundos na metade do capítulo e saiu sem dar mais explicações. O Diretor Hayward (Josh Stamberg) foi outro que não mostrou a que veio, sendo apenas um antagonista genérico usado pelo roteiro para enrolar na história, mas sem motivações no mínimo coerentes. A narrativa encheu a série de diversos núcleos ao longo dos episódios que simplesmente não possuem um fechamento decente nesse final, soa tudo apressado e mal desenvolvido.

A batalha entre Agatha Harkness e Wanda Maximoff é um festival de computação gráfica com frases de efeito e muita galhofa. Durante toda a série, Elizabeth Olsen entregou uma ótima performance nas cenas de comédia e drama, mas nesse capítulo mais convencional, ela é prejudicada pelo texto ruim, ainda que certas cenas sejam bem feitas. Um dos melhores momentos é quando Wanda deve confrontar toda a dor que causou para as pessoas de Westview, percebendo que seu luto era tão tóxico que afetou não apenas a ela, mas também outras pessoas inocentes.

A transformação na Feiticeira Escarlate é um momento legal para os fãs da personagem, o traje ficou muito bacana e é uma versão moderna do uniforme dos quadrinhos. Quem espera muita magia do caos, não ficará decepcionado com o momento, ainda que não seja tão grandioso quanto poderia por conta dos problemas mencionados no texto da série. Aliás, devo salientar que o desenvolvimento do luto da personagem não foi tão assertivo como deveria, pois, apenas somos apresentados a isso no episódio anterior e os demais filmes da Marvel nunca deram um bom destaque para ela.

Confesso que fiquei decepcionado com a "despedida final" entre Wanda, Visão e os gêmeos. Não passou um pingo da emoção necessária para um momento tão importante e mostra que muitos dos conceitos usados foram apressados para caber nesse final abrupto. A série passou oito episódios brincando com a metalinguagem, mas deixou seu melhor drama para ser explorado quase no fim, isso fez com que a conclusão soasse mais apressada do que deveria, talvez um episódio extra teria sido melhor para colocar tudo em ordem sem precisar sacrificar o uso dos personagens de apoio para poupar tempo.

Lembram daqueles comerciais que passavam nos episódios de sitcom? Então, eles não serviram para nada, só fizeram encher a cabeça dos fãs com teorias e easter-eggs, mas não tiveram um uso na trama fora desse propósito. Pode ser que sejam dicas de algo a ser explorado no futuro, teremos que esperar para saber mais. E para afundar ainda mais as teorias sobre a introdução do multiverso, descobrimos que o Pietro (Evan Peters) é meramente um ator manipulado por Agatha para fazer o papel de Mercúrio, o nome dele é Ralph Bohner (o marido que ela vivia falando, mas nunca apareceu em tela).

Diversas pontas soltas foram deixadas para serem exploradas em projetos futuros como o Visão Branco e o destino de Agatha Harkness. É seguro afirmar que a Marvel pretende continuar a história desses personagens em outras produções.

WandaVision terminou não tão brilhante quanto seu início, mas foi um bom início para a jornada da Marvel na televisão.

Nota do episódio: 5,5

Obs: Há duas cenas pós-créditos, a primeira é um gancho para Capitã Marvel 2 e a segunda pode levar aos eventos de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura que já tem a Feiticeira Escarlate confirmada na trama.

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