"Dia do sim" carece de originalidade, mas vai divertir a criançada.
Dia do sim (Yes Day) é a mais nova comédia para a família da Netflix. Com roteiro de Justin Malen e direção de Miguel Arteta, o filme é baseado no livro infantil de mesmo nome escrito por Amy Krouse Rosenthal e Tom Lichtenheld e foi lançado no dia 12 de março de 2021 no catálogo do streaming.
A história é centrada em torno da família Torres e o Dia do Sim. Jennifer Gardner (Justiceira) dá vida a Alisson, uma mulher que dizia sim para tudo em sua juventude e que, após a maternidade, praticamente tirou essa palavra do seu vocabulário. Como mãe rígida, com o intuito de proteger os três filhos, Katie (Jenna Ortega, You), Evan (Julian Lerner) e Ellie (Everly Carganilla), ela diz não pra maioria dos desejos deles e acaba sendo vista como uma grande vilã pelos três, e isso é enfatizado pelo fato de seu marido, Carlos (Édgar Ramírez), se abster de decisões e da imposição de limites, o que o faz parecer o típico pai bonzinho aos olhos do trio.
Em um dia como outro qualquer, o casal é convocado à escola e, após uma conversa com os professores, eles percebem que realmente seus filhos não estão nada satisfeitos com a “ditadura” imposta pela mãe e, por isso, Alisson e Carlos resolvem fazer algo para mudar esse cenário. É aí que eles recebem o conselho sobre o dia do sim. Que seria um dia especial, no qual os pais diriam sim para tudo que os filhos pedirem durante 24 horas, mantendo, claro, algumas regras fundamentais, entre elas a impossibilidade de ser algum tipo de pedido futuro, ilegal ou que leve a morte de alguém. Parece absurdo a princípio, mas após uma rápida pesquisa na internet eles percebem muitos feedbacks positivos sobre essa técnica e resolvem se aventurar na ideia.
A partir daí, acompanhamos os pais atenderem a cada um dos desejos dos filhos, todos eles listados em uma tabela, e o desenrolar dessa jornada traz comédia, mas também reflexão acerca dos dilemas familiares. Não dá pra dizer que as escolhas do roteiro são lá muito criativas, algumas inclusive foram feitas por conveniência e nem são muito plausíveis ou justificáveis, porém considerando o público alvo infantil, certamente a criançada ficará feliz em assistir guerra de balões com “kisuco”, parque de diversões, torneio de sorvete e similares.
O longa, que lembra um pouco a premissa de Sim Senhor (2008), filme estrelado por Jim Carrey, traz reflexões sobre a necessidade dos pais se esforçarem ao máximo para dedicarem um tempo valioso aos filhos, longe de celulares, trabalho e qualquer coisa que os distraia do foco. A trama mostra que muitas vezes no casal uma das partes fica sobrecarregada com a função de disciplinar e de impor limites, sendo que ambos deveriam se responsabilizar por essa parte. Além disso, ela alerta sobre como é difícil às vezes para os pais compreenderem que os filhos crescem e precisam aprender a voar por conta própria.
Além de lições para os pais de plantão, a garotada que assistir vai se divertir com as peripécias tramadas pelos três irmãos e também vai ser capaz de tirar dali alguns aprendizados. O filme mostra com muito tato que às vezes é preciso que algo aconteça para que de fato a criança ou adolescente entenda que regras são necessárias para uma melhor qualidade de vida e para compreenderem que os pais se preocupam porque têm muito mais experiência de mundo do que eles.
Que Jennifer Garner tem jeito para comédia sabemos desde De repente 30 (2004). A atriz representa uma típica mãe que tem dificuldade em soltar as rédias, além de apresentar um timing de humor brilhante para filmes dessa classificação indicativa. Não dá pra dizer, no entanto, o mesmo de seu par e coprotagonista. Édgar Ramírez não incorpora a essência do personagem, sendo nada mais do que insoso, além de completamente apagado. Por sorte, Garner faz literalmente tudo e assume a responsabilidade para si. Ela exala carisma e entrega entretenimento de qualidade para a faixa etária proposta (portanto adultos, não esperem rolar de rir).
Os filhos conseguem ser carismáticos o suficiente e a produção até tenta colocar alguns coadjuvantes para ajudarem com o eixo cômico (como o conselheiro e o policial), mas não funciona como deveria, pois fica algo solto e completamente desconexo. O filme teve ainda oportunidade de explorar algo mais profundo, como quando a filha mais velha vai até o festival de música e por muito pouco não faz escolhas erradas, porém o roteiro preferiu vagar por caminhos mais fáceis e pouco originais.
Mesmo apresentando problemas e não passando de regular para o público geral, esse longa metragem tem tudo para entreter as crianças já que as mensagens são atuais, leves e divertidas. Por isso, fica a recomendação para os pais de plantão!
Nota: 6,5
Postar um comentário