Novo filme de ação da Netflix se esforça para agradar, mas não sai do básico.
Os recentes filmes de ação da Netflix como Resgate e The Old Guard são exemplos de como a plataforma acerta ocasionalmente em seus filmes originais, ambas as produções apostavam em uma ação mais "crua" e com um enfoque dramático interessante para seus protagonistas. 'Zona de Combate' tenta seguir essa mesma linha e falha miseravelmente em ser criativo ou interessante.
Dirigido pelo sueco Mikael Håfström, a trama acompanha o piloto de drones Harp (Damson Idris) que é enviado numa missão secreta com o andróide Leo (Anthony Mackie) para capturar um líder militar soviético que aterroriza a Europa. Pela premissa, já deu para sacar que a história não é das mais originais, só que o roteiro de Rowan Athale conseguiu fazer a proeza de ser nada original em todos os quesitos narrativos básicos.
O personagem Harp é um tipo frio que toma decisões racionais de combate, não importando se alguns soldados morram. A dita frieza dele é repetidamente forçada na narrativa como uma forma chinfrim de tentar desenvolvê-lo, porém o efeito é o oposto. A narrativa desse personagem torna-se extremamente batida e soa tão contraditória de um ponto de vista lógico que é melhor até não pensar muito nisso.
Durante um combate no início da projeção, já dá para imediatamente perceber os problemas que vão ser encontrados ao longo das quase duas horas de duração. A ação desse filme é extremamente artificial, não chega a ser mau dirigida em termos técnicos, mas tudo é tão gloriosamente plástico que não dá para comprar várias das cenas de violência.
As mortes, os tiros, as brigas e até os cenários são construídos unicamente para atender ao propósito estético de produção de guerra, mas sua abordagem clichê torna tudo desinteressante para o público. Reparem que até o dilema de homem vs máquina é previsível desde o começo, o que salva um pouco é o elenco. A boa química de Damson Idris e Anthony Mackie rende os momentos mais genuínos em termos de entretenimento e debate social, porém os diálogos forçados de humor tiram o brilho dessas boas cenas.
O roteiro tenta incluir um plot político sobre a mania norte-americana de se envolver em conflitos armados com outros países por motivos econômicos ocultos, mas até isso não funciona bem no roteiro sendo mais uma forma de dizer o óbvio repetidas vezes. A ficção científica é outro ponto fraco, toda a dita modernidade que tange a criação de robôs e máquinas de guerra não faz a menor diferença, já que esses elementos quase não são bem utilizados no enredo a não ser quando o roteiro quer fazer uma cena de ação fantasiosa.
Anthony Mackie até se esforça, mas o personagem dele é só uma versão ruim em uma aventura que já foi contada melhor em outras produções. Inclusive, devo dizer que achei esse papel do ator um pouco similar ao que ele protagonizou na segunda temporada de Altered Carbon, também uma produção da Netflix. Damson Idris é outro que não tem muito material para trabalhar, já que seu personagem só sabe reclamar e fazer cara de chocado quando entra em ação.
Os demais coadjuvantes como Michael Kelly, Emily Beecham e Johan Philip Asbæk tem participações nada interessantes na trama que servem apenas para funcionar como fonte de exposição barata do roteiro. Não direi que o filme não entretém, mas fica a dica de ver algo melhor caso tenham outras opções. Essa é outra produção da Netflix com estética futurista feita para encher o catálogo e nada mais.
'Zona de Combate' é um filme sem criatividade da Netflix que não merece a atenção do público.
Nota: 3,0
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