"Lupin" é daquelas séries fáceis de maratonar, repleta de mistério e com um protagonista pra lá de carismático.

Histórias sobre sede de vingança sempre tiveram espaço no cinema e na TV. O Conde de Monte Cristo (2002), por exemplo, conta a história de um homem humilde e honesto que é preso injustamente e que após muitos anos escapa da prisão e busca justiça com as próprias mãos. Revenge (2011), por sua vez, retrata a jovem Emilly Thorne que se infiltra na alta sociedade a fim de destruir todos aqueles que incriminaram seu pai. Bebendo dessa mesma fonte, chegou ao catálogo da Netflix a primeira parte de sua mais nova produção original, Lupin.


Lupin é uma série francesa de crime e mistério criada e escrita por Georger Kay e François Uzan, e baseada na obra de Maurice Leblanc, Arsène Lupin. Com lançamento no dia 8 de janeiro de 2021, sua primeira parte conta com cinco capítulos e ela já se tornou a estreia mais assistida do streaming, tendo sido vista por mais de 70 milhões de assinantes, superando Bridgerton (2020) e O Gambito da Rainha (2020).  

A série narra a história de Assane Diop (Omar Sy), filho de um imigrante senegalês, que é acusado injustamente de roubar um colar de diamantes de valor milionário na mansão onde trabalha como motorista e, por isso, vai preso. Vinte cinco anos se passam e Assane está disposto e, acima de tudo, preparado para provar a inocência de seu pai e se vingar de Hubert Pellegrini (Hervé Pierre), além de todos aqueles responsáveis de alguma forma por incriminar seu pai. Para isso, ele tira sua inspiração dos livros do ladrão e mestre do disfarce Arsène Lupin, última e simbólica herança de seu pai, e não medirá esforços para atingir seus objetivos, inclusive ao planejar um assalto no museu do Louvre.

A série é ágil, interessante e fácil de entreter. Assane é um personagem, que apesar de um pouco introvertido, é pra lá de carismático, sarcástico e nada clichê. Omar Sy, que ficou famoso por sua interpretação afiada no drama de sucesso Os Intocáveis (2011), consolida seu talento na série, ao entregar um personagem que figura bem a obra literária, e que apesar de estar longe de ser um mocinho, carrega consigo uma sede de justiça que comove e um amor genuíno por sua família.

Os flashbacks são um recurso muito bem utilizado na trama na construção da história do pai de Assane, Babakar Diop (Fargass Assandé), bem como para explorar a juventude do rapaz após a prisão de Babakar. Percebemos que a sede de vingança e todos os segredos que o cercam lhe custaram muito caro em sua vida pessoal. Nessa atmosfera temas importantes são debatidos, como o racismo, xenofobia e a corrupção institucionalizada.

Os golpes e truques aplicados por Assane lembram um pouco o filme Truque de Mestre (2013), misturado com o estilo visto na série La Casa de Papel (2017), em especial quando se trata das reviravoltas criativas. Apesar de nem sempre as situações parecerem críveis e terem um tom por vezes alegóricos, de alguma forma as performances acabam convencendo e você se prende totalmente ao que está acontecendo na tela.

A fotografia de Lupin é belíssima e as cenas gravadas no Louvre são um espetáculo a parte. Alguns momentos são eletrizantes, com gostinho de quero mais, como toda série de mistério exige. A série tem um cachorrinho mega fofo, que conquista qualquer desavisado e certamente é um bônus. Se há algo que incomoda no roteiro, talvez seja a incompetência policial exacerbada. Que Assane tem talento para golpes e trapaças, nós logo constatamos, mas com aquela polícia, fica até fácil ser bem sucedido!

A Netflix já confirmou a segunda parte da série ainda para 2021. O gancho deixado no quinto episódio é mais do que especial e a ansiedade aqui já é mato. Lupin é diversão garantida. É daquelas séries que você até sente remorso porque acaba torcendo pelo criminoso!

 

Nota: 9,0

 

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