Sinopse: Uma jovem de origem humilde se casa com um rico nobre e se muda para sua intimidadora mansão na costa da Inglaterra. Chegando lá, ela passa a viver às sombras da falecida Rebecca, a misteriosa esposa anterior de seu marido, descobrindo, aos poucos, mistérios e segredos sobre seu passado enquanto é atormentada pela fria governanta. 

Distribuído pela Netflix, o remake de Rebecca – A mulher inesquecível se esforça em tenta dar novos ares ao clássico de Alfred Hitchcock, que por sua vez se baseia no romance homônimo escrito por Daphne Du Maurier, mas entrega um trabalho mediano e pretencioso. 


Em primeiro lugar, cabe questionar a decisão de encarregar a direção de uma obra desse porte a Ben Wheatley e sua filmografia inconsistente. O diretor não se esforça em criar uma identidade, com um jogo de câmeras previsível e entediante. O filme ainda conta com uma montagem fragmentada em seu 1º ato, na tentativa de emular certa confusão por parte da protagonista, mas que soa forçada e pouco convincente.  


O novo Rebecca, no entanto, encontra forças em seu elenco, estrelado por Lily James, Armie Hammer e Kristin Scott Thomas, somado ao requinte dos ambientes retratados. Dentre os três, Kristin Scott é a que mais se destaca com sua atuação impecável como a governante fria dos Winter, embora não seja auxiliada por um roteiro à altura. Lily e Armie, por sua vez, demonstram boa química em suas cenas, mas acabam sendo limitados pelo romance clichê do "homem atormentado e a mocinha ingênua". Romance esse, todavia, que pode atrair os que buscam única e exclusivamente  um entretenimento mais descompromissado. 


No que tange à fotografia, a obra esbanja opulência visual em cenários pomposos que saltam aos olhos, além de belas cenas ao ar livre e figurinos condizentes. No entanto, a preocupação parece ter recaído em demasia sobre a estética e pouco sobre a condução ou roteiro. O filme tenta construir um ar de suspense, e até chega a conseguir no seu 2º ato muito por conta da, novamente, atuação de Kristin e a atmosfera sombria da mansão Manderley e seus entornos. Contudo, a pequena vitória acaba sendo sufocada pelos demais erros. Erros estes que recaem, inclusive, sobre a vergonhosa e genérica trilha sonora que se empenha em dar um clima sombrio para o longa com arranjos fracos e desconexos com as cenas.  


Por fim, o insosso Rebecca peca como releitura e não serve como homenagem à obra de Hitchcock, apesar da exuberância visual. No mais, apenas funciona como um novo aviso aos estúdios de que, às vezes, é melhor deixar o passado intocável.  


A mulher inesquecível é, na verdade, e infelizmente, bem esquecível. 


Nota: 4/10


Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem