Clássico dos anos 90 é um excelente filme cheio de bons atores e com um roteiro que sabe o que dizer sobre o amor.


Sinopse: Sam Wheat é um banqueiro apaixonado por sua namorada, Molly. Ele acaba morto em um assalto, mas seu espírito não vai para o outro plano e descobre que Molly também corre perigo. Para salvá-la, Sam pede ajuda a uma médium que consegue ouvi-lo.

Ghost – Do Outro Lado da Vida dispensa apresentações e é um dos filmes românticos mais famosos da história de Hollywood, além de ter sido um dos maiores bilheterias dos anos 90. Sem dúvida, a trama do filme é bastante conhecida pela maioria do público, afinal virou um marco da cultura pop e foi muito referenciado ao longo dos anos em exibições na TV. Mas, será que o filme é tudo isso que falam ?

Dirigido por Jerry Zucker, o filme conta a história do casal Sam (Patrick Swayze) e Molly (Demi Moore), dois namorados que decidiram morar juntos num loft recém reformado. Nesses primeiros vinte minutos de trama, o roteiro de Bruce Joel Rubin constrói toda a intimidade do casal protagonista e apesar de parecer pouco, esse tempo é usado com maestria. Nos é apresentada toda a relação deles com cada um mostrando seus interesses, medos, inseguranças e o amor que sentem um pelo outro. Toda essa parte tem uma escrita e direção formidáveis, pois nos faz torcer por eles com muito afinco, porém uma tragédia acontece e é aí que a trama tem seu ponto de virada.

Sam é morto numa tentativa de assalto, mas seu espírito fica preso no mundo terreno e aos poucos ele descobre verdades dolorosas sobre sua morte e teme pela vida de Molly. É nessa parte que entra a figura de Oda Mae Brown (Whoopi Goldberg), uma vidente picareta que leva a vida dando golpes em gente ingênua, porém quando Sam entra em contato, surpreendentemente ela o escuta e a partir daí temos várias cenas divertidas com os dois tendo que lidar com o absurdo da situação, mas também com os perigos.

Apesar da história ser centrada em Sam e Molly, é Whoopi Goldberg que rouba a cena como a divertida Oda Mae e nos encanta com seu jeito debochado de ser. A personagem rouba muitas das cenas que protagoniza além de ter uma ótima química com Patrick Swayze. São muito engraçadas as cenas nas quais os dois interagem, pois o carisma de ambos é tão magnético que deixa vários momentos bem divertidos como na cena do banco por exemplo.


Também vale uma menção para a boa performance de Patrick Swayze como Sam, o ator não é dos mais expressivos, mas ele tem o carisma necessário para fazer o espectador torcer por seu personagem e pela resolução de seus problemas. Quando o filme se inicia, Sam questiona a fugacidade da vida quando percebe que um acidente de avião matará muitas pessoas, porém após sua morte ele luta para deixar aqueles que o amam confortáveis e não age com egoísmo demostrando que só desejava o bem deles.

Já Molly é a mais “apagada" pelo enredo, pois a maioria das cenas da personagem são a respeito do luto por Sam e seu ceticismo a respeito das afirmações de Oda Mae de que Sam ainda está com ela em espírito. Por mais que que na teoria seja um arco interessante, o roteiro não sabe explorar bem a situação e cai naquele clichê de negação até que algo “miraculoso” aconteça. A sorte é que a bela Demi Moore sabe encantar com seu carisma e manda bem nas cenas mais dramáticas, é crível que ela é uma pessoa em luto e cheia de dúvidas, então essa falha do roteiro não fica tão grave.

É interessante notar que o roteirista escreveu toda uma mitologia para esse universo dos espíritos sem cair demais em clichês batidos. Todas as regras e habilidades são usadas organicamente dentro do filme para dificultar a jornada do protagonista e se tornam uma vantagem natural quando ele aprende a usa-las corretamente.

Por último, a direção de Jerry Zucker é bem assertiva em construir cenas que valorizam as performances de cada ator. A câmera se movimenta de modo a fazer um estudo de cada um deles. Quando Sam é o foco, passa uma sensação distância como se ele não pertencesse àquele plano. Já com Molly, ele usa ângulos mais fechados para enfatizar a tristeza e dor da personagem. A trilha sonora de Maurice Jarre é repleta de temas que potencializam a emoção de casa cena e vale um elogio para excelente escolha de música romântica com “Unchained Melody".

Ghost – Do Outro Lado da Vida é um ótimo filme que representa a era de ouro da criatividade hollywoodiana nos anos 90.

Nota: 9,5

Publicado por: Matheus Eira

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