Primeiro filme da franquia que originou o lendário Chucky funciona em alguns aspectos, mas ainda sim não é tão bom quanto pensa.


Sinopse: Uma mulher compra para seu filho um boneco amaldiçoado por um assassino em série morto dentro uma loja de brinquedos. Pouco antes, ele faz um ritual de vodu com o boneco, que ganha vida e se torna um perigoso psicopata.

Brinquedo Assassino é uma das franquias mais famosas do gênero de terror, tendo oito filmes entre sequências e reboots, é inegável que o boneco Chucky entrou para ficar no imaginário popular. Agora passados mais de 32 anos do lançamento original, fica a sensação de que a franquia poderia ter se saído melhor com os anos, porém vamos a análise dessa primeira película.

O filme começa com o detetive Mike Norris (Chris Sarandon) perseguindo o serial killer Charles Lee Ray (Brad Dourif) e numa troca de tiros, o assassino é morto, mas antes de sua morte recita um feitiço que joga um raio na loja onde estava e cuja as implicações conheceremos mais a frente. No dia seguinte, Karen Barclay (Catherine Hicks) compra um boneco “Good Guy" como presente de aniversário para seu filho Andy (Alex Vicent) e é aí que a trama começa a ficar estranha.

É interessante notar que o diretor tenta ao máximo esconder a figura de Chucky nos primeiros momentos. Quando aparece o “boneco" ou está imóvel ou faz movimentos simples que não sabemos se são sobrenaturais ou não, isso cria uma sensação de agonia por não sabemos ao certo se o boneco está vivo ou se o culpado é o garoto mesmo. No entanto, o diretor logo releva o mistério e o filme perde um pouco da força, pois a revelação soa apressada e os eventos não foram bem explorados pelo enredo naquele momento.

Os acontecimentos do filme se dão num espaço de tempo muito curto e isso tira o potencial dramático de alguns trechos, por exemplo, na parte em que Andy Barclay é levado para uma instituição mental, o roteiro poderia ter investido em mais cenas do personagem sofrendo com a situação e poderiam mostrar mais o desespero da mãe, mas optaram por uma revelação abrupta que tira muito a seriedade do enredo, pois não dá para crer que um boneco de plástico andante possa derrubar tantas pessoas e passar tão desapercebido pelos lugares.


A direção de Tom Holland é eficiente em construir cenas tensas e sabe dar um ar sugestivo quando deseja, impedindo que tudo fique muito explícito. Ele usa a câmera em primeira pessoa para ilustrar o ponto de vista de Chucky e funciona bem porque os personagens ficam tão aflitos quanto o público. O trabalho com os animatrônicos que dão movimentação ao boneco são muito bons, dá pra ver as várias expressões faciais no rosto de Chucky e isso o torna mais “realista”. Óbvio que no quesito de movimentação as coisas não são tão boas porque a tecnologia da época não permitia fazer muitos movimentos complexos, para isso o uso de alguns dublês foi necessário como é perceptível em certos momentos.

No campo das atuações o destaque fica para o trabalho de voz do ator Brad Dourif como Chucky, ele passa todo o sarcasmo de que o personagem necessita e os diálogos são bem escritos. O resto do elenco não se sai de modo tão bom, o detetive Mike Norris faz uma cara de idiota na maior parte do tempo e o roteiro sempre coloca o personagem em situações nas quais ele se machuca e fica de fora da briga. A atuação de Catherine Hicks como Karen Barclay é funcional, é percetível que o olhar amoroso dela, porém nas cenas mais assustadoras o exagero nas caras e bocas fica cômico. O jovem Alex Vicent faz bem o papel de menino inocente e encanta por sua fofura, mas acho que o diretor poderia ter guiado melhor o ator, ele fica com um olhar perdido em várias cenas.

Por fim, vale ressaltar que a premissa da trama é bem criativa e o roteiro cria uma explicação plausível para todo esse sobrenatural como também coloca dificuldades na jornada do boneco. O único problema é que existe uma falta de cuidado em certos momentos sobre as limitações do boneco, pois em alguns momentos ele parece correr a velocidade de uma pessoa normal e em outros anda a passos de tartaruga. A questão da força também é algo que incomoda, parece estranho ele poder levantar uma cadeira em certa cena e em outra ser derrubado com um único chute.

Brinquedo Assassino é divertido, mas não deixa de ser um filme fraco.

Nota: 5,5

Publicado por: Matheus Eira


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