Primeiro filme da franquia lucrativa derivada da linha de brinquedos da Hasbro, Transformers entrega um entretenimento competente repleto de explosões e sequências de ação dignas de seu diretor, Michael Bay, mas o filme falha em ser mais do que isso. Na trama, vemos a guerra entre os Autobots e os Decepticons pelo controle do Allspark, um cubo que possui poder ilimitado, e no centro desse conflito está o jovem Sam Witwicky (Shia LaBeouf), alguém que não parece ser importante o suficiente para ser a peça central de uma guerra travada por uma raça alienígena.
Se você já assistiu a algum filme da franquia ou até mesmo de seu diretor, grande parte desse filme já vai parecer previsível. As sequências de ação megalomaníacas típicas do Bay estão bastante presentes aqui, mas o filme também sabe dar uma respirada e tem vários momentos lentos, isso levando em conta que este é um blockbuster de verão, o que ajuda o ritmo, até porque estamos falando de duas horas e meia de filme aqui. A ação do filme é boa e diverte em momentos, os efeitos especiais também não envelheceram mal, mas o grande problema é que Bay abusa da famosa câmera tremida em várias cenas e a edição também não ajuda muito, já que os mil cortes por milissegundo atrapalham o espectador a entender o que está se passando. E essa é uma crítica válida, pois eu acredito que até mesmo o Bay quando assistiu ao filme deve ter ficado confuso em algumas partes nas cenas de ação (e ele não aprende nunca, todos os filmes da franquia sofrem com isso).
Saindo um pouco da ação, a direção de Bay é boa o suficiente, ele movimenta bastante a câmera e isso cria um dinamismo. Bay, além de sua tara por explosões, gostar de compor shots que enchem os olhos, e há bastante da identidade visual dele aqui. Tem cenas de beijo com o pôr do sol no fundo, as cenas no Catar são visualmente interessantes, mas há também umas excentricidades, como por exemplo a cena dos Autobots transformados em veículos na rodovia, que sinceramente parece ter saido de um comercial de carros.
Sobre a atuação, não há nada surpreendente e as interpretações não tiveram um pingo de inspiração. Não dá para esperar muita coisa do Shia LaBeouf, mas ele consegue tornar Witwicky um personagem menos interessante do que ele já é, e o mesmo pode ser dito da Megan Fox, que infelizmente só serve para ser sexualizada. John Turturro é um bom ator que recebeu um papel horrível e ele não tinha como melhorá-lo. Tirando os dubladores dos Autobots e dos Decepticons, com o destaque para Peter Cullen, que faz a voz do Optimus Prime, pouco se salva.
O humor é outro aspecto que simplesmente é trabalhado de forma péssima. A maioria das piadas não causam risadas e sim uma sensação de vergonha alheia e por mais que tenha eu achado engraçado algumas partes, logo após eu rir eu me senti culpado, a maioria das gags parecem ter saído da mente de um adolescente de treze anos.
Um aspecto que me incomodou muito foi o design dos queridos habitantes de Cybertron. Eu não cresci com os desenhos animados dos Transformers e também não sou saudosista, mas as versões repaginadas e modernizadas tanto dos Autobots quanto dos Decepticons não me convenceram. Falta cor e falta alma, e essa militarização nos designs dos personagens centrais de uma franquia feita para crianças é uma ideia que deveria ter sido descartada. O filme solo do Bumblebee prova que as versões clássicas desses personagens podem funcionar em live-action, e francamente, o que vi no filme mais recente da franquia foi algo sincero e que combina muito mais com a essência de Transformers.
Mas se há algo que posso elogiar sem medo, essa com certeza é a trilha sonora de Steve Jablonsky, um ótimo compositor que deveria escolher seus projetos de forma melhor. Todos os temas musicais elevam as cenas em que se encontram e ajudam o filme a construir seu tom épico, digno de um blockbuster em que a história gira em torno de um possível fim do mundo.
Concluindo, Bay e seu tesão por explosões pouco ajudou a franquia e não trouxe nada de bom para ela, pelo contrário, ele foi o responsável por seu desgaste, provado pela bilheteria do último filme dos robôs que se transformam em veículos dirigido pelo mestre do destruction porn. Muitos dizem que esse é o melhor filme dos Transformers dessa era Bay, mas isso não quer dizer muito. Se há algo nesse filme que se mostra superior a suas continuações, é o fato de que pelo menos ele não é tão longo e enfadonho.
Nota: 3,5
Publicado por: Sam.
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