Talvez tenha virado clichê o conceito de imaginar o mundo real só que com super-heróis e como isso afetaria nós meros mortais. Filmes e séries de super-heróis já tentaram fazer tramas realistas, alguns falharam, outros conseguiram desenvolver ótimas histórias. The Boys traz esse conceito de volta, só que dessa vez com algo superviolento, com um humor escrachado e repleto de excentricidades. Além, claro, do timing perfeito, já que estamos vivendo no ápice dessa febre de super-heróis. Três filmes do Universo Cinematográfico Marvel saem por ano, enquanto temos alguns da DC e outros variados que tentam alcançar o sucesso das mesmas. Se a tal fatiga desse subgênero existe, The Boys veio no momento certo. 

A série acompanha Hughie Campbell, que após ter sua namorada assassinada acidentalmente pelo super-herói velocista A-Train, é abordado por Billy Butcher, um ex-agente da CIA que sabe todos os podres desses seres poderosos e que quer expô-los. No decorrer da série, Billy monta novamente sua velha equipe, que se separaram depois de uma tragédia. 

Todos atores aqui fazem um bom trabalho e todos combinam com seus respectivos personagens. Karl Urban faz um bom Billy Butcher, com seu sotaque britânico e sempre falando palavrões, Jack Quaid também interpreta o Hughie de forma satisfatória, um nerd que, assim como todo mundo, amava Os Sete. Mas o destaque fica para Antony Starr, que faz um trabalho sensacional como o Homelander, um Superman distorcido dessa realidade, ou o Complexo de Édipo ambulante de capa. Starr consegue deixar o personagem intimidante, que possui presença de tela, e o roteiro consegue desenvolver esse personagem perturbado. E ainda no meio disso tudo, ele também é carismático e rouba a cena sempre que está presente. Não é à toa que o personagem é o mais citado quando o assunto é The Boys. 


Por mais que The Boys não toque em um conceito diferente, sua execução é nova e distinta. A série mostra que os super-heróis são marionetes de corporações e que eles só se preocupam com sua relevância e imagem pública ao invés de ter algum tipo de senso de dever e altruísmo. A série também mostra a cultura de culto a celebridade, só que ao invés de atores ou cantores, temos pessoas que voam e que podem correr na velocidade do som. A série tem vários momentos absurdos como a morte de Robin ou o abuso da Starlight pelo The Deep, a versão do Aquaman desse universo. Elas mostram logo de cara que essa não é uma série comum desse gênero, mas elas também têm propósito narrativo e não servem apenas para efeito de choque. A série também lida bem com os personagens, já que, salvo algumas exceções, todos tem um arco bem definido. 
  
A série da Amazon é divertida e nos apresenta uma nova perspectiva das figuras centrais dessa nova onda de super-heróis tanto nos cinemas como na TV. Talvez não seja uma série para todos, mas seu exagero ajuda muito na desconstrução dos heróis, principal atrativo da série e o que a torna tão interessante.  

Nota: 9

Publicado por: Sam.

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