Reboot da famosa franquia de ficção científica acerta em quase tudo que se propõe e entrega um filme muito divertido e cheio de homenagens aos clássicos.


Sinopse: A bordo do USS Enterprise, a nave mais sofisticada já construída, uma tripulação de novatos embarca em sua viagem inaugural, que é atrapalhada por Nero, um comandante cuja vingança ameaça toda a humanidade. Para que os humanos possam sobreviver, James Kirk, um jovem oficial rebelde, e Spock, um Vulcan friamente lógico, devem superar a rivalidade que há entre eles e encontrar uma maneira de derrotar Nero antes que seja tarde demais.

Star Trek faz o que muitos reboots de franquias almejam conseguir e falham, o filme respeita o material original ao mesmo tempo em que injeta novas ideias para apresentar a franquia para um público moderno. Todo o trabalho do diretor J.J Abrams e dos roteiristas Alex Kurtzman e Roberto Orci é voltado não para uma tentativa de descolar um trocado com uma franquia famosa e sim para construir uma aventura divertida com esses personagens que faça valer a pena tanto o investimento quanto o tempo dos fãs.

Inicialmente, somos apresentados ao dia do nascimento de James T. Kirk ( Chris Pine) em meio a uma batalha espacial que causa a morte de seu pai George (Chris Hemsworth). Toda essa sequência é de vital importância para a proposta do filme, pois esse acontecimento cria uma nova linha temporal que muda o destino de vários personagens da série clássica da franquia e reconta a origem deles nesse novo universo.

A partir daí, acompanhamos partes da infância de Kirk e do vulcano que viria a se tornar seu melhor amigo, Spock (Zachary Quinto). Kirk é um personagem que viveu a sombra dos feitos heróicos de seu pai e sente tristeza por nunca tê-lo conhecido. Ele é o tipo de homem que se define por ser muito passional e não aceitar regras, muito diferente de Spock que é excessivamente lógico. Só que Spock também possui seus dilemas, pois por ser metade humano e vulcano tem dificuldade em abraçar suas emoções sendo guiado por uma razão que fazem dele uma pessoa muito fria. Esse contraste entre emoção e razão define bem a relação dos protagonistas e causa muitos conflitos entre eles, pois são pessoas com concepções diferentes do que é necessário para ser parte da Frota Estelar.

Durante o filme, são inúmeras as brigas entre Kirk e Spock, porém cada um tem um excelente desenvolvimento de personagem. A jornada de Jim faz dele uma pessoa mais compreensiva com o porquê ser tão passional não é bom no comando da vida de milhares de pessoas, a atuação de Chris Pine transmite bem o tom debochado e cafajeste que o personagem deve ter e impressiona em momentos mais dramáticos como na cena de confronto com Spock no fim do segundo ato.


Já o vulcano aprende que nem sempre a lógica deve definir o valor das ações e aprende a valorizar mais seu lado humano para ser uma pessoa mais completa. Zachary Quinto faz um Spock com uma postura bem fria, mas que em seus olhares percebe-se o conflito interno e sua raiva. A melhor cena do personagem também é no fim do segundo ato, a postura corporal de Quinto durante o conflito é muito boa. O resto dos personagens cumprem suas funções de dar suporte, mas não são bem explorados. É o caso da tenente Uhura (Zoe Saldana) que não tem um papel muito relevante a não ser humanizar Spock em momentos chaves.

A direção de J.J Abrams é muito boa com tanto a direção das cenas de ação quanto dos atores tendo resultados fantásticos. A ação do filme é muito bem coreografada e a câmera sempre está numa posição que valoriza tanto o combate quanto o ambiente ao redor. A cena na perfuratriz em Vulcano é um ótimo exemplo disso com ângulos tanto fechados quanto mais panorâmicos sem que fique visualmente cansativa ou com edição picotada. As batalhas espaciais também são muito boas, porém senti que poderiam ter feito uma dinâmica melhor, pois a maioria dos conflitos resumem-se ao cento de comando da Enterprise e isso deixa esses momentos repetitivos.

Alguém lança um torpedo e sempre tem aqueles diálogos de levantar escudos, preparar ofensiva, avisar a enfermaria e não era necessário repetir tantas vezes, a mensagem de perigo já foi dada com sucesso. Falando em perigo, o vilão Nero (Eric Bana) é o ponto mais baixo do roteiro tendo pouco espaço para ser uma ameaça real, pois ele só dá ordens para seus capachos e os heróis da Enterprise só reagem a essas ordens. A motivação dele é boa, se tivesse mais tempo de tela teria sido um vilão memorável, o visual dele é bom. Aliás, todo o trabalho de maquiagem é muito competente.

Competentes também são os efeitos visuais do filme com cada nave ou planeta tendo uma computação gráfica bem feita e com bons designs de produção. É nítida a diferença da Terra para Vulcano com cada um tendo um ambiente e tons de fotografia distintos. Por último, vale uma elogio para a boa trilha sonora de Michael Giacchino que sabe bem como deixar as cenas mais envolventes.

Star Trek é um presente para os fãs da franquia criada por Gene Roddenberry e deve agradar todo tipo de público que adora filmes de ação ou ficção científica.

Nota: 9,0

Publicado por: Matheus Eira

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