Terror espacial de Paul Anderson tenta emular “Alien", mas falha em alguns aspectos.



Sinopse: Em 2047, uma missão de resgate é mandada para encontrar a Event Horizon, uma nave que desapareceu misteriosamente sete anos atrás, quando explorava os limites do sistema solar. Ao encontrá-la, os astronautas que integram a missão de resgate vão gradativamente tomando consciência do terrível mistério que os cerca e que algo sinistro habita os corredores da nave.

O Enigma do Horizonte é o tipo de filme que foi antes por outras pessoas e de forma melhor, porém não significa que seja ruim mesmo que tropece em algumas coisas. No início do filme, são bem nítidas as influências de “Alien: O Oitavo Passageiro” que vão desde a atmosfera ao design de produção do longa. É tão similar que parece até uma cópia, porém o foco dessa produção é no terror psicológico por mais que existam certas ameaças físicas.

O principal elemento que faz esse filme funcionar é ter um ritmo compassado que permite estabelecer todo o conflito inicial e suas ramificações. Toda a atmosfera de suspense é bem construída com os problemas se apresentando aos poucos e instaurando o clima de paranóia na tripulação. Vale destacar que há um clima soturno na atmosfera cênica, pois quase nenhum dos personagens queria estar ali e isso cria um conflito que pode estourar a qualquer momento.

A trama em si não é muito complicada, inclusive o roteiro de Philip Eisner emburrece propositalmente os personagens a fim de causar conflitos tolos e cenas que tentam ser ameaçadoras. Um exemplo disso é na discussão sobre o motivo de um dos tripulantes ter se machucado, toda essa parte denota que o roteirista não soube criar diálogos à altura dos conflitos, pois tudo é resolvido com diálogos clichês sobre autoridade ou dever.

Aliás, também pode-se questionar a estupidez de alguns personagens que sempre estão sozinhos sendo que já está óbvio naquela ponto da trama que existe alguma coisa querendo o mal deles. Logo, seria bem mais inteligente ficar próximo dos outros, mas não, há sempre uma razão tola para um deles ficar sozinho. Tirando essa burrice, o roteiro consegue trabalhar bem a maioria dos personagens mesmo que eles não sejam exatamente interessantes.


O capitão Miller interpretado por Laurence Fishburne é o típico soldado atormentado pelo seu passado e que se importa demais com a vida dos que estão sob seu comando. O ator encarna bem a postura rígida que o papel existe sendo bem sério na maior parte do tempo, mas com aquele espaço para a vulnerabilidade. Já Sam Neil faz o Dr. William Weir, o cientista chefe que construiu a nave Event Horizon. Em termos dramáticos, a atuação de Neil dá ao personagem um ar misterioso ao mesmo tempo em que mostra que ele carrega muitas dores pelo seu passado com sua esposa que se suicidou. O maior problema é que ele parece ser muito burro para ser um cientista e sua transição para vilão da obra é feita de modo precoce sem que haja um desenvolvimento adequado para a psique debilitada dele.

Ademais, a direção de Paul Anderson é eficiente em construir boas cenas de tensão com um jogo de câmeras interessante que faz o espectador tenha um sentimento de antecipação sobre os acontecimentos. Por exemplo, no terceiro ato do filme existem vários trechos que você pensa, eu sei o que vai acontecer, mas o jogo de câmeras é usado para passar uma impressão e no final acontece outra coisa. Esse é um modo inteligente de contornar as muitas obviedades do roteiro.

Os aspectos técnicos do longa são adequados para a proposta com o design de produção mostrando um ambiente metálico, sem vida e pouco convidativo na figura das naves espaciais. O figurino reflete bem o desgaste emocional daquelas pessoas com as roupas estando bem surradas e com pouca cor visto que a maioria ali é militar. Os efeitos visuais são bons o suficiente para as cenas no espaço e causam pouca estranhos. Por fim, a maquiagem é o melhor aspecto dentre a parte técnica com designs bem assustadores e uma boa textura.

O Enigma do Horizonte poderia ser melhor, mas é um filme bom o suficiente no que se propõe.

Nota: 5,5

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