Clássico dos anos 90 reúne filosofia e ação num filme inteligente que virou referência no gênero de ficção científica


Sinopse: Um jovem programador é atormentado por estranhos pesadelos nos quais sempre está conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro. À medida que o sonho se repete, ele começa a levantar dúvidas sobre a realidade. E quando encontra os misteriosos Morpheus e Trinity, ele descobre que é vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial que manipula a mente das pessoas e cria a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia.

Matrix é um dos filmes mais importantes dos anos 90 por ter influenciado vários blockbusters nos anos seguintes com suas cenas de ação fabulosas e uma trama bem construída que mistura conceitos filosóficos com pancadaria de primeira qualidade. Dirigido e escrito pelas Irmãs Wachowski, a obra conta com um bom elenco, mas acima de tudo, acerta em apostar numa trama que diverte ao mesmo tempo que provoca uma reflexão no público.

Inicialmente, vale ressaltar que as irmãs Wachowski brincam com a noção do espectador do que é real. O roteiro é cheio de diálogos inteligentes que pontuam bem o quanto a trama delas pode não ser tão absurda se for parar para analisar. Afinal, o que impede que a realidade tal como a conhecemos não seja algo similar ao visto nesse filme ? A resposta para isso não é simples, mas ao longo do filme, o simpático Neo compreende que a diferença entre o que é real ou não pode estar nas mãos de algo simples como tomar uma pílula.

O texto faz referência à Alice no País das Maravilhas como também ao mito da caverna de Platão e os usa como impulso narrativo a fim de mostrar para o público o quanto as pessoas não tem noção de que podem estar sendo usadas sem nem terem conhecimento. Toda a apresentação desse universo é bem feita com o personagem de Neo funcionando como porta de entrada do espectador nessa aventura e seus conceitos futurísticos.

A trama do filme não é complicada sendo de fácil assimilação e com atos bem estruturados que apresentam todo esse universo ao mesmo tempo em que instigam você a querer ver mais dele. Os personagens são bem escritos com todos tendo uma função bem delineada na trama e motivações bem exploradas. O jovem Neo Anderson interpretado por Keanu Reeves é um jovem hacker que passou sua vida sentindo que havia algo de errado com o mundo e ele estava certo.


Para confirmar suas suspeitas, ele entra em contato com Morpheus, um homem misterioso conhecido por causar problemas por onde passa. O interessante nesses dois personagens é que um contrapõe o outro. Morpheus é um personagem que deposita sua fé na profecia do Escolhido e dedica todo o seu empenho em encontrar o homem que vai realizá-la. O ator Laurence Fishburne emprega um ar teatral ao personagem soando quase como se ele fosse um pastor.

Já Keanu Reeves faz um personagem que passou sua vida duvidando do mundo e de si mesmo. Por mais que Reeves não seja tão expressivo, ele é carismático o suficiente para ganhar simpatia e a presença física dele em cenas de ação impressiona. Fechando o trio principal temos Trinity, personagem dona de algumas das melhores cenas de ação do filme. Carrie Anne-Moss passa a determinação e frieza da personagem ao mesmo tempo em que mostra o lado mais humano dela.

Os vilões da obra são o Agente Smith de Hugo Weaving e o picareta Cypher de Joe Pantoliano. À principio, o primeiro parece ser um vilão burocrático, porém ao longo da película descobre-se mais sobre suas motivações e o perigo vindo dele torna-se ainda mais intenso. Cypher é o típico cara que quer se dar bem às custas dos outros e a performance de Pantoliano passa todo o ar de canalhice que o personagem necessita.

Nos quesitos técnicos, o filme é outro espetáculo a parte com a direção das irmãs Wachowski numa movimentação de câmera mais fluída e com poucos cortes para que a excelente coreografia das cenas de luta possam ser visualizadas nitidamente. Os efeitos visuais do filme são poucos, mas quando estão em tela funcionam na maior parte do tempo com talvez somente o terceiro ato sendo um pouco artificial em algumas cenas, mas nada que atrapalhe a experiência. Inclusive o fato da maioria das cenas de ação usarem efeitos práticos ajudou a passar uma senso mais realístico, apesar dos absurdos em tela.

O design de produção é bom, pois apresenta um bom contraste entre o mundo real e o virtual sendo o primeiro bem soturno e com poucas cores enquanto que na Matrix tudo tem uma estética moderna com alguns toques punk. O figurino chama a atenção pelo fato da maioria dos personagens usarem cores escuras em roupas de couro e látex mais uns óculos escuros. A fotografia de Bill Pope usa um filtro azulado nas cenas da Nabucodonosor e um esverdeado nas cenas da Matrix fazendo referência aos códigos que aparecem nas telas dos computadores. Por fim, a trilha sonora de Don Davis investe em temas que reforçam o tom épico da jornada e traz um resultado satisfatório.

Matrix é um dos grandes filmes da nossa geração e merece todos os elogios por entregar um entretenimento de excelente qualidade.

Nota: 10,0

Publicado por: Matheus Eira

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