Filme dirigido por Jake Kasdan atualiza a trama para os dias atuais, mas mantém o espírito da obra original.


Sinopse: Quatro adolescentes encontram um videogame cuja ação se passa em uma floresta tropical. Empolgados com o jogo, eles escolhem seus avatares para o desafio, mas um evento inesperado faz com que eles sejam transportados para dentro do universo fictício, transformando-os nos personagens da aventura.

Jumanji: Bem-vindo à Selva é a prova de que para revitalizar uma franquia basta ter boas ideias e esse filme acerta em quase tudo que se propõe. Sendo uma espécie de continuação do filme original, essa nova aventura traz novos personagens para a tela e faz uma importante mudança na estrutura da trama do jogo. A grande sacada dos roteiristas foi usar o elemento do jogo, mas de uma forma diferente, tirando o tabuleiro e partindo para o vídeo game. Isso criou uma obra que entende seus absurdos e os abraça de maneira bem humorada com os roteiristas fazendo um excelente humor com a situação que se instaura.

A maior virtude do filme foi entender como ninguém a estrutura de um vídeo game clássico dos anos 90. O roteiro usa isso para criar cenas que brincam com a expectativa dos personagens e faz com que eles fiquem em estado de preocupação o tempo todo visto que a qualquer momento pode surgir algum tipo de surpresa. Há todo uma sagacidade em usar esses elementos não só para o humor, mas também para fazer a trama andar sem precisar dar explicações miraculosas visto que a própria ideia do jogo dá aos roteiristas a desculpa para criar situações convenientes sem soar forçado.

O maior problema aqui é o fato do humor estar fora de tom em várias cenas. Sempre há uma espécie de piada ou humor físico com o fato de tal personagem não combinar com a pessoa que o está incorporando, só que é tudo feito de maneira tão afetada que dá mais vergonha alheia do que outra coisa. Aquela cena da Bethany dando dicas de sedução para a Martha é um bom exemplo de exagero humorístico.

Falando nos personagens, devo acrescentar que todos funcionam a sua maneira, mas existem problemas, principalmente no que tange à suas encarnações no jogo. O Spencer de Alex Wolff é o típico geek que não se encaixa e tem problemas para se relacionar com outras pessoas. Já a versão do jogo interpretada por Dwayne Johnson segue a mesma linha, porém há momentos em que são perceptíveis o descompasso entre as duas personalidades mesmo que o arco de amadurecimento de Spencer como o Dr. Bravestone seja bem desenvolvido.


Só que o mais problemático nesse sentido é Kevin Hart como a versão jogável do personagem Fridge. Enquanto que a versão real interpretada por Ser'Darius Blain é dotada de um tom mais sério, Hart exagera no humor em sua atuação deixando óbvio que não são a mesma pessoa. Isso já não acontece com as personagens da Martha e Bethany, pois as personalidades dentro e fora do jogo estão bem alinhadas. A Bethany incorpada no Dr. Shelly Oberon é perfeitamente identificável com a versão de Madison Iseman, pois há mesmo deboche tanta na atuação de Jack Black quanto na de Iseman.

A timidez da Martha de Morgan Turner é bem representada por Karen Gillian como Ruby Roundhouse, nota- se que elas são bem parecidas fisicamente e a postura corporal de Gillian como uma adolescente pouco sexy no corpo de um mulherão convence. Em relação ao desenvolvimento deles, é tudo bem feito com cada um começando de uma forma e no final conseguindo superar suas angústias e medos para se tornarem pessoas mais felizes.

Sobre a ação, eu diria que ela faz um bom trabalho em emular o exagero dos vídeos games com cenas bem absurdas ou com alguma gag visual. A direção de Jake Kasdan usa ângulos mais abertos para explorar toda o encanto da selva e faz uma ação mais fechada com takes bem próximos para dar ênfase ao humor da situação. Os efeitos visuais deixam a desejar em alguns momentos, especialmente nas partes com animais. O design de produção é bom com cada nova fase do jogo tem sua particularidade e visual distintos. Por fim, vale mencionar a falta de uma trilha sonora marcante, achei os temas bem genéricos.

Jumanji: Bem-vindo à Selva é um filme divertido com um elenco carismático, roteiro inteligente e uma boa homenagem para os amantes de games.

Nota: 7,0

Publicado por: Matheus Eira

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