Entenda o dilema da Warner Bros e Disney assim como todos os pormenores que estão impedindo a reabertura dos cinemas nos EUA.
Passaram-se cinco meses desde que a epidemia do coronavírus obrigou as redes de cinema a fecharem suas portas, nesse tempo, há toda uma discussão entre os estúdios de cinema e os exibidores sobre como voltar aos negócios. A resposta para esse debate não parece ser fácil e diversos veículos de imprensa estadunidenses apresentaram causas e consequências nos possíveis lançamentos ou adiamentos para o mês de agosto.
O principal alvo das discussões envolve a estratégia de lançamento de Tenet, o novo filme do aclamado diretor Christopher Nolan. Tendo sido adiado três vezes, o longa agora conta com uma nova data de estreia em 12 de agosto com a vontade de Nolan que o filme seja o primeiro a reabrir os cinemas. Só que de acordo com um relatório do The Hollywood Reporter, Nolan e a Warner Bros entraram em desavença, pois ele deseja que o filme haja como uma espécie de salvador dos cinemas enquanto que a Warner teme tomar um prejuízo caso os cinemas não estejam funcionando ao redor do mundo.
Tenet foi orçado em 200 milhões de dólares fora custos de marketing que aumentam a cada novo adiamento. Então, existe toda uma questão delicada, pois a Warner não quer desagradar Nolan, porém o prejuízo tido com um lançamento equivocado seria terrível para o estúdio, especialmente com nenhum outro título podendo ser exibido nas telonas. Um relatório anterior do Deadline aponta que o estúdio só estaria confortável com o lançamento do filme caso 80% dos cinemas ao redor do mundo estiverem abertos na época, todavia não parece ser o caso, pois grandes mercados como a China, Brasil e México não tem previsão de abertura devido ao fato dos casos de coronavírus ainda estarem aumentando. Logo, fica claro que as opções da Warner Bros são pouco agradáveis e nas próximas semanas podemos estar vendo o quarto adiamento da película de Nolan.
Mulan da Disney enfrenta o mesmo dilema e de acordo um relatório do Observer, pode ser ainda mais grave que a situação da Warner, pois o filme da guerreira chinesa é mais caro e já gastou um bom dinheiro com publicidade antes de seu adiamento. É mencionado que cada adiamento aumenta o custo do marketing entre 200 à 400 mil dólares podendo chegar ao valor de 5 milhões caso o filme seja removido do calendário do verão americano. Isso é ruim, pois em média os estúdios gastam entre 120 à 140 milhões de dólares com publicidade de blockbusters e os filmes são financiados por empréstimo , ou seja, quanto mais demoram para ser lançados maiores ficam os juros.
Tão ruim quanto a situação dos estúdios é a das redes de cinema que estão com portas fechadas há meses ou funcionando com capacidade reduzida. É o caso da pequena cadeia de cinemas Santikos Entertainment localizada no Texas. Sendo uma das poucas redes funcionando sem ser no modelo drive in, essa pequena rede foi responsável por 57% dos números de bilheteria na semana mesmo com uma lei que reduzia sua capacidade à apenas 25% da lotação máxima. O presidente da rede, Tim Handren, explicou ao THR que é difícil manter as portas abertas sem material novo para atrair mais público e ainda acrescenta que mesmo após o governo do Texas permitir aumentar a capacidade de 25% para 50%, jamais chega nisso porque atualmente eles só exibem conteúdos antigos. Ele também não é tão esperançoso sobre os estúdios manterem as datas de lançamento de Mulan e Tenet e ainda reclama que não dá pra montar uma estratégia de promoção sólida com as datas sendo mudadas toda semana.
A situação da rede Santikos também é a realidade de muitas outras cadeias de cinema ao redor do globo. Há um receio de que mesmo com as medidas de segurança como máscaras, higienização após cada sessão e intervalos, o público não se sinta seguro para voltar às salas, pois a vacina contra o covid-19 ainda se encontra em fase de testes e muitos não desejam arriscar suas vidas. Logo, mesmo com uma reabertura em agosto, é possível que as pessoas não vão aos cinemas e prefiram ficar na segurança de casa vendo um filme na Netflix ou em outras plataformas de streaming. O que nos leva a um novo ponto, o lançamento de filmes diretamente em plataformas de Video On Demand (VOD).
Recentemente, a Paramount vendeu os direitos de exibição internacional de Bob Esponja: O Incrível Resgate para a Netflix e a Universal arrecadou cerca de 100 milhões de dólares com os aluguéis digitais de Trolls: World Tour. Essa nova modalidade de lançamentos provou ser uma forma segura de levar novos conteúdos para o público e sem dar prejuízo para os estúdios. No entanto, redes de cinema como a AMC não são entusiastas dessa nova modalidade e quando a Universal sugeriu que poderia lançar filmes em VOD e nos cinemas ao mesmo tempo, foi a gota d’água para a rede e eles anunciaram um boicote aos filmes da Universal. A medida foi necessária segundo o CEO da AMC porque a Universal agiu unilateralmente e não os informou dessa decisão além do fato de trazer implicações sérias para o modelo de distribuição atual.
Por fim, vale ressaltar que a crise provocada pelo coronavírus está longe de ser encerrada e suas consequências ainda irão assombrar a indústria cinematográfica por alguns anos. No Brasil, a Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex) estimava um prejuízo de R$ 1,2 bilhão se os cinemas ficassem parados até junho deste ano, porém a situação parece que se estenderá pelo resto do ano aumentando e muito esse valor reportado em uma notícia do portal IG.
Passaram-se cinco meses desde que a epidemia do coronavírus obrigou as redes de cinema a fecharem suas portas, nesse tempo, há toda uma discussão entre os estúdios de cinema e os exibidores sobre como voltar aos negócios. A resposta para esse debate não parece ser fácil e diversos veículos de imprensa estadunidenses apresentaram causas e consequências nos possíveis lançamentos ou adiamentos para o mês de agosto.
O principal alvo das discussões envolve a estratégia de lançamento de Tenet, o novo filme do aclamado diretor Christopher Nolan. Tendo sido adiado três vezes, o longa agora conta com uma nova data de estreia em 12 de agosto com a vontade de Nolan que o filme seja o primeiro a reabrir os cinemas. Só que de acordo com um relatório do The Hollywood Reporter, Nolan e a Warner Bros entraram em desavença, pois ele deseja que o filme haja como uma espécie de salvador dos cinemas enquanto que a Warner teme tomar um prejuízo caso os cinemas não estejam funcionando ao redor do mundo.
Tenet foi orçado em 200 milhões de dólares fora custos de marketing que aumentam a cada novo adiamento. Então, existe toda uma questão delicada, pois a Warner não quer desagradar Nolan, porém o prejuízo tido com um lançamento equivocado seria terrível para o estúdio, especialmente com nenhum outro título podendo ser exibido nas telonas. Um relatório anterior do Deadline aponta que o estúdio só estaria confortável com o lançamento do filme caso 80% dos cinemas ao redor do mundo estiverem abertos na época, todavia não parece ser o caso, pois grandes mercados como a China, Brasil e México não tem previsão de abertura devido ao fato dos casos de coronavírus ainda estarem aumentando. Logo, fica claro que as opções da Warner Bros são pouco agradáveis e nas próximas semanas podemos estar vendo o quarto adiamento da película de Nolan.
Mulan da Disney enfrenta o mesmo dilema e de acordo um relatório do Observer, pode ser ainda mais grave que a situação da Warner, pois o filme da guerreira chinesa é mais caro e já gastou um bom dinheiro com publicidade antes de seu adiamento. É mencionado que cada adiamento aumenta o custo do marketing entre 200 à 400 mil dólares podendo chegar ao valor de 5 milhões caso o filme seja removido do calendário do verão americano. Isso é ruim, pois em média os estúdios gastam entre 120 à 140 milhões de dólares com publicidade de blockbusters e os filmes são financiados por empréstimo , ou seja, quanto mais demoram para ser lançados maiores ficam os juros.
Tão ruim quanto a situação dos estúdios é a das redes de cinema que estão com portas fechadas há meses ou funcionando com capacidade reduzida. É o caso da pequena cadeia de cinemas Santikos Entertainment localizada no Texas. Sendo uma das poucas redes funcionando sem ser no modelo drive in, essa pequena rede foi responsável por 57% dos números de bilheteria na semana mesmo com uma lei que reduzia sua capacidade à apenas 25% da lotação máxima. O presidente da rede, Tim Handren, explicou ao THR que é difícil manter as portas abertas sem material novo para atrair mais público e ainda acrescenta que mesmo após o governo do Texas permitir aumentar a capacidade de 25% para 50%, jamais chega nisso porque atualmente eles só exibem conteúdos antigos. Ele também não é tão esperançoso sobre os estúdios manterem as datas de lançamento de Mulan e Tenet e ainda reclama que não dá pra montar uma estratégia de promoção sólida com as datas sendo mudadas toda semana.
A situação da rede Santikos também é a realidade de muitas outras cadeias de cinema ao redor do globo. Há um receio de que mesmo com as medidas de segurança como máscaras, higienização após cada sessão e intervalos, o público não se sinta seguro para voltar às salas, pois a vacina contra o covid-19 ainda se encontra em fase de testes e muitos não desejam arriscar suas vidas. Logo, mesmo com uma reabertura em agosto, é possível que as pessoas não vão aos cinemas e prefiram ficar na segurança de casa vendo um filme na Netflix ou em outras plataformas de streaming. O que nos leva a um novo ponto, o lançamento de filmes diretamente em plataformas de Video On Demand (VOD).
Recentemente, a Paramount vendeu os direitos de exibição internacional de Bob Esponja: O Incrível Resgate para a Netflix e a Universal arrecadou cerca de 100 milhões de dólares com os aluguéis digitais de Trolls: World Tour. Essa nova modalidade de lançamentos provou ser uma forma segura de levar novos conteúdos para o público e sem dar prejuízo para os estúdios. No entanto, redes de cinema como a AMC não são entusiastas dessa nova modalidade e quando a Universal sugeriu que poderia lançar filmes em VOD e nos cinemas ao mesmo tempo, foi a gota d’água para a rede e eles anunciaram um boicote aos filmes da Universal. A medida foi necessária segundo o CEO da AMC porque a Universal agiu unilateralmente e não os informou dessa decisão além do fato de trazer implicações sérias para o modelo de distribuição atual.
Por fim, vale ressaltar que a crise provocada pelo coronavírus está longe de ser encerrada e suas consequências ainda irão assombrar a indústria cinematográfica por alguns anos. No Brasil, a Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex) estimava um prejuízo de R$ 1,2 bilhão se os cinemas ficassem parados até junho deste ano, porém a situação parece que se estenderá pelo resto do ano aumentando e muito esse valor reportado em uma notícia do portal IG.
Esse foi o especial dessa semana, pessoal. Deixem suas impressões nos comentários abaixo a respeito do futuro da indústria cinematográfica e conversem bastante. Até a próxima !
Publicado por: Matheus Eira
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