Antes de fazer Homem-Aranha de 2002, Sam Raimi dirigiu outro filme de super-herói, dessa vez um personagem original, criado especificamente para o filme: Darkman. No IMDb, na seção de guia para os pais saberem o teor do filme, está escrito que em Darkman “o tom do filme não é exatamente assustador, mas é muito bizarro e violento.” Acho que talvez essa seja uma boa definição. Na trama acompanhamos Peyton Westlake (Liam Neeson), um cientista que descobriu uma maneira de criar peles sintéticas e que desenvolveu um projeto com foco apenas nisso. Sua namorada, a advogada Julie (Frances McDormand), está trabalhando em um processo no qual ela precisa investigar alguém poderoso e ela tem um memorando como prova. Em uma noite, quando os documentos reveladores estavam no laboratório de Peyton, criminoso invadem o lugar e espancam Peyton e explodem o local. Todos pensam que o cientista estava morto, mas na verdade ele sobreviveu, só que agora deformado e dotado de uma força sobre-humana, tendo desenvolvido uma personalidade agressiva e que busca vingança.   

Primeiramente, o filme possui muitas características e tendências de Raimi. O longa possui a veia e a estética de um filme B, algo já visto anteriormente em sua filmografia. Isso também ajuda a construir o humor presente no filme, bastante semelhante ao da trilogia Evil Dead, assim como os efeitos especiais intencionalmente amadores complementam a comicidade. 

As interpretações no filme são competentes dentro da proposta da película. Liam Neeson consegue interpretar um personagem caricato e cartunesco, mas ele também sabe entregar momentos tocantes, mesmo que poucos. Frances, apesar de ser uma boa atriz, não parece muito confortável com o papel e não convence como o par romântico do protagonista. Colin Friels e Larry Drake, que interpretam os vilões do longa, conseguem trazer o exagero que Raimi queria, e mesmo que claramente não se deva levá-los a sério, eles ainda conseguem trazer um ar ameaçador para seus respectivos personagens. 


A trilha sonora de Danny Elfman, apesar de não estar no mesmo nível de suas várias trilhas sonoras icônicas, encaixa bem no tom do filme, com o tema principal, sendo um pouco parecido com o tema do Batman também composto por Elfman, acrescentando bastante a personalidade do herói titular. Raimi também dirige ótimas sequências de ação, com seu jogo de câmeras característico e que remete a sua trilogia do Homem-Aranha, fazendo com que esse filme parecesse mais um aperitivo do que estava por vir. 

O longa também tem suas outras qualidades. Desde o visual do personagem titular, ainda mais a maquiagem e o figurino, algo que remete ao Homem-Invisível, até sua mistura de elementos, no início somos apresentados a algo como um romance policial, depois temos um melodrama com um tom gótico, assim como o terror, gênero no qual Raimi iniciou, seguido por um drama movido pela vingança. Apesar disso, esse amontoado de gêneros não torna o filme menos imersivo.  

Darkman é engraçado e trágico, possuindo todas as qualidades do trabalho de Raimi, sendo um filme estilizado e que de uma forma emula a arte das histórias em quadrinhos assim como a homenageia, e já que Raimi é um fã dessa mídia, ele consegue entregar um trabalho satisfatório, mesmo que não atinga todo seu potencial.  

Nota: 7,5  

Publicado por: Sam.

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