Provando que de boas intenções o inferno está cheio, adaptação da HQ “Hellblazer” tem bons elementos, mas os desenvolve de forma medíocre.
Sinopse: Contos sobrenaturais baseados nas histórias em quadrinhos "Hellblazer". O solitário Constantine (Keanu Reeves) tenta garantir seu lugar no paraíso enviando demônios de volta ao inferno, mas seu destino está ligado ao de Angela (Rachel Weisz), uma policial que investiga o suposto suicídio de sua irmã gêmea.
Constantine dirigido por Francis Lawrence voltou a ser assunto recentemente pelo boom de popularidade que Keanu Reeves atingiu nos últimos anos com a franquia “John Wick". Então, todos os papéis do ator passaram a ser revisitados e um deles é o de John Constantine, personagem da DC Comics voltado para histórias mais adultas sofre ocultismo. Mas será que esse papel dele é bom como dizem ou é apenas a nostalgia falando mais alto ?
Infelizmente, acho que a nostalgia falou mais alto nesse caso, pois o filme em si deixa muito a desejar especialmente em seu roteiro fraco e atuações toscas. Toda a mitologia desse universo é explicada de forma muito burocrática com o personagem título sendo excessivamente expositivo em seus diálogos e com seu desenvolvimento sendo mau escrito. John é apresentado como um homem atormentado pela ideia de voltar para o Inferno e para isso usa suas habilidades mágicas para ajudar outras pessoas na esperança de que isso o livre de tal destino.
A performance de Keanu Reeves não consegue passar o ar canalha que o personagem deve ter e isso prejudica muito a trama, pois a todo momento o roteiro enfatiza que ele é uma pessoa egoísta e vaidosa, porém o resultado disso na tela não existe. Fica óbvio que o diretor Francis Lawrence não soube direcionar bem o ator e o resultado final é uma performance insossa com poucos momentos de brilho.
O mesmo acontece com a personagem de Rachel Weisz, a atriz parecia muito apática em sua performance desperdiçando várias cenas com olhares e expressões excessivamente contidos. Basta ver a cena em que ela e John estão num quarto de hospital, a aparente intenção ali era causar desconforto através de uma pressão psicológica, no entanto a falta de uma expressão mais genuína de dor e culpa atrapalha a imersão desse momento.
Além de falhar no desenvolvimento dos personagens, o roteiro também erra na condução da narrativa deixando as reviravoltas muito óbvias, aceleradas e sem lógica. No primeiro ato, o ritmo é fluido com trama sendo contada de forma compassada e com cada motivação sendo bem estabelecida, porém depois disso fica tudo muito apressado. Por exemplo, toda o mistério envolvendo a lança do destino e os ataques de demônios são resolvidos com justificativas tolas, pois o roteiro cria conflitos bobos para impedir certos personagens de ajudar para no final, após um discurso clichê, a ajuda ser oferecida. Isso acontece tanto com a Angela quanto com o Papa Midnite (Djimon Hounsou), já o Chas Kramer (Shia LaBeouf) se resume a ser um alívio cômico ineficiente que em nada acrescenta na história.
Também é muito pobre a exploração desse universo de anjos, demônios e mestiços sendo dada uma explicação bem didática para o papel de cada um, mas sem um aprofundamento nos pormenores desse conflito entre luz e trevas. A fé é um tema que permeia toda a narrativa com John tendo dificuldades para se tornar alguém realmente altruísta com Angela tendo o mesmo problema na aceitação de seu dom, porém tudo isso é usado apenas para criar momentos visualmente belos, mas sem significado, pois a pressa na narrativa impossibilita uma verdade nesses cenas.
Mas o filme tem seus pontos positivos, especialmente na parte técnica. O design de produção do inferno é bem criativo sendo uma mistura de um apocalipse nuclear com um poço dos tormentos com cores bem saturadas de vermelho e laranja. O visual dos demônios também é assertivo com cada um sendo um pouco distinto visto os demônios do inferno, o dos insetos e o Balthazar (Gavin Rossdale). O que nos leva a elogiar a maquiagem, a cena do Constantine com o Balthazar no segundo ato tem uma maquiagem excelente e a direção de Francis Lawrence consegue extrair um clima agonizante.
Por falar nele, é nítido que por ser o seu primeiro longa metragem, ele não soube dar um bom tratamento a todas as partes do filme com o visual sendo o ponto mais forte. As cenas de ação tem uma boa movimentação de câmera e com poucos cortes. Ele só exagera um pouco no slow motion para tentar dar uma sensação de catarse, mas não era necessário o uso do efeito em algumas cenas. O maior defeito na direção dele é não saber ser direcionar melhor os atores em cenas que exigiam maior dramaticidade, porém ele sabe usar bem os efeitos visuais e não abusa deles com cada cena tendo o CGI necessário para deixá-la crível aos olhos do público.
Constantine pode ser legal em alguns momentos, mas ainda sim é um filme fraco.
Nota: 4,0
Publicado por: Matheus Eira
Sinopse: Contos sobrenaturais baseados nas histórias em quadrinhos "Hellblazer". O solitário Constantine (Keanu Reeves) tenta garantir seu lugar no paraíso enviando demônios de volta ao inferno, mas seu destino está ligado ao de Angela (Rachel Weisz), uma policial que investiga o suposto suicídio de sua irmã gêmea.
Constantine dirigido por Francis Lawrence voltou a ser assunto recentemente pelo boom de popularidade que Keanu Reeves atingiu nos últimos anos com a franquia “John Wick". Então, todos os papéis do ator passaram a ser revisitados e um deles é o de John Constantine, personagem da DC Comics voltado para histórias mais adultas sofre ocultismo. Mas será que esse papel dele é bom como dizem ou é apenas a nostalgia falando mais alto ?
Infelizmente, acho que a nostalgia falou mais alto nesse caso, pois o filme em si deixa muito a desejar especialmente em seu roteiro fraco e atuações toscas. Toda a mitologia desse universo é explicada de forma muito burocrática com o personagem título sendo excessivamente expositivo em seus diálogos e com seu desenvolvimento sendo mau escrito. John é apresentado como um homem atormentado pela ideia de voltar para o Inferno e para isso usa suas habilidades mágicas para ajudar outras pessoas na esperança de que isso o livre de tal destino.
A performance de Keanu Reeves não consegue passar o ar canalha que o personagem deve ter e isso prejudica muito a trama, pois a todo momento o roteiro enfatiza que ele é uma pessoa egoísta e vaidosa, porém o resultado disso na tela não existe. Fica óbvio que o diretor Francis Lawrence não soube direcionar bem o ator e o resultado final é uma performance insossa com poucos momentos de brilho.
O mesmo acontece com a personagem de Rachel Weisz, a atriz parecia muito apática em sua performance desperdiçando várias cenas com olhares e expressões excessivamente contidos. Basta ver a cena em que ela e John estão num quarto de hospital, a aparente intenção ali era causar desconforto através de uma pressão psicológica, no entanto a falta de uma expressão mais genuína de dor e culpa atrapalha a imersão desse momento.
Além de falhar no desenvolvimento dos personagens, o roteiro também erra na condução da narrativa deixando as reviravoltas muito óbvias, aceleradas e sem lógica. No primeiro ato, o ritmo é fluido com trama sendo contada de forma compassada e com cada motivação sendo bem estabelecida, porém depois disso fica tudo muito apressado. Por exemplo, toda o mistério envolvendo a lança do destino e os ataques de demônios são resolvidos com justificativas tolas, pois o roteiro cria conflitos bobos para impedir certos personagens de ajudar para no final, após um discurso clichê, a ajuda ser oferecida. Isso acontece tanto com a Angela quanto com o Papa Midnite (Djimon Hounsou), já o Chas Kramer (Shia LaBeouf) se resume a ser um alívio cômico ineficiente que em nada acrescenta na história.
Também é muito pobre a exploração desse universo de anjos, demônios e mestiços sendo dada uma explicação bem didática para o papel de cada um, mas sem um aprofundamento nos pormenores desse conflito entre luz e trevas. A fé é um tema que permeia toda a narrativa com John tendo dificuldades para se tornar alguém realmente altruísta com Angela tendo o mesmo problema na aceitação de seu dom, porém tudo isso é usado apenas para criar momentos visualmente belos, mas sem significado, pois a pressa na narrativa impossibilita uma verdade nesses cenas.
Mas o filme tem seus pontos positivos, especialmente na parte técnica. O design de produção do inferno é bem criativo sendo uma mistura de um apocalipse nuclear com um poço dos tormentos com cores bem saturadas de vermelho e laranja. O visual dos demônios também é assertivo com cada um sendo um pouco distinto visto os demônios do inferno, o dos insetos e o Balthazar (Gavin Rossdale). O que nos leva a elogiar a maquiagem, a cena do Constantine com o Balthazar no segundo ato tem uma maquiagem excelente e a direção de Francis Lawrence consegue extrair um clima agonizante.
Por falar nele, é nítido que por ser o seu primeiro longa metragem, ele não soube dar um bom tratamento a todas as partes do filme com o visual sendo o ponto mais forte. As cenas de ação tem uma boa movimentação de câmera e com poucos cortes. Ele só exagera um pouco no slow motion para tentar dar uma sensação de catarse, mas não era necessário o uso do efeito em algumas cenas. O maior defeito na direção dele é não saber ser direcionar melhor os atores em cenas que exigiam maior dramaticidade, porém ele sabe usar bem os efeitos visuais e não abusa deles com cada cena tendo o CGI necessário para deixá-la crível aos olhos do público.
Constantine pode ser legal em alguns momentos, mas ainda sim é um filme fraco.
Nota: 4,0
Publicado por: Matheus Eira
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