Sinopse: Os tripulantes da Enterprise descobrem uma força terrorista dentro da sua própria organização. O capitão Kirk desafia as regras da Frota Estelar e lidera uma missão para capturar uma arma de destruição em massa.
Além da Escuridão – Star Trek chegou aos cinemas quatro anos após o lançamento do primeiro filme desse reboot comandado por J. J Abrams, nessa nova aventura os heróis da U.S.S Enterprise devem lidar com ameaças internas dentro da Frota Estelar ao mesmo tempo em que descobrem que nem tudo é o que parece dentro da instituição. A direção é mais uma vez de Abrams com o roteiro escrito por Alex Kurtzman, Roberto Orci e Damon Lindelof.
É perceptível que nos primeiros momentos da película, os roteiristas constroem toda a base da trama a respeito da necessidade de ser responsável em situações difíceis. Essa temática é o mote central da narrativa e tem diversas ramificações para os personagens. Kirk (Chris Pine) tornou-se excessivamente arrogante com as muitas missões cumpridas e por isso ignora regulamentos e sempre arruma justificativas para suas ações como se o fato dele fazer coisas boas o eximisse da responsabilidade que tem como capitão representando os valores da Frota Estelar.
Spock (Zachary Quinto) voltou a ser excessivamente lógico ainda que isso custe muito aos seus relacionamentos e isso faz com que ele seja mal visto tanto por Kirk quanto por Uhura (Zoe Saldana). Essa primeira parte traz os personagens de volta aos seus estados primários e age como um catalisador para as mudanças que vão ocorrer mais a frente.
Quando a figura de Khan (Benedict Cumberbatch) entra em cena, o mundo dos personagens entra em colapso, pois além das revelações de corrupção na Frota, agora os tripulantes devem enfrentar um homem que é muito mais avançado do que eles e tem um senso de moral inexistente. Tudo isso contribui para o clima de urgência da trama, pois há inimigos por todos os lados e cada decisão tem um peso na vida de cada pessoa na Enterprise.
Nesse filme, vemos um pouco dos klingons, mas a participação deles na trama é um mero fanservice para os fãs, pois o foco é em Khan. Benedict Cumberbatch interpreta o vilão de um modo calmo e sereno na maior parte do tempo, porém vemos a verdadeira face do personagem em momentos mais tensos. O ator tem um rosto peculiar que transmite medo e raiva com um toque bem macabro e por vezes um pouco afetado. Ele rouba muitas das cenas com seu ar misterioso e pelo carisma de Cumberbatch.
No núcleo dos heróis, Chris Pine faz um Kirk consumido pelo conflito com sua personalidade impulsiva e seus deveres como capitão. Há uma ótima cena na qual o capitão da Enterprise discute com Khan a resposta das motivações do vilão e a atuação deles é boa, pois está nítido que os dois desejam se matar, mas pelas circunstâncias devem trabalhar juntos para sobreviver. Só é uma pena que a Tenente Uhura mais uma vez não seja bem trabalhada com todo o arco dela se resumindo a uma briga de casal com Spock.
O vulcano aqui precisa lidar com o fato de que regras devem ser quebradas para que algumas vitórias sejam conquistadas e Quinto faz um bom trabalho com os olhares do personagem. É nítido em algumas cenas que a postura de Spock indica uma frieza que não é acompanhada por seus olhos, pois dá pra ver o conflito emocional do personagem sobre se sentir emoções vale a pena.
Nos aspectos técnicos, a obra é um deleite a parte. As batalhas espaciais são bem feitas com um CGI de ótima textura e uma direção que sabe realçar o melhor de cada cenário. A cena em que Kahn e Kirk percorrem um campo de detritos é muito bem fotografada e cheia de tensão. O visual do filme também merece elogios, a direção de arte criou cenários bem futuristas tanto nas naves quanto no planeta Terra, só é uma pena que não vimos mais do planeta Klingon. A trilha sonora de Michael Giacchino mantêm o nível do primeiro filme e deixa as cenas bem mais emocionantes conforme o nível de perigo aumenta na história.
Além da Escuridão – Star Trek é um bom filme para quem curte ficção científica de qualidade.
Nota: 8,0
Publicado por: Matheus Eira
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