Adaptação da série de livros de Stephen King é uma aula de como desperdiçar uma boa premissa em um filme burocrático


Sinopse: O pistoleiro Roland Deschain percorre o mundo em busca da famosa Torre Negra, prédio mágico que está prestes a desaparecer. Essa busca envolve uma intensa perseguição ao poderoso Homem de Preto, passagens entre tempos diferentes, encontros intensos e confusões entre o real e o imaginário. Baseado na obra literária homônima de Stephen King.

A Torre Negra é mais uma adaptação de Stephen King que não deu certo nas telonas, o filme é dotado de uma falta de imaginação ímpar por parte dos roteiristas que não se preocupam em apresentar esse universo da maneira correta. Tudo soa muito apressado e pior genérico. A trama tem seu pontapé inicial na figura do menino Jake Chambers (Tom Taylor), um jovem que tem sonhos sobre pessoas e lugares que nunca viu nada. Tendo perdido seu pai há pouco tempo, Jake tem uma relação tumultuada com sua mãe e padrasto, pois os mesmos não acreditam que suas visões são reais e o enxergam como alguém problemático.

Lendo tudo isso, pode-se dizer que o personagem tem muito a ser trabalhado em termos dramáticos, só é uma pena que os roteiristas não tenham percebido isso. Todos os aspectos mencionados acima são resolvidos em 20 minutos de filme num ritmo apressado que não permite um desenvolvimento orgânico de nenhuma das partes. Não há personagens nesse filme, apenas caricaturas que desperdiçam um bom elenco em personagens burocráticos que são tão ruins que nem a palavra clichê se aplica.

A obra conta com atores de calibre como Idris Elba e Matthew McConaughey e não faz nada de interessante com eles. O Pistoleiro interpretado por Elba é o clássico herói relutante com uma trama de vingança muito mal explorada com o ator interpretando no piloto automático, pois não há nada a ser trabalhado nesse personagem. Ele é raso como um pires como dizem por aí.


O mais decepcionante é o Homem de Preto interpretado por McConaughey, com esse personagem atualizaram as definições de vilões genéricos. O personagem tem uma motivação clichê de dominar o mundo e pior a trama não explica seus poderes, origem ou do porquê ele agir daquele jeito. É tão ruim esse personagem que a vilania dele se resume a chegar nos lugares e ir matando aliados e inimigos sem a menor cerimônia em cenas expositivas feitas apenas para enfatizar que ele é do mal.

O maior problema é o fato da mitologia desse universo não ser bem apresentada. Existem diversos conceitos que são jogados em tela de maneira porca e o roteiro age como se o espectador já soubesse de tudo e não se dá ao trabalho de tentar explicar a origem desse multiverso, nem os poderes de Jake Chambers ou do porquê o Mundo Médio estar tão desolado. Para piorar a situação, eles investem num tipo de jornada do herói que causa muitas vítimas numa aldeia e parece que as mortes não tem peso, pois depois eles fazem piada com refrigerante e analgésicos.

Em termos técnicos, não é um filme ruim. Ele tem uma fotografia muito boa que ressalta bem cada ambiente e aposta em tons mais claros. A direção de Nikolaj Arcel é muito burocrática, apesar de não ser ruim. Ele dirige bem as cenas de ação e usa bons ângulos de câmera que permitem uma boa visualização da ação sem muitos cortes. Ele peca muito na composição visual do longa, é tudo muito sem imaginação com os cenários sendo os mais básicos possíveis, o mesmo pode ser dito do figurino.

O CGI é bom enquanto serve de apoio para cenas de complementação visual do ambiente, mas quando a cena depende dele para funcionar é um problema, pois fica muito artificial e tira a imersão do espectador da cena. Basta notar as cenas no segundo ato com o monstro e no terceiro ato quando substituem os atores por bonecos de computação gráfica bem artificiais.

A Torre Negra prova que de boas intenções o inferno está cheio e entrega uma obra burocrática que desperdiça um bom elenco numa trama insossa.

Nota: 4,0

Publicado por: Matheus Eira

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