Cinco jovens adultos viajam até uma cabana isolada em uma floresta e decidem passar uma noite lá. Dentro do porão, eles encontram um tal “Necronomicon”, o livro dos mortos, junto de uma gravação de antigos residentes do local, que faz com que um mal antigo ressurja por lá. Soa clichê, ainda mais atualmente, já que vimos essa história antes em muitos slashers, mas esse é um filme feito há três décadas atrás, e o que parece ser um estereótipo de filme de terror hoje, não pareceu tão batido antes. Por mais que a trama não pareça muito original, a criatividade desse filme é o seu maior atrativo, ainda mais quando o assunto é a direção de Sam Raimi.

Mesmo com um orçamento ínfimo, Raimi e Tim Philo, o diretor de fotografia, fazem milagres. Raimi foi forçado a ser inventivo, já que ele não podia usar uma Steadicam, que basicamente serve para estabilizar a câmera, ele criou uma versão de baixo orçamento, a “shaky cam”. Para criar o efeito, a câmera foi presa a uma prancha de madeira enquanto duas pessoas seguravam cada extremidade da prancha e percorriam os cenários com ela. Os ângulos, os tracking shots longos, o melhor sendo o do começo com a câmera indo em direção a cabana, e o uso da visão em primeira pessoa, servindo para vermos no ponto de vista do demônio que ressurgiu, sempre observando os protagonistas e querendo invadir a cabana, criando um clima tenso e uma atmosfera desconfortável.


O uso do gore também ajuda a construir esse desconforto, apesar da maquiagem não ser uma das melhores e alguns usos de stop-motion que deixam o filme datado, as cenas de desmembramento e alguns momentos nojentos demais para descrever ainda podem chocar espectadores modernos como chocou os da década de 80. Os efeitos sonoros junto com a trilha sonora elevam esses momentos, e é incrível como eles são bem feitos apesar das limitações que a produção enfrentou.

A atuação aqui não é uma das melhores, como é de se esperar em um filme de terror com adolescentes, mas Bruce Campbell é com certeza o melhor ator do filme, e apesar do Ash não ter a personalidade cativante que ele recebe nas sequências, ele ainda é um bom personagem aqui. A falta de uma carga dramática maior no filme atrapalha bastante, já que não há uma conexão com os personagens e no final você os enxerga apenas como vítimas prontas para serem dilaceradas. O filme prefere te deixar mais atônito com momentos como o qual uma mulher é estuprada por uma árvore através de seus galhos, por mais bizarro e politicamente incorreto que isso pareça, do que desenvolver os personagens.

O primeiro longa-metragem de Sam Raimi é um cult, apesar de sua sequência ser mais reverenciada. Seu visual distinto, junto com a direção inovadora, agregam muito ao filme e são de longe os melhores aspectos da película. Apesar de alguns efeitos parecerem datados e talvez até seja um motivo de risada, o lado do terror do filme ainda funciona pois acho o filme bastante imersivo, deixando o espectador aflito pro que pode acontecer. Poderia ser melhor, mas ainda assim o filme merece o reconhecimento que tem. 

Nota: 8

Publicado por: Sam.



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