Sinopse: No galinheiro de uma fazenda inglesa dos anos 1950, galinhas cumprem sua função e vivem pacatamente sonhando com uma vida melhor. Uma delas, Ginger, sonha com a liberdade e planeja sair voando dali junto com suas companheiras.
A Fuga das Galinhas fez parte da infância de muitas crianças nos anos 2000 e foi figura constante na Sessão da Tarde em diversas ocasiões. Passados vinte anos após seu lançamento original, o longa feito completamente em stop motion ainda encanta e diverte com seu roteiro original e personagens carismáticos. Nick Park e Peter Lord são os diretores do longa e provam ser excelentes realizadores em seu filme de estreia como diretores.
A trama é uma fábula que conta a história de um grupo de galinhas que desejam a liberdade ao invés de servir a um sistema cruel que lhes tira a vida quando deixam de ser úteis. A personagem principal é Ginger, uma galinha sonhadora que almeja uma vida melhor para suas companheiras e sempre tenta inventar novos jeitos de tornar seu sonho uma realidade. Nota-se que o mote principal da trama é o desejo por liberdade, a obra faz referências ao brutal sistema capitalista como também dá umas pinceladas no nazismo visto o design do galinheiro. Os antagonistas da obra, os Tweedy são um casal pacato com um pequeno negócio, porém a sra. Tweedy almeja ser rica e para isso investe numa máquina que acredita ser a chave para alcançar tal objetivo.
Isso faz uma óbvia referência ao período da Revolução Industrial onde o trabalho braçal (no caso aqui pôr ovos) é substituído pela máquina a vapor (a máquina de fazer tortas). Isso cria um contraste interessante, pois temos os interesses da classe trabalhadora (as galinhas) de um lado e do outro temos os patrões que desejam que sua mão de obra seja ainda mais eficiente. A trama tem seu conflito estabelecido e com a chegada do “galo voador" Rocky à granja, parece que as preces das galinhas foram atendidas.
O personagem é dotado de um cinismo interessante, pois sabe manipular bem a “ingenuidade” das personagens, mas ao mesmo tempo, é perceptível que ele se identifica com o desejo delas por uma vida melhor já que antes fazia algo que não gostava. O humor do filme é bem assertivo ao fazer piadas que agradam tanto crianças quanto adultos. Por exemplo, as cenas de treino para o vôo são muito engraçadas pelo humor físico que os animadores empregam e funcionam por seu tom mais escrachado.
A direção da dupla Park e Lord mantém a trama com um bom ritmo e investe em bons ângulos de câmera que captam bem a tristeza da granja como também usam planos mais abertos para explicitar o desejo por liberdade da protagonista. A técnica de animação em stop motion merece aplausos por funcionar muito bem e fornecer um visual “realista” para cada personagem e também por os diferenciar em cores e tamanhos. Nem posso imaginar o trabalho que dava montar cada cena dessas.
Por fim, vale destacar a excelente trilha sonora de John Powell e Harry Gregson-Williams que mistura tons melódicos com batidas que causam uma sensação de esperança e alegria no espectador. A dublagem do filme em português é excelente, pois cada dublador captou bem o tom de cada personagem e não se perdeu muita na adaptação entre os idiomas.
A Fuga das Galinhas é uma excelente animação com bons personagens, ótima história e um tremendo carisma.
Nota: 10,0
Publicado por: Matheus Eira
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