Mais uma temporada, mais zumbis, sangue, novas tramas e mais repetições. Assistindo a primeira metade dessa temporada, achei algumas ideias apresentadas bastante interessantes. Aqui, somos apresentados a uma epidemia dentro da prisão, e não são os mortos-vivos. Uma doença assola os residentes da prisão, um tipo de gripe, e essa parte não está presente nos quadrinhos, o que eu achei ótimo, a série se arriscar com conceitos que não estavam presentes no material-fonte era exatamente o que a série necessitava. 


Nos primeiros episódios da temporada, temos um senso de urgência que melhorou bastante o ritmo da série pra mim. Temos o inimigo invisível, temos os zumbis se amontoando nas cercas da prisão que estão prestes a ceder, um assassino a solta, até então eu estava impressionado com o rumo que a série estava tomando e curioso com qual seria o resultado daquele caos todo. Mas como alegria de pobre dura pouco, todo aquele interesse que eu tinha se foi em pouco tempo. Mesmo com tudo isso acontecendo, os roteiristas conseguiram deixar essa parte da prisão monótona, devo dizer que é um feito surpreendente, não imaginava que alguém pudesse ter essa falta de talento tão perceptível. A doença desaparece, os zumbis são lidados de uma forma que eu não entendi, e a revelação de quem era o assassino na prisão é brochante e a motivação não é convincente. Mas enquanto a parte da prisão é decepcionante, os dois episódios focados no Governador são os melhores da temporada, junto com o mid-season finale, que é a culminação do arco do Governador com sua invasão à prisão. Acho que sua participação nessa temporada me fez perdoar o que fizeram com ele na terceira. Gosto muito quando séries têm episódio focados inteiramente em apenas um personagem, e quando esse personagem é o Governador e quando ele finalmente recebe o tratamento que merece, tenho que elogiar. O Governador é uma força da natureza, ele é um psicopata, manipulador, que não possui escrúpulos, e temos todas essas facetas exploradas nesses episódios, com o plus da atuação de David Morrissey, principalmente na cena da morte do Hershel, que está entre meus momentos favoritos da série. O discurso do Too Far Gone e a reação de Rick à morte de um de seus amigos mais próximos, e um dos personagens mais "inocentes" de toda série, tornam essa morte bastante impactante, e o episódio como um todo é fantástico.


Eu me sinto conflituoso quanto a primeira metade, ela possui seus méritos, e méritos que valem ser destacados, e seus problemas, então quanto aos pontos negativos e positivos, está balanceado para mim. Mas eu sei exatamente o que eu sinto pela segunda metade dessa temporada. Posso dizer que ela é a cura para a insônia. Se você tem insônia, eu recomendo que você abra sua Netflix, coloque na quarta temporada de The Walking Dead, e então coloque pra passar o décimo-segundo ou o décimo-terceiro episódio, e pronto, seu problema está resolvido, talvez você tenha que esperar uns dez minutos, que é geralmente quando a coisa tá interessante, mas não se preocupe que logo depois seu interesse passa e você começa a dormir. Essa segunda metade utiliza constantemente um artifício chamado "encheção de linguiça". Nessa metade da temporada todo episódio foca em um diferente núcleo, ou é do Rick, Carl e Michonne, ou é do Daryl e da Beth, e alguns outros. E apesar de serem episódios focados apenas naqueles personagens, e os responsáveis pelo roteiro tentarem fazer algo interessante, parece que foi um trabalho forçado. A AMC quer episódios de 40 minutos, os roteiristas só conseguem escrever trintas páginas, mas no final eles têm que preencher essas dez páginas. E se fosse apenas uma parcela do episódio eu aceitaria, mas eles como um todo são desinteressantes. É um vai e vem, quem chega primeiro no Terminus, os diálogos são sem graça, no padrão Arrow de qualidade. Algumas partes se salvam, a maioria envolvendo o Abraham, mas tudo é simplesmente tão maçante. Sem falar que todos os episódios têm partes na qual vemos os personagens andando por pelo menos 20 segundos. Sem diálogo, trilha sonora, nada relevante, apenas eles andando. Se você cortar essas partes de todos esses episódios e montar eles juntos, você tem a duração de um episódio da série. Talvez eles interpretaram a parte do "Walking" no título da série de forma literal. Mesmo assim essa metade tem suas pérolas: o episódio em que a Carol mata Lizzy e Mika, e o season finale. Os dois episódios incorporam o melhor da série e o que The Walking Dead representa. O mundo como conhecemos não existe mais e ver os personagens lidando com essa realidade distorcida foi o que me atraiu. Ver a Carol tomando a decisão que ela tomou e a então vir aquela cena das flores, é de quebrar o coração. E no último episódio temos um momento parecido com Rick.


Enquanto no caso da Carol vemos ela lidar com alguém que ela conhece e adotou, com o Rick ele lida com pessoas estranhas que o estão ameaçando. Mesmo que não sendo tão explícito como foi nos quadrinhos, ainda foi um choque ver que eles adaptaram a cena do estupro do Carl que por pouco quase aconteceu. A parte em que Rick "ativa" seu modo berserk e tira a garganta de um dos motoqueiros com apenas uma mordida é um dos momentos mais marcantes da série. O mundo desolado da série obrigou o Rick a fazer isso ou apenas despertou esse lado dele que esteve sempre esteve presente nele? Aqui temos toda aquela conversa de "pessoas são mais perigosas que os andarilhos" posta em cena, e o resultado impressiona, pelo menos nessa temporada quando esse conceito não estava batido na série.
No fim, a temporada tem sua lista de erros e de seus momentos memoráveis, e um briga com o outro. A série não é consistente, e esse é o maior problema com ela. Se fosse ruim em TODOS episódios, eu poderia largá-la, mas a série acumula seus ótimos episódios que merecem ser vistos, mas infelizmente pra chegar até eles você primeiro precisa sofrer muito.

Nota: 6,2

Publicado por: Sam.

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