Com um investimento pesado feito pela 'novata' Apple TV+, See chegou à plataforma de streaming em 2019 com uma ótima premissa: um vírus mortal dizimou a humanidade quase toda, deixando os humanos que restaram vivos cegos, característica que foi repassada geneticamente para os descendentes. 600 anos depois, os seres humanos vivem em tribos e passaram a adotar uma estilo de vida praticamente medieval para a sobrevivência.
Isso porque eles tiveram que se adaptar à falta de visão, encontrando novas maneiras de conseguir alimento, construir e até se relacionar com os seus próximos. Tudo isso muda quando Baba Voss (Jason Momoa), líder da tribo Alkenny, se vê como pai adotivo de duas crianças com um poder especial que acredita ser único entre os seres humanos: a visão.
Justamente esse "poder", comum a praticamente todos os seres humanos no passado, é considerado uma heresia por praticamente todas as tribos, existindo até "caçadores de bruxa" para procurar e sacrificar quem propaga a ideia de que as pessoas já puderam enxergar. Por isso, Baba Voss terá que enfrentar muitos inimigos para conseguir levar os filhos ao pai biológico, um desses adeptos da "mitologia", Jerlamarel (Joshua Henry),
A série é envolvente na maior parte do tempo, embora conte com alguns episódios lentos, principalmente os iniciais. A história também funciona e o roteiro da produção certamente reserva algumas surpresas para os expectadores ao decorrer da história, principalmente mostrando personagens que não são tão confiáveis como aparentavam de início.


Porém, há certa falta de coerência ou aspectos que não foram muito bem explicados na trama. 600 anos são biologicamente insuficientes para que os humanos tenham adquirido tamanha destreza e capacidade sonora extremamente aguçada para perceber o local exato de alvos, o que, para os humanos atuais em sua maioria, é impossível. Mas essas habilidades são essenciais para as cenas de ação em uma série na qual as pessoas não enxergam, e mesmo com esse questionamento, tais cenas funcionam muito bem e te levam a acreditar que está mesmo acontecendo uma luta "no escuro".
O mesmo problema da evolução vale para o visual medieval da série. Quem vê Baba Voss de início, por exemplo, pensa que está dando de cara com o Khal Drogo de Game of Thrones, que claramente foi a principal inspiração do programa. Dá a impressão de que foi forçado um certo retorno aos tempos antigos em aspectos de vestimentas e barbarismo, mesmo com a série se passando 600 anos no futuro, apenas por questões estéticas. Porém, é interessante ver o contraste entre os dois mundos no final da primeira temporada.
No geral, trata-se de uma produção boa, com uma boa história e que te deixa curioso quanto ao que acontecerá na segunda temporada. Os erros citados não comprometem em grande escala o andamento da série e algumas dúvidas, inclusive, podem ser esclarecidas pelos roteiristas na continuação, que já foi confirmada pela Apple TV+.

Nota: 8,5

Publicado por: Douglas.

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