Primeiro longa metragem de Quentin Tarantino é divertido, bem escrito e cheio de boas atuações.
Sinopse: Após um assalto dar errado, dois bandidos escapam da cena do crime e tentam descobrir o erro no plano. Após discussões, chegam a conclusão de que há um policial infiltrado no grupo e uma série de desconfianças ameaça o frágil equilíbrio da gangue.
Cães de Aluguel é o primeiro filme da carreira de Quentin Tarantino como diretor de cinema, sendo assim, o longa estabelece o estilo dele tanto no quesito roteiro quanto na brutalidade das cenas. A fita se inicia como uma discussão a respeito do significado da música “Like A Virgin” de Madonna, depois, somos jogados no meio da confusão com o assalto planejado tendo dado “errado” e a partir daí o roteiro estabelece o conflito e vai apresentando os personagens e suas motivações.
A principal virtude do filme é saber manipular as emoções do espectador nas cenas, a movimentação da câmera é pensada para causar diferentes sensações. Por exemplo, numa cena entre dois personagens numa lanchonete, o diretor usa um shot de fora do estabelecimento dando a sensação de insegurança e vigilância. Isso se estende por todo o filme e toda vez que você pensa que entendeu alguma coisa, o roteiro vai lá e te tira da zona de conforto. O aspecto mais problemático é a montagem em forma não linear, ela tira a fluidez na metade do filme e deixa o ritmo maçante.
As atuações são outro ponto forte da película. O destaque fica pela performance de Michael Madsen como Vic Vega. O personagem causa desconforto nas cenas pela sua aparente tranquilidade e choca com a tamanha frieza e psicopata em outros momentos. Tem uma cena que é especialmente sádica nesse quesito. O resto do elenco cumpre bem seus papéis, revelar qualquer outra coisa seria spoiler e acredite, é melhor não saber muito para não arruinar a experiência.
Tecnicamente, o filme é muito simples, não há muito o que se dizer de direção de arte ou figurino, visto que tudo é muito simples devido ao baixo orçamento da produção. As poucas cenas de ação do filme são bem filmadas e chocam pela brutalidade. Tarantino manipula muito bem as cenas de uma forma que ele escolhe mostrar momentos sanguinários para chocar o público em algumas cenas, mas em outras ele vira a câmera para o outro lado deixando a imaginação e a expectativa agirem sobre a audiência. O terceiro ato do filme perde um pouco de brilho por problemas na lógica de ação dos personagens, mas nada que comprometa o ótimo resultado.
Cães de Aluguel provou que Quentin Tarantino tinha algo a mostrar em seus filmes e entrega uma obra engajada, brutal e tragicômica.
Nota: 8,0
Publicado por: Matheus Eira.
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